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Economia nas contas de luz e de água, mais conforto no banho, adesão a fontes de energia amigáveis. Todos esses aspectos devem ser colocados na balança na hora de decidir qual sistema - solar, a gás ou elétrico - aquecerá a água da sua casa
SOLAR: ENERGIA LIMPA E GRATUITA
Dos três sistemas disponíveis no mercado, o solar é o que utiliza a energia mais limpa e, diga-se, gratuita. Porém, assim como os equipamentos a gás, gera maior gasto de água, já que ambos exigem o uso de duchas acionadas por misturadores. Isso significa uma vazão de 6 a 12 litros por minuto, contra 3 a 4 litros por minuto dos chuveiros elétricos. “Em qualquer caso, o consumidor pode diminuir o desperdício de água escolhendo uma ducha com menor vazão”, lembra Douglas Messina, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Por outro lado, quem adere a esse tipo de aquecimento (hoje presente em cerca de 2% das residências brasileiras) está poupando a reserva energética do país. “O usuário não sobrecarrega o sistema elétrico nacional em horário de pico, das 17 às 20 h, visto que a água quente da casa fica armazenada”, observa José Ronaldo Kulb, diretor comercial da empresa paulista Heliotek. Difícil não se animar com a possibilidade de usufruir dessa fonte de energia amigável. No entanto, nem sempre o aquecimento solar é o mais indicado. “Em casas de praia ou de campo pouco freqüentadas ou locais com baixa insolação talvez compense instalar o sistema a gás ou o chuveiro elétrico”, pondera o engenheiro paulista João Henrique Cabral, da Komeco.
Infra-estrutura: o tamanho da casa não pesa na matemática dos aquecedores solares. A capacidade do reservatório e a quantidade de coletores são definidas com base no número de moradores, de pontos que receberão água quente e na intensidade da insolação verificada na região. Uma forma simplificada de calcular leva em conta um consumo médio diário de água quente de 100 litros por pessoa (usando a ducha e as torneiras de banheiro e cozinha). Nessa situação, considera-se 1 m2 de área coletora para cada 100 litros. Há duas opções de sistema – o convencional e o acoplado. Para receber o convencional, a residência precisa ter uma rede hidráulica para água quente. Os tubos de cobre são os mais indicados, pois suportam temperaturas de até 220ºC, além de altas pressões. Outras opções são os tubos de CPVC (tipo de PVC que suporta até 80 0C), polipropileno (PP) e PEX, que resistem a temperaturas acima desse patamar. Moradias já construídas que não contam com essa estrutura podem recorrer aos modelos acoplados de 200 litros (há várias marcas), que agregam o coletor e o reservatório em um único equipamento e são instalados sem quebrar a parede. Nesse caso, entra em cena um misturador (tubo de 15 mm) que conecta o cano da ducha ao reservatório e exige um furo no teto do banheiro. No entanto, há uma restrição. O kit atende apenas ao chuveiro, cuja chave permanece na posição desligado. “Se o usuário quiser aumentar o aquecimento, deve direcionar a chave para a posição verão ou inverno”, explica o engenheiro Luciano Torres, da Soletrol. É ideal para famílias pequenas que tomem até quatro banhos diários.
Instalação: a do modelo aclopado pode ser feita por qualquer pessoa com algum conhecimento hidráulico. Já a implantação do sistema convencional requer um técnico especializado. A escolha do equipamento é tão importante quanto a contratação de um bom instalador. Segundo José Ronaldo, são comuns problemas causados pela colocação incorreta. Você deve estar atento a possíveis erros:
- Verifique a disponibilidade de insolação no local. Além da quantidade de água normalmente consumida por pessoa, esse fator também será avaliado pelo técnico autorizado e determinará o tamanho da área coletora.
- Observe se o telhado possui área suficiente para apoiar os coletores (4 m2 para quatro pessoas) e altura adequada para acomodar o reservatório e a caixa-d’água (a partir de 2 m para o sistema de circulação natural).
- A altura mínima recomendável (30 cm) entre os coletores e o reservatório deve ser respeitada, senão a água esfriará à noite.
- As placas fixadas no telhado devem estar voltadas para a face norte do terreno, a mais ensolarada. Se isso não ocorrer, haverá queda de rendimento, que varia conforme a latitude. Em São Paulo, as perdas podem chegar a 15%. “É recomendável que o cliente consulte um fabricante ou uma revenda especializada para que seja feito o cálculo de compensação através do uso de uma área maior de coletores se eles não estiverem apontados para o norte”, afirma José Ronaldo.
- Veja se existe algum edifício ao lado que projete sombra sobre o telhado. Isso também reduz o grau de insolação.
- A inclinação das placas é importante. Elas devem ser posicionadas de acordo com a latitude da região somada a 10 graus para privilegiar o aquecimento da água inclusive no inverno. Em São Paulo, por exemplo, a latitude é de 23 graus, ou seja, inclinam-se as placas em 33 graus. No caso de superfícies planas, recorre-se às estruturas metálicas.
- Regiões atingidas por geadas devem contar com um sistema anticongelamento, que pode ser de três tipos: circulação forçada, que envia água quente do reservatório para os coletores; válvulas anticongelamento, que se abrem e esvaziam o coletor (necessita de energia elétrica); fluido térmico, que não congela em baixas temperaturas.
Economia: os reservatórios costumam vir com um dispositivo de apoio elétrico para aquecimento da água em dias nublados. Dentro do compartimento, existe uma resistência elétrica ligada a um termostato. Quando ele indica que a água está fria (abaixo de 40 0C), a resistência começa a funcionar automaticamente. “A associação do aquecimento solar com o elétrico já incluso é a mais econômica, pois dispensa outro aquecedor”, diz José Ronaldo.
Como funciona: um conjunto básico é composto de coletores solares e reservatórios térmicos (boilers).Na circulação natural, a água escoa em direção ao boiler por gravidade. Na seqüência, é direcionada para as placas fixadas no telhado. Quando os raios de sol atravessam o vidro da placa, esquentam as aletas de cobre ou alumínio situadas na superfície de captação. O calor passa das aletas para os tubos internos de cobre. A água que está dentro desses canais esquenta e retorna ao reservatório.Depois disso, circula pela tubulação, abastecendo chuveiros e torneiras. O processo de aquecimento independe do consumo. Tudo ocorre simultaneamente. Na ausência de demanda, o acúmulo de água quente é mais rápido. Se o coletor estiver na mesma linha ou acima do reservatório, uma bomba deve promover a circulação da água.
A GÁS: CONFORTO E SEGURANÇA
Para casas e apartamentos, o modelo mais indicado é o de passagem, que liga automaticamente após a abertura da torneira. Já o de acumulação armazena a água aquecida e, por esse motivo, gasta cerca de 30% a mais de gás. Aparece com maior freqüência em locais que consomem grande volume de água, como hotéis e academias. As duas versões rendem banho quente e abundante o ano todo – sem ter de reduzir a vazão no inverno, como acontece com o chuveiro elétrico. Apesar desse conforto, muitos usuários do modelo de passagem ou de acumulação que não possuem sistema de recirculação se incomodam com os litros que descem pelo ralo enquanto aguardam a estabilização da temperatura ideal. “Ainda não há como evitar que a água fria fique parada na tubulação”, lamenta o engenheiro Luciano Santos, da Bosch, empresa que comercializa os dois tipos de aquecedor. Antes de comprar o produto, saiba identificar as características básicas. Ele deve ser compatível com o tipo de gás que abastece a residência: GN ou GLP. A potência do aparelho varia de baixa (de 6 a 12 litros/min) a alta (de 24 a 30 litros/min), de acordo com a vazão de água aquecida por minuto.
O primeiro caso é indicado para um ponto de utilização. E o segundo, para quatro pontos. Os modelos se distinguem ainda de acordo com os três sistemas de exaustão adotados: natural, forçado e fluxo balanceado. O natural elimina pela chaminé o produto da combustão sem auxílio mecânico. O forçado expulsa os gases queimados por meio de uma ventoinha interna. Assim, a chaminé pode ter um diâmetro menor. Já o fluxo balanceado realiza a combustão dentro de uma câmara hermeticamente fechada. Por isso, é usado em ambientes pequenos como banheiros. Infra-estrutura: a moradia precisa dispor de duas tubulações independentes: uma para o gás, de cobre, e outra para a água quente, que pode ser de cobre, CPVC ou PPR.
Essas condições valem tanto para locais abastecidos com gás encanado quanto de botijão. A companhia de gás fornece penas o combustível. A instalação do encanamento deve ser providenciada pelo morador. Contrate um profissional credenciado pelo Programa de Qualificação de Empresas Instaladoras (Qualinstal). O custo desse serviço varia de R$ 1 500 a R$ 2 mil. Não se esqueça de observar também a pressão da água. No caso dos modelos de passagem para um ponto, ela deve variar de 2 a 5 mca (metros de coluna de água, distância entre o nível de água da caixa-d’água até o ponto onde a ducha será instalada). Para os modelos maiores, deve-se ter pelo menos
10 mca. Caso a residência não disponha da pressão mínima especificada pelo fabricante, a saída é comprar um pressurizador.
Segurança: “antes de liberar a utilização do sistema, o técnico faz estes para verificar se há vazamento”, conta Luciano Santos. Eugênio Pierrobon Neto, gerente de suporte técnico da Comgás, garante que o temido vazamento é raro. “Quando acontece é porque o morador furou a parede e, sem querer, atingiu um cano. Ou por instalação malfeita.” Daí a importância de contar com técnicos especializados. Os equipamentos de última geração (de passagem ou acumulação) contribuem com a trinca segurança, conforto e eficiência. Contam com acendimento automático, determinado pela abertura do registro de água, sensor que corta o gás em caso de ausência de chama, termostato de segurança para evitar superaque cimento, regulagem independente da temperatura e desvinculada da vazão de água, e ausência de chama piloto, ou seja, a chama fica acesa somente no momento de sua utilização.
Instalação: para evitar possíveis transtornos, a instalação deve ser feita por uma assistência técnica especializada, de acordo com as normas NBR 7198 e NBR 13103, regulamentadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ver ilustração). O local, geralmente a área de serviço, deve ter no mínimo 6 m2. Verifique se o produto possui a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (Ence) do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Inmetro. Ela informa os dados técnicos, a eficiência energética e o consumo de gás dos aparelhos.
Manutenção: recomenda-se a visita anual de um técnico para limpeza e vistoria do equipamento e instalações.
Cuidados com o gás
- Se houver algum vazamento, ou se sentir cheiro de gás, não acenda ou apague luzes nem risque fósforos. Abra portas e janelas para ventilar o ambiente. Na seqüência, ligue para o serviço de orientação do seu fornecedor de gás e informe-o sobre o ocorrido.
- Não tente localizar vazamentos com fósforo ou outro tipo de chama. Utilize uma esponja com água e sabão. As borbulhas indicarão o local da perda.
- Verifique a cor da chama periodicamente. Se estiver azulada, o funcionamento do sistema está perfeito. A tonalidade amarelada pode indicar problemas na válvula ou a existência de algum orifício obstruído. Nesse caso, chame um técnico para avaliar a válvula e fazer a limpeza dos bicos.
ELÉTRICO: USO CONSCIENTE
Exige um investimento inicial baixo, gasta menos água em comparação com as duchas acionadas por misturador e sua instalação não requer mão-de-obra especializada. Apesar desses atrativos, pode ser o vilão dos gastos domésticos com energia, responsável por 24% da conta de luz (numa casa com quatro pessoas), de acordo com os dados do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). Há ainda quem reclame da limitação em relação à temperatura e à vazão da água. Contudo, é possível fazer bom uso do aparelho. Para tanto, reduza o tempo de banho e garanta que a chave seletora de temperatura acompanhe as estações do ano.
Outras soluções pontuais de aquecimento elétrico são a ducha higiênica e o aquecedor de passagem para pia de cozinha e lavatório. Esse último conecta-se diretamente a torneiras, misturadores e monocomandos. “O local precisa dispor de um ponto de energia elétrica próximo ao de água na parte inferior da pia da cozinha ou do lavatório”, explica Edson Suguino, da Lorenzetti. A ducha higiênica fria pode ser trocada pelo exemplar dotado de aquecedor e registro, desde que exista um ponto elétrico perto. Instalação: primeiro, leia o manual, pois nele há instruções que dizem respeito a disjuntores, bitola dos fios, fio terra e dispositivo de proteção contra choques elétricos (DR). Observe se o produto é compatível com a pressão do local. “Em coberturas e casas térreas, onde a pressão costuma ser insufi ciente, é necessário um pressurizador ou um modelo que venha com esse recurso”, lembra Edson. Em geral, os chuveiros exigem uma pressão mínima de água de 1 mca. Como a pressão de uso varia de acordo com o modelo, veja o número indicado na embalagem. No caso de instalações elétricas preexistentes, o estado da fiação também deve ser checado. Quanto mais potente o chuveiro, melhor estruturada deve ser a rede elétrica. Providencie um circuito independente e veja se o disjuntor e os fios são adequados à potência e à voltagem do aparelho. Isso evita superaquecimento e riscos de choques. Antes de ligar o chuveiro à rede elétrica, deixe correr água fria. Assim, a resistência não queimará e será possível detectar vazamentos.
Revista Arquitetura & Construção (Brasil)