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1914/18: Historiadora mostra versão que contraria original

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1914/18: Historiadora mostra versão que contraria original

A batalha de La Lys na I Grande Guerra Mundial «não foi a mortandade» que a historiografia tradicional afirma ter sido, disse à Lusa a historiadora Isabel Pestana Marques, autora de um livro sobre a participação portuguesa no conflito.
«Das trincheiras com saudade«, de Isabel Pestana Marques, procura, segundo a autora, «dar voz aos combatentes, mostrar o lado humano da guerra, que é aquele que verdadeiramente a decide». Por outro lado, acrescentou, «procura dar conta do drama humano que foi para os milhares de homem que morreram na Flandres, já terminada a guerra, porque faltaram navios para os transportar de regresso, e muitos ali permaneceram até Março 1919».

O título remete para uma das fontes essenciais da autora: as cartas que os militares escreviam. «Tinham a necessidade de passar para o papel o que viviam e o que sentiam, mesmo sabendo que a censura militar cortava», assinalou a autora, que já dedicou 18 anos à investigação desta temática que a apaixona.

Arquivos oficiais e particulares foram outras das áreas de pesquisa, além das entrevistas que fez a alguns dos militares participantes que ainda conheceu. Na sua opinião, «a participação portuguesa no conflito é pouco conhecida e até pouco investigada. Mas quando se refere este período nas aulas, os alunos lembram a memória familiar de um antigo combatente e até têm algumas recordações como cartas, postais, ou algum apetrecho militar.

Na historiografia internacional, o principal óbice «será talvez - referiu - os estudos que existem serem em Língua Portuguesa e não traduzidos». Portugal participou na I Guerra (1914/1918) fundamentalmente para «legitimação da República e para o seu prestígio, para procurar fazer esquecer internacionalmente o regicídio (1908) e unificar os portugueses pela causa da guerra, o que falhou». A aliança com Inglaterra, que «estava de olho» nas colónias portuguesas, foi outra das razões que levaram a embarcar no cais lisboeta de Alcântara, em 1917, 55 mil homens para combaterem na Flandres.

A participação portuguesa está, na avaliação da historiadora, muito mistificada, desde logo pela mortandade que afirma não ter não existido e pelo mito do «soldado desconhecido». Segundo a historiadora, morreram dois mil militares portugueses na Europa, 300 deles na batalha de La Lys, muito abaixo dos números divulgados, e seis mil foram feitos prisioneiros. «Inflacionámos os números para obtermos mais dinheiro das indemnizações de guerra», indicou a investigadora.

Durante a I Guerra «é executado o último português» por traição. Trata-se do soldado João Augusto Ferreira de Almeida. O militar, contou Isabel Marques, «tentou desertar, para ir ao outro lado da terra de ninguém procurar o seu patrão alemão, pois queria voltar a trabalhar e estava cansado da guerra». Acabará por ser executado por um pelotão, «mais por pressões dos britânicos, que pretendiam usá-lo como exemplo e assim dar um sinal a revoltas e motins que se previam nas fileiras francesas e inglesas».

Ainda de acordo com a historiadora, em termos industriais e económicos, «Portugal não desenvolveu especialmente a sua indústria, além da bélica, das fardas e das rações, mas não foi um impacto muito significativo». Isabel Pestana Marques, mestre em História Contemporânea na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da de Lisboa, colabora no Instituto de História Contemporânea e na Comissão Portuguesa de História Militar.

Tem publicados vários artigos em revistas da especialidade e actualmente prepara o seu próximo título - sobre o diário de guerra do general Tamagnini de Abreu -, que deverá editar no início do próximo ano.

participação portuguesa está, na avaliação da historiadora, muito mistificada, desde logo pela mortandade que afirma não ter não existido e pelo mito do «soldado desconhecido». Segundo a historiadora, morreram dois mil militares portugueses na Europa, 300 deles na batalha de La Lys, muito abaixo dos números divulgados, e seis mil foram feitos prisioneiros. «Inflacionámos os números para obtermos mais dinheiro das indemnizações de guerra», indicou a investigadora.

Durante a I Guerra «é executado o último português» por traição. Trata-se do soldado João Augusto Ferreira de Almeida. O militar, contou Isabel Marques, «tentou desertar, para ir ao outro lado da terra de ninguém procurar o seu patrão alemão, pois queria voltar a trabalhar e estava cansado da guerra». Acabará por ser executado por um pelotão, «mais por pressões dos britânicos, que pretendiam usá-lo como exemplo e assim dar um sinal a revoltas e motins que se previam nas fileiras francesas e inglesas».

Ainda de acordo com a historiadora, em termos industriais e económicos, «Portugal não desenvolveu especialmente a sua indústria, além da bélica, das fardas e das rações, mas não foi um impacto muito significativo». Isabel Pestana Marques, mestre em História Contemporânea na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da de Lisboa, colabora no Instituto de História Contemporânea e na Comissão Portuguesa de História Militar.

Tem publicados vários artigos em revistas da especialidade e actualmente prepara o seu próximo título - sobre o diário de guerra do general Tamagnini de Abreu -, que deverá editar no início do próximo ano.


Diário Digital / Lusa
 
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