Açude do Prata

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Fev 29, 2008
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Muitos relatos sobrenaturais do Recife datam dos idos do século XVII, época do domínio dos flamengos e também da chegada de muitos judeus, que depois seriam perseguidos e julgados pela Inquisição. Não são poucas as lendas de tesouros enterrados, vigiados por espíritos inquietos que ora guardam, avaros, seus antigos pertences, ora revelam-nos para corajosos exploradores que ousem seguir suas pistas.

Um dos mais fascinantes relatos é o da judia Branca Dias. Fina e rica, a proeminente mulher vivia tranqüila no Recife até que a sombra da Inquisição baixou sobre os cristãos novos deste arrabalde. Branca Dias sabia que se aproximava a sua condenação, não por sua crença ou heresias, mas por ser dona de uma magnífica coleção de objetos de prata.

À primeira menção de que a Inquisição viria pegá-la, Branca Dias juntou todos os seus objetos e, com a ajuda de uma criada, levou-os a um riacho, para os lados de Dois Irmãos, onde os atirou. Todos os temores dela se concretizaram: foi levada para Portugal, julgada e condenada à morte.

Seria tudo isso mais uma página dos anais da Inquisição não fosse um detalhe. Alguns anos depois começaram a correr histórias de que uma aparição estava afastando as pessoas que passavam por um riacho num subúrbio do Recife. Logo ligou-se a aparição aos fatos do auto de inquérito de Branca Dias: o fantasma nada mais estaria fazendo que guardar seu tesouro. O curso d’água ficou conhecido como Riacho do Prata, ou Riacho da Prata.

A lenda foi ganhando repercussão com alguns desaparecimentos ocorridos no Riacho do Prata. Uma das histórias, porém, selou a fama da lenda. Conta-se que, numa época em que os recifenses buscavam proteção dos céus e dos santos com banhos à meia-noite em rios, açudes e riachos, especialmente no período das festas juninas, uma moça foi com sua mucama às águas do Prata para pedir um esposo. Chegando lá, fez com que a mucama, de nome Luzia, ficasse esperando à distância enquanto ela ia tirar a sorte.

Aproximou-se do riacho e debruçou-se, perigosamente, sobre as águas. De repente a mucama teve um pressentimento e ia gritar :“Iaiá não se debruce mais” quando, antes dela a moça gritou “Me acuda Luzia! Me acuda que ela quer me levar!” Quando a mucama correu, nada mais restava de sua sinhazinha. Fora, certamente levada pelo fantasma de Branca Dias. Até hoje muitos falam que, nas noites de lua vêem-se duas moças nuas no meio do Riacho do Prata. Uma seria a mãe d’água Branca Dias, a outra seria a sinhazinha que sumiu na noite de São João.



recife assombrado
 
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