Acumular energia em alto mar

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Acumular energia em alto mar

Depósitos de plástico colocados no fundo do mar podem acumular energia produzida durante as horas de menos necessidade

NUNO MARQUES

Dois investigadores da Universidade da Beira Interior criaram um sistema de armazenamento de energia utilizando depósitos de ar subaquáticos. O sistema destina-se a aproveitar a produção de energia resultante do vento ou da força das ondas nos períodos em que aquela não seja necessária.

Pedro de Almeida e Pedro Dinho da Silva têm trabalhado na área da energia e, em particular, nos problemas de armazenamento de electricidade. Esta solução, que utiliza depósitos subaquáticos de ar ambiente, acabou por surgir por "refinamento de ideias". ~

Quando os geradores eólicos produzem energia em excesso, esta é encaminhada para um sistema que bombeia ar para um reservatório subaquático construído num material flexível. Para recuperar essa energia, basta libertar o ar armazenado que acciona uma turbina produtora de electricidade.

O sistema criado pelos dois investigadores da UBI apresenta grandes vantagens face aos processos já existentes, designadamente pelo facto de funcionar a pressão constante e usar a pressão da profundidade do mar para equilibrar a pressão do ar, o que permite utilizar contentores de material plástico relativamente barato. Por outro lado, beneficia do facto de se encontrar no mar para daí absorver e fornecer calor nas várias fases do processo.

Os sistemas já existentes, explicou, ao JN, Pedro de Almeida, utilizam depósitos subterrâneos para armazenar o ar, sendo obrigados a misturar gás natural para controlar a temperatura nas diversas fases. O sistema criado na UBI, e que se encontra patenteado e já com contactos com empresas para a sua aplicação, utiliza a pressão da profundidade, o que torna desnecessário o uso de contentores sujeitos a altas pressões e, portanto, mais caros e pesados.

Este processo utiliza reservatórios em plástico igual ao aplicado no fabrico de bóias oceânicas usadas para levantar pesos. Teoricamente, cada um destes depósitos, com 150 metros de diâmetro e 30 de altura, pode alimentar cerca de mil habitações durante um mês. Em termos de segurança, o risco é inexistente, já que se houver algum problema com o reservatório, o ar limita-se a subir até à superfície.

A aplicação deste conceito destina-se aos futuros parques eólicos flutuantes, solução ainda não posta em prática, mas que é tida como inevitável e sobre a qual há já vários projectos em curso. "É apenas uma questão de tempo", garante Pedro de Almeida, até ser necessário o sistema criado por si e pelo seu colega da UBI. Dos contactos já em curso com algumas empresas que podem estar interessadas neste processo poderá sair o investimento necessário para a construção de um protótipo.


JN
 
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