Ambliopia ou olho preguiçoso

maioritelia

Sub-Administrador
Team GForum
Entrou
Ago 1, 2008
Mensagens
8,454
Gostos Recebidos
166
Não custa prevenir em vez de remediar…


A diminuição da visão é o primeiro alerta para um transtorno oftalmológico denominado Ambliopia ou vulgarmente, olho preguiçoso. Dependendo das causas, pode desenvolver-se nas primeiras semanas de vida ou mais tardiamente. Augusto Magalhães, oftalmologista, chama à atenção para os importantes rastreios oftalmológicos.

“A Ambliopia consiste na diminuição da acuidade visual de um ou de ambos os olhos. Em termos técnicos, dizemos que um olho é ambliope quando tem uma acuidade visual que é inferior à de um olho considerado normal em pelo menos duas linhas numa escala subjectiva da medição da visão”, salienta Augusto Magalhães.

Além disso, deve acrescentar-se que esta doença se caracteriza por ser um fenómeno cortical. “Embora a causa possa estar no olho, as alterações relacionadas com a Ambliopia estão situadas ao nível das áreas cerebrais relacionadas com a visão. Para que estas áreas se desenvolvam correctamente é imprescindível que a informação visual (qualidade das imagens) que chega ao córtex visual nos primeiros anos de vida seja de boa qualidade”. Pode também designar-se a Ambliopia de “olho preguiçoso” e significa que o olho tem uma funcionalidade abaixo do normal.


Desde o nascimento?
“Tudo depende da causa. Quando uma criança nasce, o fenómeno visual é essencialmente sub-cortical. Embora toda a estrutura cortical esteja morfologicamente presente ao nascimento, a sua funcionalidade só vai desenvolver-se depois por acção do estímulo luminoso. Se houver uma anomalia congénita (por ex. catarata) que impeça a luz de entrar no olho, a Ambliopia desenvolve-se imediatamente”. Esta é a forma mais grave da doença e nesta situação concreta, o período de plasticidade cerebral esgota-se nos primeiros meses de vida, pelo que o tratamento deve ser realizado com extrema urgência. “Uma catarata congénita deve ser operada entre as 6 semanas de vida e os 2 ou 3 meses. Noutras situações, a Ambliopia pode desenvolver-se mais tarde, quando surgem as suas causas, como acontece com o estrabismo ou os erros refractivos. Nestes casos, também o período crítico é mais prolongado e vai até aos 7 ou 8 anos de idade”.


Diminuição de visão
É o único sintoma da Ambliopia. “Contudo, as crianças raramente se queixam, pelo que mais importante que os sintomas são os sinais de má visão.”

A partir dos 3-4 anos, as crianças normalmente já colaboram em alguns testes de visão e a presença de uma resposta anormal pode fazer suspeitar de Ambliopia. “Nas crianças mais pequenas, é necessário procurar outros sinais, tais como a forma como reagem à oclusão de cada um dos olhos ou ao padrão de fixação dos objectos ou imagens com cada um deles”, salienta o oftalmologista.


Causas da doença
As mais graves e urgentes para tratar, embora mais raras, segundo indica Augusto Magalhães, são aquelas que provocam obstrução da entrada da luz e das imagens no olho. Caracterizam-se por alterações do reflexo vermelho do fundo do olho, como por exemplo, as cataratas, as alterações da córnea e do vítreo. “As mais frequentes são os erros refractivos e os estrabismos. Entre os erros refractivos são sobretudo importantes as situações em que há um erro refractivo muito elevado ou que há uma diferença de erro entre os dois olhos (anisometropia). Os erros refractivos e o estrabismo representam cerca de 99% das causas de Ambliopia”.


É possível prevenir
As obstruções do eixo visual devem ser tratadas antes que a Ambliopia se instale. “Do mesmo modo, os erros refractivos devem ser compensados precocemente de forma a evitar a doença. A maioria dos estrabismos tem uma causa refractiva pelo que o seu aparecimento pode ser prevenido pelo uso de óculos em tempo útil. Nos casos de estrabismo por outra causa, o tratamento instituído precocemente também pode prevenir a Ambliopia”.Diagnóstico e tratamento da doença
O diagnóstico é realizado através da medição da acuidade visual e constatando que é inferior ao normal. Isto só é possível a partir dos 3 ou 4 anos, quando a criança já tem capacidades de colaborar.

“Nos casos de estrabismo, podemos inferir da presença de Ambliopia de um olho quando a criança fixa os objectos apenas com o outro”.

A forma mais segura de diagnosticar e prevenir a doença é a detecção de alterações oculares capazes de provocar o seu aparecimento. “O rastreio deve ser feito desde o nascimento e durante o primeiro ano de vida, pelos pediatras e pelos médicos de família”. Durante o segundo e o terceiro anos de vida, todas as crianças deveriam ser rastreadas pelo oftalmologista no sentido de excluir a presença de erros refractivos importantes capazes de provocar Ambliopia estrabismo consequente.

“À entrada para escola primária é também importante verificar o estado da função visual para garantir a presença de condições sensoriais adequadas para uma aprendizagem correcta”.

Uma vez diagnosticada a presença de Ambliopia, “o tratamento deve ser personalizado de acordo com a sua causa, a sua profundidade e a idade da criança. Deve ter-se em conta que, mesmo nos casos em que o tratamento teve sucesso, é possível haver uma recidiva da Ambliopia até aos 7-8 anos.


Conselhos de Augusto Magalhães aos pais
- O pediatra sabe que deve examinar os seus olhos do seu filho desde os primeiros dias de vida. Por isso, tem a preocupação de verificar se há alguma alteração morfológica do luar pupilar, para o referenciar ao a um Oftalmologista Pediátrico.

- Deve consultar-se o Oftalmologista Pediátrico sempre que exista história familiar ou risco acrescido de doença ocular: prematuros, crianças com alterações neurológicas, dismorfias faciais e doenças genéticas. Deve ainda estar atenta a qualquer suspeita de estrabismo.

- A acuidade visual pode ser medida em qualquer idade. O método é que pode exigir maior complexidade consoante a faixa etária. Mas, a partir dos 3 anos, é possível medi-la com métodos muito simples e à disposição de todos os profissionais.

sapo.
 
Topo