Lulas Gigantes
É muito provável que os dois tipos de lulas gigantes actualmente existentes, após a sua comprovação científica, tenham dado origem a mitos como o Kraken e o Leviatã.
No mar destaca-se o maior monstro marinho de que havia notícia, o Kraken, capaz de afundar um navio com os próprios tentáculos. Era o pesadelo dos pescadores dos mares nórdicos. O Kraken era uma espécie de lula ou polvo gigante que ameaçava os navios no folclore nórdico. Este cefalópode tinha o tamanho de uma ilha. Acreditava-se que habitava as águas profundas do Mar da Noruega, que separa a Islândia da Escandinávia, mas poderia migrar por todo o Atlântico Norte. O Kraken tinha fama de destruir navios.
O temível e poderoso Kraken.
O leviatã é uma criatura mitólogica, geralmente de grandes proporções, bastante comum no imaginário dos navegantes europeus da Idade Moderna. Surgia sob a forma de um polvo gigante.
O leviatã é aqui retratado como um polvo.
Para alguns estudiosos bíblicos a existência do Nessie na Escócia pode ser a real comprovação da mitologia bíblica do Leviatã. Não obstante diferentes interpretações, o Leviatã aparece na Bíblia sob a forma do maior dos animais aquáticos, como um crocodilo ou então na forma de um enorme peixe ou mesmo uma baleia.
Será uma lula ou polvo gigante, ou mesmo uma serpente marinha?
Na Bíblia, no Antigo Testamento, a imagem do Leviatã é retratada pela primeira vez no Livro de Job (capitulo 41).
A destruição de Leviatã - gravura de Gustave Doré (1865)
Mito ou realidade, as lulas gigantes actuais provam a sua existência.
A carcaça deste incrível invertebrado está guardada actualmente
no museu na Austrália.
A lula gigante (Architeuthis spp) é um cefalópode da ordem Teuthida, conhecido por ser o segundo maior invertebrado existente na terra, perdendo apenas para a lula colossal. As oito espécies do género habitam as profundezas dos oceanos e podem atingir comprimentos de 10 metros para os machos e 13 metros para as fêmeas, medido desde a barbatana caudal à ponta dos tentáculos. A lula-gigante tem ainda um dos maiores olhos de todas as criaturas vivas, apenas ultrapassado pela lula colossal. As ventosas dos tentáculos podem atingir até 5 centímetros de diâmetro. Já foram encontrados diversos exemplos de marcas destas ventosas nas cabeças de cachalotes, que são predadores das lulas gigantes. A sua existência foi considerada um mito por muito tempo, mas a descoberta de corpos e juvenis no estado larval veio mostrar que este animal existe mesmo.
Finalmente, em Setembro de 2004, a equipa do investigador japonês Tseunemi Kubodera, do Museu Nacional Científico de Tóquio, e Kyoichi Mori, da Associação de Observação das baleias Ogasawara, conseguiu fotografar pela primeira vez na história um exemplar vivo no Oceano Pacífico Norte, perto das ilhas Ogasawara. O animal de 8 metros de comprimento agarrou-se a uma isca, presa a uma corda e lançada a 900 metros de profundidade por Kubodera. O espécime lutou por quatro horas para se libertar, amputando um dos tentáculos no processo. O tentáculo media cerca de 5,5 metros e foi resgatado pelos cientistas, ainda vivo e se movendo. As centenas de fotos obtidas foram divulgadas apenas um ano depois, numa revista científica. Outras provas, são as diversas notícias a respeito de pescadores que pescaram lulas gigantes.
Fotografia da lula gigante nas ilhas Ogasawara, no norte do
Oceano Pacífico.
A lula colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni) é provavelmente a maior espécie de lula existente, e o único membro do género Mesonychoteuthis. Estima-se que ela pode ultrapassar os 14 metros de comprimento. Sendo assim, a lula colossal é considerada o maior invertebrado conhecido do planeta.
A lula colossal possui a maior cabeça de todos os tipos de lulas, excedendo até o da lula gigante, no tamanho e na robustez. A lula colossal também possui os maiores olhos no reino animal chegando ao tamanho de um prato. Dispõe de dois bicos enormes e afiados, e garras giratórias em forma de ganchos, profundamente fixados em seus tentáculos. Habita as profundezas do Oceano Antárctico.
Pouco se sabe sobre a vida desta criatura. É caçadora como outras lulas e no mar profundo se utiliza da luminescência para encontrar a presa. Baseado na captação do bico das lulas em estômagos do cachalote, estima-se o tamanho de animais adultos (já que poucos foram capturados) e alguns hábitos como a vida na profundidade de pelo menos 2200 metros, no caso de adultos, enquanto os mais jovens a cerca de 1000 metros.
Muitos cachalotes carregam cicatrizes causadas pelos tentáculos da lula colossal, que possuem ganchos nas suas ventosas que podem causar feridas profundas. A lula colossal é uma das principais presas para os cachalotes que se alimentam no Oceano Antárctico; 14% dos tentáculos de lula encontrados nestes cachalotes são da lula colossal.
Recentemente pescadores da Nova Zelândia encontraram em águas antárcticas uma lula colossal com mais de 14 metros de comprimento. O molusco que pesava 495 kg, tinha olhos do diâmetro de pratos de comida. O animal foi fisgado por acidente, trazido a bordo e conservado no gelo, sendo enviado para estudo na Universidade de Tecnologia de Auckland, na Nova Zelândia. Foi transferido depois para o Museu Te Papa Tongarewa, em Wellington (Nova Zelândia).
Esta é a maior já capturada, pena que não foi apanhada viva.
Comparação de tamanho: homem
com lula colossal.