edu_fmc
GForum VIP
- Entrou
- Fev 29, 2008
- Mensagens
- 21,260
- Gostos Recebidos
- 19
Na casa ao lado da Anita mora uma feiticeira.
- Chama-se Violeta do Prado - diz a Cláudia. Violeta do Prado tem cabelos loiros, uma madeixa cor de laranja e pinta os olhos de verde e vermelho.
Vive com dois gatos pretos.
Não tem medo de sapos.
Come sopa de urtigas.
Fala sozinha na rua.
A mãe da Cláudia ficou com verrugas nas mãos depois de terem tido uma discussão por causa de um cesto de roupa.
A Anita ouve a amiga contar isto à noite, no jardim, e tem arrepios de medo e dorme com pesadelos. Além do mais o Pom-Pom desapareceu há dois dias.
A Cláudia acha que a única culpada é a Violeta do Prado!
- Amanhã vamos a casa dela! Só precisamos de saltar o muro do jardim.
A Anita está de acordo com a amiga, mas não lhe agrada a ideia de entrar às escondidas na casa dos outros.
- Temos de encontrar o Pom-Pom - diz a Cláudia.
No dia seguinte, as duas amigas aproximam-se da casa da vizinha, escondidas por entre as sebes.
A feiticeira estará em casa? Terá saído? A verdade é que não a vêem nem ouvem.
- Ela decerto não costuma estar a esta hora…
Seja como for, a velha porta de madeira do jardim está aberta.
Nem foi preciso saltar o muro.
Bem vistas as coisas, estão com medo, mas avançam até à casa. Encostam-se ao vidro da janela. Ninguém lá dentro… Mas, ao lado, a porta do pavilhão também está aberta.
- Vamos…
Anita e a prima sentem as pernas a tremer.
Lá dentro um papagaio azul olha-as com ar trocista. Por sorte não é um papagaio verdadeiro, mas um pássaro embalsamado.
- Ui! O corredor é tão esquisito…
Na casa de banho encontram uma coisa verde dentro da banheira. Parece um crocodilo, mas não passa de uma toalha caída da corda.
- Ui! Agora é um par de chinelos atrás das cortinas do duche! Será alguém? Não, os chinelos foram ali abandonados por acaso.
- Pom-Pom!…Pom-Pom!…
Dois gatos pretos, enroscados numa almofada, abrem os olhos, mas continuam a dormir…
Mais à frente encontram uma pequena sala com um espelho, uma mesa cheia de coisas para maquilhagem e um manequim de vime.
- Pom-Pom!…
A Anita arrasta a Cláudia até à cozinha.
- Gostava de saber o que está aqui dentro - diz a Anita levantando a tampa de um caldeirão de cobre. Não terá a Violeta do Prado metido aqui o Pom-Pom?
O caldeirão está cheio de uma mistela esverdeada.
Será uma sopa de alho francês cozida demais? Espinafres bolorentos?
Anita e Cláudia acham que se trata mas é de uma receita de feiticeira. Uma mistela horrível capaz de as transformar em morcegos, formigas, moscas ou aranhas. De fazer cair os cabelos e crescer os pés. De ficar com a cara cheia de borbulhas.
Nesse mesmo momento, uma sombra assustadora surge diante delas. Que horror! Não tinham dado pelo regresso de Violeta do Prado. As duas tremem de medo.
- Desculpe, minha senhora, andamos à procura do gato - explica a Anita, com um ar muito delicado.
-Abracadabra! - grita-lhes Violeta do Prado com uma voz terrível. - Tenho vontade de vos puxar as orelhas e apertar o nariz!
- Isso não! Isso não! - suplica a Anita.
- Desculpe, minha senhora - repete a Anita.
Violeta do Prado agarra a Anita pelo braço. Cláudia consegue fugir pela janela.
- Que disparate! Quem são estas miúdas?
Entram em casa das pessoas, revistam tudo, saem pela janela… e, pior ainda, pensam que sou uma feiticeira!
Sem largar a Anita, Violeta tira do caldeirão, com a mão livre, uma colherada da mistela esverdeada.
- Prova! - ordena ela.
- Obrigada, mas não tenho fome - responde Anita, que não gosta nem de alho francês nem de espinafres.
- Ou engoles isto ou transformo-te em rã durante três dias e três noites! A Anita tem um nó na garganta, mas obedece… A mistela sabe a compota de ameixas. Tem um sabor agradável…
Violeta do Prado desata a rir:
- Achas que uma feiticeira a sério fazia um doce destes? - pergunta ela.
- Então… Então a senhora não é uma feiticeira a sério? - murmura a Anita.
-Claro que não! Vem comigo… - Entram numa saleta e Violeta desenrola um cartaz com o seu retrato. Em baixo está escrito, em letras grandes:
VIOLETA DO PRADO,
A FEITICEIRA PREFERIDA DAS CRIANÇAS.
UM ESPECTÁCULO A NÃO PERDER.
Agora Anita compreende a verdade e tem vontade de rir. Afinal, Violeta do Prado é uma actriz de teatro.
Além disso, ela explica:
- Sabes, pequena, para me sentir à vontade no meu papel gosto de o ensaiar ao natural… Agora que sabes tudo, queres ser minha amiga? Já não tens medo de mim?
A Anita sorri e diz que não com a cabeça. O medo já lá vai… Então Violeta do Prado ri também:
- Leva dois frascos de doce - diz ela -, um para a tua mãe e outro para a tua amiga Cláudia. Esta noite convido-as a assistirem à minha peça. A Anita agradece e sai muito contente.
Cláudia aguarda-a lá fora:
- O Pom-Pom apareceu! - anuncia ela. - Estava… - interrompe de repente e arregala os olhos:
- A feiticeira deu-te doces?
Anita ri:
- Não é uma feiticeira a sério - responde ela. - Eu explico-te… mas da próxima vez não sejas tão precipitada a acusares as pessoas de fazerem crescer verrugas nas mãos da tua mãe. - E baixa-se para acariciar o Pom-Pom, que nem sonhava o que as duas tinham passado por causa dele.
- Chama-se Violeta do Prado - diz a Cláudia. Violeta do Prado tem cabelos loiros, uma madeixa cor de laranja e pinta os olhos de verde e vermelho.
Vive com dois gatos pretos.
Não tem medo de sapos.
Come sopa de urtigas.
Fala sozinha na rua.
A mãe da Cláudia ficou com verrugas nas mãos depois de terem tido uma discussão por causa de um cesto de roupa.
A Anita ouve a amiga contar isto à noite, no jardim, e tem arrepios de medo e dorme com pesadelos. Além do mais o Pom-Pom desapareceu há dois dias.
A Cláudia acha que a única culpada é a Violeta do Prado!
- Amanhã vamos a casa dela! Só precisamos de saltar o muro do jardim.
A Anita está de acordo com a amiga, mas não lhe agrada a ideia de entrar às escondidas na casa dos outros.
- Temos de encontrar o Pom-Pom - diz a Cláudia.
No dia seguinte, as duas amigas aproximam-se da casa da vizinha, escondidas por entre as sebes.
A feiticeira estará em casa? Terá saído? A verdade é que não a vêem nem ouvem.
- Ela decerto não costuma estar a esta hora…
Seja como for, a velha porta de madeira do jardim está aberta.
Nem foi preciso saltar o muro.
Bem vistas as coisas, estão com medo, mas avançam até à casa. Encostam-se ao vidro da janela. Ninguém lá dentro… Mas, ao lado, a porta do pavilhão também está aberta.
- Vamos…
Anita e a prima sentem as pernas a tremer.
Lá dentro um papagaio azul olha-as com ar trocista. Por sorte não é um papagaio verdadeiro, mas um pássaro embalsamado.
- Ui! O corredor é tão esquisito…
Na casa de banho encontram uma coisa verde dentro da banheira. Parece um crocodilo, mas não passa de uma toalha caída da corda.
- Ui! Agora é um par de chinelos atrás das cortinas do duche! Será alguém? Não, os chinelos foram ali abandonados por acaso.
- Pom-Pom!…Pom-Pom!…
Dois gatos pretos, enroscados numa almofada, abrem os olhos, mas continuam a dormir…
Mais à frente encontram uma pequena sala com um espelho, uma mesa cheia de coisas para maquilhagem e um manequim de vime.
- Pom-Pom!…
A Anita arrasta a Cláudia até à cozinha.
- Gostava de saber o que está aqui dentro - diz a Anita levantando a tampa de um caldeirão de cobre. Não terá a Violeta do Prado metido aqui o Pom-Pom?
O caldeirão está cheio de uma mistela esverdeada.
Será uma sopa de alho francês cozida demais? Espinafres bolorentos?
Anita e Cláudia acham que se trata mas é de uma receita de feiticeira. Uma mistela horrível capaz de as transformar em morcegos, formigas, moscas ou aranhas. De fazer cair os cabelos e crescer os pés. De ficar com a cara cheia de borbulhas.
Nesse mesmo momento, uma sombra assustadora surge diante delas. Que horror! Não tinham dado pelo regresso de Violeta do Prado. As duas tremem de medo.
- Desculpe, minha senhora, andamos à procura do gato - explica a Anita, com um ar muito delicado.
-Abracadabra! - grita-lhes Violeta do Prado com uma voz terrível. - Tenho vontade de vos puxar as orelhas e apertar o nariz!
- Isso não! Isso não! - suplica a Anita.
- Desculpe, minha senhora - repete a Anita.
Violeta do Prado agarra a Anita pelo braço. Cláudia consegue fugir pela janela.
- Que disparate! Quem são estas miúdas?
Entram em casa das pessoas, revistam tudo, saem pela janela… e, pior ainda, pensam que sou uma feiticeira!
Sem largar a Anita, Violeta tira do caldeirão, com a mão livre, uma colherada da mistela esverdeada.
- Prova! - ordena ela.
- Obrigada, mas não tenho fome - responde Anita, que não gosta nem de alho francês nem de espinafres.
- Ou engoles isto ou transformo-te em rã durante três dias e três noites! A Anita tem um nó na garganta, mas obedece… A mistela sabe a compota de ameixas. Tem um sabor agradável…
Violeta do Prado desata a rir:
- Achas que uma feiticeira a sério fazia um doce destes? - pergunta ela.
- Então… Então a senhora não é uma feiticeira a sério? - murmura a Anita.
-Claro que não! Vem comigo… - Entram numa saleta e Violeta desenrola um cartaz com o seu retrato. Em baixo está escrito, em letras grandes:
VIOLETA DO PRADO,
A FEITICEIRA PREFERIDA DAS CRIANÇAS.
UM ESPECTÁCULO A NÃO PERDER.
Agora Anita compreende a verdade e tem vontade de rir. Afinal, Violeta do Prado é uma actriz de teatro.
Além disso, ela explica:
- Sabes, pequena, para me sentir à vontade no meu papel gosto de o ensaiar ao natural… Agora que sabes tudo, queres ser minha amiga? Já não tens medo de mim?
A Anita sorri e diz que não com a cabeça. O medo já lá vai… Então Violeta do Prado ri também:
- Leva dois frascos de doce - diz ela -, um para a tua mãe e outro para a tua amiga Cláudia. Esta noite convido-as a assistirem à minha peça. A Anita agradece e sai muito contente.
Cláudia aguarda-a lá fora:
- O Pom-Pom apareceu! - anuncia ela. - Estava… - interrompe de repente e arregala os olhos:
- A feiticeira deu-te doces?
Anita ri:
- Não é uma feiticeira a sério - responde ela. - Eu explico-te… mas da próxima vez não sejas tão precipitada a acusares as pessoas de fazerem crescer verrugas nas mãos da tua mãe. - E baixa-se para acariciar o Pom-Pom, que nem sonhava o que as duas tinham passado por causa dele.