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Anita e o Burrito

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Fev 29, 2008
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Conhecem o tio Julião.

É o vizinho da Anita. Está sempre no pomar com o burrito Lãzudo.

- Bom dia, tio Julião!

- Bom dia, meninos! Querem maçãs?

O pai da Anita diz muitas vezes:

- O tio Julião é tão teimoso como o burrito. Está sempre empoleirado nas árvores e qualquer dia acontece-lhe alguma… Uma tarde, o tio Julião caiu da escada e partiu uma perna. O médico põe-lhe gesso. Não pode andar.

Deve ser muito aborrecido estar sentado todo o

dia!

- O tempo custa a passar - afirma o tio Julião.

- Vai ficar bom, não vai?

- Julgo que sim… mas quem tomará conta do Lãzudo?

- Não se preocupe com o burrito, tio Julião. Vai ver que não lhe faltará nada!

O burrito está no prado.

- Tenho fome… Tenho frio… Onde está o tio Julião?

- Deu uma queda e não poderá tratar de ti durante várias semanas. O burro fica aborrecido.

- Não te preocupes, Lãzudo. Vou levar-te para a quinta, onde te sentirás como em tua casa.

- Quero ir… Não, não quero… Fico aqui.

Por fim decide-se. Levam-no para casa do caseiro. Anita explica o que acontecera.

- Não precisamos de nenhum burro - exclama o gato.

- Tens razão - concorda o caseiro. - Se ainda fosse um carneiro. Mas um burro!…

Anita insiste:

- Nós tratamos do Lãzudo. Não precisa de se incomodar com ele.

- Então está bem. Levem-no para o estábulo e preparem-lhe a comida… Mas é só para te fazer um favor!

O João vai buscar palha e prepara a cama para o Lãzudo. A Anita traz couves, cenouras e um balde cheio de água.

- Não tenho fome!

- Vamos lá! Faz um esforço!

- Não tenho sede… Quero dormir.

Anita perde a paciência e o Lãzudo começa a zurrar:

- Hihã!… Hihã!…

- Cala-te - recomenda o Pantufa. - Se continuas a fazer barulho, o caseiro põe-te lá fora.

A cabra Biquinha aparece à porta. Abre muito os olhos e abana a cabeça…

- Que vem a ser isto, Lãzudo?

(As cabras sabem falar aos burros. Estão muito habituadas.) Lãzudo, que reconheceu a voz da Biquinha, acalma-se logo e baixa a cabeça:

- Quero voltar para a minha casa!

- E porquê? Não estás bem aqui?

- Quero ver o tio Julião!

- Voltar para casa? Nem penses! - diz-lhe a Anita. -É impossível!… E, depois, estás a portar-te mal. E leva o Lãzudo para o alpendre.

- Aqui, ao menos, não incomodas ninguém. Mas aparece uma vespa a aborrecer o Lãzudo. - Vai-te daqui, meu diabrete!

Começa a abanar a cauda… e não acerta na vespa. De repente, atira um par de coices… e acerta na bicicleta nova do caseiro. E agora?

O caseiro ouviu tudo e corre de braços no ar:

- Anita, já te tinha prevenido que íamos ter aborrecimentos com este animal!

- Não fez de propósito.

- Os burros são assim mesmo. Bem os conheço! Não são de confiança. Só fazem burrices.

- Mas - interrompe-o a Anita - foi por causa da vespa… O caseiro continua:

- Vou levar o Lãzudo para junto dos carneiros, a ver se fica mais calmo.

No prado, o Pantufa brinca com o rebanho.

Mas vê o Lãzudo a um canto:

- Que cara! Foste castigado?

- Castigado, eu? Nem penses!

(É sabido que não se deve envergonhar um burro.)

E, furioso, o Lãzudo atira-se ao cão. O Pantufa ladra. Os carneiros enervam-se e fogem em todos os sentidos. Que barafunda!

A Anita fica aborrecida:

- Se o caseiro souber que assustaste os carneiros, vais ficar a pão e água… E tu também, Pantufa!

Prende o Lãzudo à cerejeira. E volta a calma.

Aproxima-se um carneiro:

- Grande malandro!… Assustaste-nos…

- Não dizes nada?

- Deixa-o lá - recomenda a Biquinha. - Não vês que está

amuado?

No dia seguinte, o Sol brilha. São dez horas. Os carneiros estão há muito tempo no prado.

- Então, Lãzudo, não te levantas? - pergunta a Anita.

- Estou mal disposto. Doem-me os dentes.

- De pé, Lãzudo, de pé!

O burro finge que não ouve. Se o tio Julião o visse!… Não ficaria nada orgulhoso.

Chegou o carteiro. Uma carta para a Anita? É do tio Julião: “Minha querida Anita, estou a convalescer em casa do meu sobrinho. O médico diz que os ossos estão a soldar o melhor possível. Espero que o Lãzudo se esteja a portar bem e não dê muito trabalho. Conta-me tudo quando eu voltar. Um beijo do

tio Julião.”

Seria caso para admirar que o tio Julião não se preocupasse com o Lãzudo.

E que diria se soubesse os disparates que fez? Só de pensar nisso o Lãzudo fica triste:

- Hihã!… Hihã!…

- Que temos agora? - pergunta a Anita.

- É mais forte do que eu… Não devia ter-te arreliado tanto… Prometes não contar nada ao tio Julião?

Anita abraça o burrito.

- Prometo, sim. Gosto muito de ti, sabias?

Lãzudo acalma-se. Anita continua a falar-lhe baixinho:

- Pronto. Não se fala mais nisso.

- Nunca mais me irrito, vais ver!

- E não voltas a ser teimoso?

- Juro.

- Nem amuas?

- Prometo.

- Bravo! diz a Anita. - Eu também prometo não me voltar a zangar.

Vamos ter um burrito muito bem comportado… Mas repara em que estado te puseste! Vou já tratar de ti.

- E se te ensinasse a cumprimentar? - Bom dia… Boa noite a todos!

- E a dançar? Bem vês que é fácil. Levantas a pata esquerda, depois a pata direita… Assim.

- Venham ver o burro sábio! - grita o Pantufa. O gato faz troça:

- Um burro sábio? Deixa-me rir!

O Pantufa está contente. É agradável ter um

amigo que não amua!

Antes um burro simpático que um burro sábio! Lãzudo tornou-se um modelo de paciência e boa vontade.

Anita e ele ficaram bons amigos.

O caseiro não aparece. Qual será a sua ideia?

- Que está a fazer? - pergunta a Anita.

- A minha bicicleta ficou estragada. Com as rodas vou fazer uma carrocinha.

- Uma carroça para quê?

- Para passearem o Lãzudo, claro!

Fizeram um colar de flores para o burro e puseram-lhe um chocalho ao pescoço.

Anita sentou-se na carroça.

Os amigos dela vão de bicicleta.

Que grande passeata!

- Aonde vais, Lãzudo? - pergunta o carneiro.

- Visitar o tio Julião.

O tio Julião anda com uma bengala. Está quase bom e fica contentíssimo por ver o seu burro.

- Então, Lãzudo, portaste-te bem?

- Claro! Não choro, não amuo e já não sou teimoso…

- E nós gostamos muito dele - acrescenta a Anita. Está contente com o burrito. O tio Julião também.

E abraçam-se alegremente. Um burro é um burro. São todos iguais. Como têm bom coração e são teimosos, cumprem as promessas. Não é não e sim é sim… E acabou a história!

FIM DO LIVRO
 
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