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Anita na festa das flores

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Fev 29, 2008
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Aproximam-se as festas da cidade. Acabaram de colar, agora mesmo, um cartaz perto da Câmara, que diz assim:

Domingo, 17 de Junho

NO ROSAL DO PARQUE

às 15 horas

GRANDE CORSO DE FLORES

Todos convidados a participar

É favor inscreverem-se na Câmara



- O que é um corso de flores? - perguntou uma menina.

- É um cortejo com carros, camionetas e bicicletas enfeitados de flores - explica a Anita.

- Gostava muito de entrar no corso.

- Também eu… Vamo-nos inscrever?

- Porque não?

- Está bem, mas é preciso preparar os carros.

- Não vai ser nada fácil. E como é que nos vamos-arranjar com os fatos?

- Oiçam, tive uma ideia …

- Vamos lá ver o que sai daí.



- Podíamos chamar as nossas amigas e começar a fazer as maquetas dos carros.

- Maquetas? O que vem a ser isso?

- São modelos em miniatura. Ou então fazemos só os desenhos… E temos de escolher os nomes para os carros. - Eu proponho “O Gato das Botas”, ou, então, “Ali Babá”.

Gostava que o meu carro fosse assim, com flores aqui e ali - diz a Anita. - Vai chamar-se o “Carro Japonês”. - Qual será o meu papel no corso das flores? - pergunta a si mesmo o Pantufa, intrigado.



- E quem é que vai construir os carros? Sozinhas, nunca conseguiremos fazer nada! - Lá isso é verdade. Temos de pedir ajuda. - Vamos mostrar estes desenhos aos nossos pais. Eles vão dar-nos uma ajuda, com certeza - diz a Anita.

Está visto que os pais se prontificaram logo a ajudar. Acharam a ideia excelente. Lançaram mãos à obra, com os vizinhos e os rapazes já crescidos.



E, entretanto, que fazem as meninas?

Pois bem, se forem passear para o lado do rio, verão lá a Anita, a Cláudia, a Isabel e as suas amigas, entretidas a colher flores. Como são lindas, nesta época, as flores do prado, com os seus bonitos chapéus e as suas delicadas sombrinhas!E qual delas a mais vaidosa:

- Vejam o meu corpete novo - diz uma.

- Que dizem ao meu lencinho de pescoço? - pergunta outra.



As fibres, todas juntas, cheiram tão bem que a Anita, cansada de ter colhido tantas, acaba por adormecer. Mas quem é que faz aquele barulho todo no Rosal do Parque?

- ALLÔ ! … ALLÔ ! …

É o electricista que está a experimentar o microfone. E aquele rufar de tambores? São as “majoretes”, que se exercitam a desfilar na rua. … Depressa, vamos ver!



Amanhã é a festa.

Mas ainda não está tudo pronto. Tiraram cá para fora

o helicóptero da Cláudia e a chaleira onde a Anita se há-de instalar.



É preciso ainda enfeitá-los com flores, pregar a hélice do helicóptero e fixar a tampa da chaleira japonesa. - Que sorte - diz o vitelinho, a lamber os beiços. - Vamos almoçar nas lindas chávenas de flores.

- Mas que grande reboliço! - diz a vaca Malhadinha. - O que vem a ser isto, afinal? - O quê, não sabem? Estão a preparar o carro da Anita para o cortejo. Ali, ao fundo, é o helicóptero da Cláudia. Isto, aqui, é o calhambeque do avô Nicolau. Aposto que ainda anda. Um espanto! …



Chega, finalmente, o dia da festa. A cidade aparece toda embandeirada. Os músicos- acabam de descer do autocarro. O sol faz brilhar os metais e os botões dourados dos uniformes. As “majoretes” preparam-se para o desfile.

Um clarim toca a reunir.

Não há nem mais um minuto a perder…

- Vamos já, Anita - diz o João, que acaba de chegar na sua bicicleta florida, com o Pantufa.



Mas ao Pantufa não há quem o tenha em sossego. É um cão teimoso, muito teimoso:

- Eu, ficar nesta carripana? Mas que ideia! Que ridícula figura a minha! … O cortejo põe-se em andamento. Ouve-se a música e a todas as crianças apetece dançar … Olha, o que é que vem lá em baixo,, mesmo ao fundo da rua? …



É “O Caracol Preguiçoso”, puxado pela trupe dos “Anões Duendes”. Tem que despachar-se! Vai chegar atrasado ao cortejo.

Estão a ouvir este barulho de campainhas? São os “Alegres Ciclistas de São Cristóvão” que surgem nas suas bicicletas … O último é o João, o irmão da Anita … Olhem! O Pantufa já não vai na carripana! … Deve ter fugido para o meio da multidão.



Como é que havemos de o encontrar?

Desfila o cortejo: os tambores, as “majoretes”, os porta-estandartes, os carros floridos, os palhaços, os arlequins. Mas que festa de arromba! Como é que uma pessoa não se havia de

perder?

- Eh! Pantufa! - grita um rapazinho

no meio da multidão divertida.

- Cá vou eu! Cá vou eu! - diz o Pantufa tocando a buzina do calhambeque.



Chega o helicóptero. As pessoas empurram-se. Aplaudem.



Que lindas flores que a Cláudia deita sobre as pessoas! É como se chovessem pétalas de rosas e de margaridas. Voam e espalham-se por todas as cabeças. São flores-pássaros, flores-borboletas, flores-confeitos … Caem de todos os lados ao mesmo tempo.

Foi o tio Sebastião que construiu o helicóptero e quem vem lá dentro é a Cláudia. Mas quem teve a ideia de atirar flores com um canhão foi o Frederico, primo da Anita.

É ver quem apanha mais margaridas!



À medida que o cortejo passa, os espectadores vão-se aglomerando no seu percurso, cada vez em maior número. Chegam de todos os lados. Até os há em cima dos muros. Dir-se-ia que toda a cidade combinou encontrar-se ali. - Bom dia, bom dia! - diz o Pantufa, abanando o rabo. - De quem é aquele cão que vem no carro? - Olha, é o Pantufa, o cão da Anita. A Anita é a menina que todos vieram ver desfilar no cortejo … Lá vem o carro dela.



- É ela, é, estou a reconhecê-la! Está encantadora!

A Anita vai rodando a sombrinha com graça e cumprimenta todos os amigos que vieram de longe vê-la no seu trajo de japonesa. Atira beijos para um lado e para outro.



Assim acaba o cortejo da festa das flores. “O Caracol Preguiçoso” pára. Os ciclistas alegres desmontam das bicicletas. As “majoretes” dispersam-se. A Anita desce do carro. Um rapazinho que tocava tambor adormeceu nos braços da mãe.

Gostaria bem de ter ficado acordado para não perder nada deste lindo dia que chega ao fim. Mas, embora contra vontade, o menino não resistiu ao sono. Ouve a música como num sonho. E, contudo, são músicos a sério que estão a tocar no coreto. Porque a festa ainda não acabou de todo… - Venham por aqui, meus filhos - diz o avô Nicolau. - Vamos dar uma voltinha pela cidade.



Foi assim que, nessa noite, na Rua dos Capuchinhos, se viu passar um conjunto curioso - um avô, uma japonesinha, um Pantufa e três “Alegres Ciclistas de São Cristóvão” … enquanto ao longe estouravam os últimos foguetes da festa.



FIM DO LIVRO
 
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