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O sociólogo António Barreto afirmou que a demissão do Governo foi um «golpe» do primeiro-ministro José Sócrates para provocar eleições, vitimizar-se e que aumenta as dificuldades para Portugal se financiar nos mercados.
«Estamos a pedir em más condições, depois de um golpe de Sócrates que provocou eleições para tentar continuar no deslize e no agravamento em que estávamos», afirmou Barreto, que preside à Fundação Francisco Manuel dos Santos, à margem do lançamento do livro de Vítor Bento, «Economia, Moral e Política».
António Barreto acrescentou ainda que o momento actual do país «corresponde à ideia do primeiro-ministro, de provocar uma crise na qual ele possa, eventualmente, passar por vítima».
O Presidente da República ouve hoje o Conselho de Estado, numa reunião que tem como único ponto «pronunciar-se sobre a dissolução da Assembleia da República», no quadro da crise política que se seguiu à demissão, há uma semana, do primeiro-ministro.
O presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos acusou ainda José Sócrates de «caluniar» as entidades internacionais «a quem pede ajuda» e de «caluniar os credores» depois de pedir empréstimos.
«Esta duplicidade é um péssimo sinal para o exterior», acrescentou António Barreto, referindo que, se Portugal tivesse pedido ajuda externa há mais de um ano, teria estado em melhores condições para o fazer, e em melhores condições para cumprir eventuais programas de reformas económicas.
Os juros exigidos pelos investidores no mercado secundário para deter títulos de dívida soberana portuguesa a dois anos superaram hoje o preço da dívida a dez anos, pela primeira vez desde 2006.
A yield (remuneração total) exigida no mercado para comprar dívida a dois anos atingiu os 8,17 por cento, acima dos 8,092 por cento cobrados pela dívida a 10 anos, de acordo com a agência de informação financeira Bloomberg.
«Agora estamos em situação praticamente desesperada», disse ainda o sociólogo, que insistiu na necessidade de realizar uma auditoria às contas públicas.
«Se não se realizarem auditorias, há dois problemas. O primeiro é que damos mais um sinal negativo ao exterior, isto é, que temos algo a esconder. Em segundo lugar, perante o eleitorado português, perante os cidadãos, é um factor de deslealdade inadmissível», concluiu António Barreto.
Lusa/SOL