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GF Ouro
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Kim Sook-ja, de 70 anos, é uma das prostitutas que trabalhavam junto das bases militares norte-americanas. Pediu indemnização ao governo sul-coreano
Mulheres acusam as autoridades de terem incentivado a prostituição para manter satisfeitos os soldados dos EUA. Hoje vivem na miséria e exigem compensação.
Mais de 120 prostitutas sul-coreanas que trabalhavam junto de uma base militar norte-americana, na década de 1970, decidiram processar o governo do seu país. Cada uma destas mulheres pede às autoridades uma indemnização no valor de dez mil dólares, cerca de oito mil euros, alegando que, na altura, o governo terá facilitado e beneficiado do seu trabalho na prostituição. E agora, que envelheceram, estão na miséria e sem qualquer compensação estatal.
A disputa legal é reportada pela BBC, que foi ao centro comunitário da cidade de Uijeongbu, na Coreia do Sul, paredes meias com uma base militar norte-americana, onde as mulheres se reuniram para contar a sua história. "Trabalhávamos a noite inteira. Aquilo que quero é que o governo coreano reconheça que houve um sistema que foi criado por si e a respetiva compensação", explicou uma delas.
É um facto que, em torno das bases militares, cresciam vilas e cidades que tinham nos soldados a sua principal fontes de sustento. Quando, na década de 1970, a Coreia do Sul percebeu que havia a possibilidade de as tropas americanas retirarem, procurou formas de manter os soldados felizes, nomeadamente oferecendo-lhes a companhia feminina que não tinham. É pelo menos esse o argumento das ex-prostitutas, que constroem o seu caso alegando que, apesar de não terem sido forçadas a prostituírem-se - não se trata de escravatura sexual - o governo chegou mesmo a instituir clínicas e exames de rotina obrigatórios para as mulheres que, na região, trabalhavam nos bares e bordéis frequentados pelos militares. Também havia aulas de inglês e cursos de "etiqueta ocidental".
As mulheres defendem que acabaram na prostituição porque eram pobres e viviam na miséria num país sem recursos. Candidatavam-se a trabalhos não especificados e eram invariavelmente encaminhadas para os bares, forçadas a depender dos donos dos estabelecimentos que lhes davam teto e comida em troca dos encontros sexuais com os soldados. "Em 1972, fui a um centro de emprego e o conselheiro pediu-me que me levantasse e voltasse a sentar. Analisou-me e prometeu-me um trabalho que me ia dar alojamento e comida, eu só precisava de trabalhar e tudo o resto seria assegurado pelo meu chefe", conta uma das antigas prostitutas.
Para elas, existia na altura uma concordânciatácita do governo com a situação, já que o país precisava de moeda estrangeira e as prostitutas eram desprezadas mas necessárias pelos dólares que angariavam dos soldados. "Dizia-se que trabalhar nos bares e ganhar dólares fazia de nós patriotas", recordam.
dn