As dermites mais frequentes

maioritelia

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Do diagnóstico ao tratamento


Existem vários tipos de dermites mas a mais frequente inflamação da pele relaciona-se com o contacto da pele do bebé com a urina e/ou as fezes (fralda molhada e/ou fralda suja), podendo complicar-se secundariamente com fungos e/ou bactérias. Como a pele dos bebés é muito sensível, há que ter cuidados redobrados. Para além de conselhos aos pais, Armando Fernandes, pediatra, aconselha as melhores formas de tratamento e de cuidados perante uma situação de dermite da fralda ou da dermite atópica. Um guia completo para evitar tais irritações na pele, demasiado dolorosas nos bebés e nas crianças.

O termo dermite ou dermatite significa inflamação da pele, podendo ter várias causas. A dermite das fraldas é a mais frequente na criança e pode complicar-se por infecção provocadas por fungos e/ou bactérias. Como exemplo de outras dermites frequentes da criança, o Dr. Armando Fernandes, salienta: dermite seborreica, dermite atópica, dermite de contacto, dermite da baba, fotodermatite, entre outras.

“A dermite das fraldas resulta do contacto recorrente e/ou prolongado entre a pele sensível do bebé com a urina e/ou as fezes na área da fralda, o que produz humidade, irritação e inflamação cutânea.”

A dermite seborreica resulta de um desequilíbrio na produção de sebo - uma substância lubrificante da pele, gordurosa e semelhante a cera - pelas glândulas sebáceas, muito provavelmente devido à passagem de hormonas maternas para o feto durante as últimas semanas da gestação. “Este excesso não só estimula o desenvolvimento de células novas como também aglutina as células mortas, formando escamas e crostas. A dermite atópica tem uma etiologia multifactorial, estando implicados factores genéticos, ambientais, fisiológicos e imunológicos, como a disfunção cíclica de nucleótidos e superantigénios, alergia IgE mediada para alergénios alimentares ou respiratórios e fenómenos de auto-imunidade. Cada vez mais, tem sido responsabilizada a deficiência de uma proteína (filagrina) presente nas camadas externas da pele, impedindo, por um lado, a entrada de bactérias e vírus e, por outro, a saída de água, mantendo a pele hidratada. Assim, a redução ou ausência da filagrina leva à descamação e secura da pele”, explica Armando Fernandes.Conselhos aos pais
A pele da maioria dos bebés é muito sensível e é necessário ter vários cuidados com a mesma. “Para isso, os pais devem evitar todos os irritantes possíveis para a pele (excesso de frio, calor, humidade, fibras sintéticas, etc.) e hidratá-la convenientemente com produtos adequados.

O diagnóstico diferencial das dermites na criança nem sempre é fácil de concretizar, pelo que se sugere que recorra a dermatologistas especializados e experientes em problemas dermatológicos das crianças. A forma de diagnosticar é sobretudo clínica.

O tratamento das várias dermites depende de cada caso, da idade da criança, do tipo e da extensão da doença.


Tratamento da dermite das fraldas
Armando Fernandes dá-lhe alguns conselhos práticos para tratar a dermite mais comum nos bebés:

- Mantenha a área da fralda limpa e seca, mudando-a frequentemente e limpando-a com água morna ou óleo hidratante nas sucessivas mudas. Ocasionalmente, pode usar sabões neutros pouco agressivos.
- Deixe a criança sem a fralda, o maior tempo possível (mais de uma hora por dia), particularmente durante as mudanças das fraldas.
- Aplique uma boa camada dos chamados “cremes de barreira” com óxido de zinco, vitamina A e/ou dexpantenol a cada muda.
- Não aperte muito a fralda.
- As fraldas de pano devem ser bem lavadas e mantidas macias. Não utilize cuecas de plástico. Se utilizar fraldas descartáveis, faça-lhe alguns furos no plástico para melhorar a “ventilação”. Por vezes, as crianças suportam melhor um tipo de fralda do que outro. Assim, poderá experimentar várias marcas.
- Se houver lesões avermelhadas nas áreas das pregas, poderá haver necessidade de aplicar creme especiais, nomeadamente antifúngicos.


Tratamento da dermite atópica
Segundo o pediatra, a terapêutica da dermite atópica pode exigir uma intervenção multidisciplinar que envolva o pediatra, o dermatologista, o alergologista, o psicólogo, entre outros especialistas. Não é curativa mas permite um bom controlo da doença.

“Quando experimentar um tratamento, espere pelo menos três dias para ver se produz efeito antes de tentar um novo tratamento”, diz-nos.


Medidas gerais
- As temperaturas extremas (frio, humidade, calor, etc.) favorecem o aparecimento e agravam a dermite atópica.
- A exposição solar pode ser benéfica, sempre com cuidados de foto-protecção adequados.
- Recomenda-se a manutenção das habitações bem arejadas e não abusar do aquecimento.
- Evite alergénios ambientais, como os ácaros do pó, pólenes, convivência com animais de companhia e exposição ambientes com fumo.
- Evite o excesso de suor.


Alimentação
- Mantenha o aleitamento materno o máximo tempo possível, idealmente para além dos seis meses de idade.
- Evite alimentos que podem agravar as crises, por exemplo: alimentos comprovadamente alergénicos para o seu filho, frutos secos, chocolates/derivados do cacau, citrinos, morangos, kiwis, mariscos, etc.
- Evite a ingestão de alimentos muito quentes.


Higiene e limpeza - Água da lavagem
- O banho diário deve ser dado com água morna (33-34 ºC), preferencialmente ao entardecer pois ajuda a diminuir o ardor nocturno.
- Opte pelo duche em vez do banho de imersão, com água morna, durante não mais de 10 minutos. Em crianças pequenas, pode optar pelo banho de imersão, mas junte à água do banho óleos hidratantes e com pH 5.5 ou fisiológico, também não devendo exceder os 10 minutos.


Sabonetes
- Devem ser neutros (sem detergentes e/ou perfumes).
- Aplicar apenas nos locais sujos (pregas do pescoço, orelhas, axilas, zona genital e pés).
- O sabonete que escorre durante o duche é suficiente para a lavagem dos outros locais.Secagem
- Opte por uma toalha macia para limpar o seu bebé. Cuidado ao secar as pregas, evitando que fiquem húmidas.


Hidratação
- Aplicar leite hidratante ou mesmo creme em todo o corpo depois do banho, se a pele for muito seca pois a hidratação é fundamental para restabelecer a barreira cutânea.
- Usar o leite/creme hidratante/emoliente duas vezes ao dia se necessário.
- A pele seca causa prurido. As lesões de coceira são o primeiro passo para uma pele doente.


Vestuário e calçado - Roupas interiores
- A roupa que contacta com a pele (incluindo, as meias) deve ser sempre 100% algodão e preferencialmente de cores claras.
- Nos bebés, mude as fraldas assim que estejam húmidas.


Vestuário
- Escolha de preferência roupa de algodão e de linho, incluída a da cama, pois facilita a transpiração.
- Evite roupas com tecidos ásperos e/ou que contenham lã virgem/fibras.
- Quando usar lãs, não deve permitir o contacto destas com o pescoço e com a face.
- Não vista o seu filho de modo a ficar sobreaquecido ou com frio. Vista-o com roupas largas.
- Ao lavar a roupa, deve enxaguá-la bem e evitar o uso de amaciadores e lixívia pois podem ser irritantes para a pele. Deve arejar bem a roupa depois de lavada.


Calçado
- Use meias de algodão ou fio. Evite o nylon e a lycra.
- Evite manter os pés suados e molhados.
- A atitude higiénica individual depende do tipo de pele e da época do ano.


Medidas específicas
A terapêutica farmacológica deve ser apenas prescrita pelo pediatra ou pelo dermatologista assistente mas existem no mercado várias opções terapêuticas, como explica Armando Fernandes. “São elas: emolientes específicos (medicamentos de 1ª linha, com o propósito de suavizar ou amolecer os tecidos, nomeadamente a pele); corticóides tópicos; tracolímus; anti-histamínicos orais (se o prurido for intenso) e antibióticos tópicos ou por via oral (se houver infecção bacteriana concomitante). O apoio psicológico recomenda-se em casos bem seleccionados.”

sapo.
 
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