Biocombustíveis: Mais uma do nosso governo?

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Biocombustíveis: Junta da Ericeira impossibilitada de legalizar unidade, autarca


Ericeira, Lisboa, 09 Mai (Lusa) - A Junta de Freguesia da Ericeira, que produzia bio-combustível numa unidade que não estava licenciada, e que foi sancionada a pagar imposto sobre produtos petrolíferos, afirma agora que está impossibilitada de regularizar a unidade porque as candidaturas estão esgotadas.

"Para que a produção se processe de forma regular e com benefício fiscal o produtor (de bio-combustível) terá que se candidatar ao estatuto de pequeno produtor dedicado (...) e constituir-se como entreposto fiscal", informou à Lusa o Ministério das Finanças.

"A quota para nos tornarmos pequeno operador dedicado está esgotada. Neste momento só podemos ser grandes produtores e nós somos uma junta de freguesia", adiantou à Lusa Joaquim Casado, presidente da junta de freguesia da Ericeira (PSD).

O licenciamento é da competência da Direcção-Geral de Energia e Geologia, do Ministério da Economia, que até ao momento não confirmou à Lusa se é ou não possível aos pequenos produtores licenciarem-se.

"O que peço é bom senso e se incite à produção de bio-diesel em vez de se pensar só em taxar quem tem atitudes correctas", reclamou por seu lado o autarca que durante um ano produziu bio-combustível para toda a frota da autarquia, para oferecer aos bombeiros e a instituições de solidariedade social e que agora tem para pagar uma coima de sete mil euros de imposto sobre produtos petrolíferos.

"A Direcção-Geral das Alfândegas e Impostos fez um cálculo aos combustíveis fósseis que deixei de consumir por ter tornado a junta auto-suficiente através da produção de bio-combustível", disse Joaquim Casado.

"Irei até aos últimos trâmites para não pagar um imposto que considero injusto", frisou à Lusa o presidente da junta de freguesia da Ericeira.

A Lusa questionou o Ministério das Finanças sobre se existem outros casos no país onde tenham sido aplicadas idênticas sanções mas a tutela respondeu que não pode referir os casos que se encontram pendentes.

Apesar disso, refere que "o tratamento sancionatório é idêntico em todas as situações de irregularidades detectadas com contornos semelhantes a este caso".

Informa ainda que "qualquer pessoa que utilize um produto como carburante, independentemente da sua natureza está sujeito a ISP à taxa do carburante substituído, neste caso concreto a do gasóleo, e o pagamento é efectuado nas alfândegas".

Impedido de produzir bio-diesel para não voltar a ser sancionado, Joaquim Casado adiantou que continua a recolher o óleo alimentar usado nos estabelecimentos de restauração da vila da Ericeira e que já entregou dez mil litros de óleo que tinha armazenado a uma empresa que agora lhe fornece o bio-combustível para a frota.

"Já tenho novamente toda a frota a andar a bio-diesel graças a um acordo que fiz com uma empresa e neste momento até tenho pessoas de Lisboa e arredores a virem aqui entregar óleo porque sabem que agora temos que fazer um esforço maior", contou o autarca.

Joaquim casado continua indignado com a actuação das autoridades afirmando que "desconhecia" todo o processo de legalização do bio-combustível e que tinha que ter pedido a isenção do imposto sobre produtos petrolíferos.

"Para ser produtor de bio-diesel e poder usufruir do benefício fiscal tem de constituir-se como entreposto fiscal (artigo 78º A do Código dos Impostos Especiais de Consumo) cujo estatuto exige entre outros requisitos o licenciamento das instalações, quando tal for exigível por legislação específica", explica o Ministério das Finanças.

"O processo é tão burocrático e está pouco divulgado que quem produz poucas quantidades, como uma junta de freguesia, acaba por se perder nesta burocracia", defendeu à Lusa Cármen Lima, da associação ambientalista Quercus.

A junta de freguesia da Ericeira afirma que foi pioneira na recolha porta-a-porta dos óleos usados que começou por entregar a uma empresa de produção de biodiesel.

"Com esse dinheiro comprámos fotocopiadoras para todas as escolas do ensino básico e só mais tarde é que se avançou para a produção própria de bio-combustível", disse Joaquim Casado.

"A nossa imagem é reconhecida por muitas autarquias do nosso país que nos visitam e tentam seguir o exemplo dos nossos projectos", afirma o presidente da junta numa carta dirigida a todos os grupos parlamentares da Assembleia da República onde denuncia o que considera "uma sanção injusta" junto de quem "tenta ser amigo do ambiente".

Mensalmente e desde há vários anos a junta de freguesia recolhe entre quatro a cinco mil litros de óleo vegetal usado.

A partir de Junho de 2007 os óleos eram valorizados numa central de transformação onde era produzido bio-combustível e glicerina.

Com a glicerina estavam a ser feitas experiências para a produção de sabão e sabonete com o objectivo de ser doado às 144 famílias carenciadas da região.

"Volvido todo este nosso envolvimento ambiental, é-nos enviada o imposto de 5.914,36 euros (com os juros estará em sete mil euros) pela produção de Junho a Dezembro, tendo esta autarquia como transferência do Estado anual 62.952,00 euros", explica a autarquia.

"É de ficar consternado com a atitude que nos é aplicada, sem compreensão, sem apelo à preservação do ambiente, sem valorização ao produto já utilizado, visando única e simplesmente a receita financeira", conclui.

Ao mesmo tempo Joaquim Casado informa que tem em circulação uma viatura modificada que funciona através de um sistema de painéis foto-voltaicos e que utiliza energia solar.

"Temos a viatura a circular diariamente sem custos com energia, que é 100 por cento ecológica. Será que teremos que pagar um imposto adicional por aproveitamento do sol?", interroga a freguesia da Ericeira.


Lusa
 

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BE quer que Ministério das Finanças retire a multa e a penhora

Ericeira/Biocombustíveis: BE quer que Ministério das Finanças retire a multa e a penhora

Ericeira, - O Bloco de Esquerda quer que o Ministério das Finanças retire a multa e a penhora de bens à junta de freguesia da Ericeira por não ter pago imposto sobre produtos petrolíferos de biocombustível que alimenta a frota.

O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, classificou hoje o processo da multa e da ameaça de penhora de bens da autarquia que produzia biocombustível a partir dos óleos usados nos restaurantes, como "grotesco" e de "caça à multa".

"Portugal é um país que não produz combustíveis e por isso é espantoso que tenha havido esta semana o 17º aumento dos combustíveis e por isso é que é importante que se utilizem alternativas e se crie um quadro legal em vez desta caça à multa ou desta penhora", disse Francisco Louçã após uma visita à junta da Ericeira.

Desde Junho de 2007 os óleos recolhidos pela junta eram valorizados numa central de transformação onde era produzido biocombustível.

Durante um ano a autarquia produziu biocombustível para toda a frota, para oferecer aos bombeiros e a instituições de solidariedade social tendo agora que pagar uma coima (mais de seis mil euros) imposta pela Direcção Geral de Alfandegas o que a obrigou a abandonar a produção.

A junta não pagou a multa e já recebeu uma carta da Direcção Geral de Impostos onde está escrito que findo o prazo de 30 dias o processo prosseguirá com a penhora de bens.

"A nossa alternativa é obrigar o Ministério das Finanças a retirar a sua multa e a sua penhora porque isso não tem sentido nenhum e, pelo contrário, fazer com que muitas mais freguesias e muitos mais municípios utilizem estes óleos usados para os reciclar", declarou aos jornalistas Francisco Louçã.

Considerando que "estes são os verdadeiros biocombustíveis", por reciclarem óleos que se não fossem tratados seriam poluentes, disse que deviam ser incentivados "em vez de utilizar agro-combustíveis que significam a utilização de áreas de plantação da agricultura que deixam de produzir alimentos".

Classificando a iniciativa da junta de freguesia gerida por um autarca social-democrata como "uma boa ideia", Francisco Louçã disse que "o Governo reagiu perante isto de uma forma absolutamente irresponsável".

"O Ministério das Finanças teve uma desorientação absoluta. Acho que é a caça à multa, sete mil euros para penalizar uma pequena junta de freguesia que tem sete mil habitantes, representa 10 por cento do que o Estado paga para apoiar uma junta de freguesia", criticou.

"Portugal precisa de boas ideias para consumir menos gasolina e menos gasóleo que estão mais caros. Quero é convidar o país inteiro (...) a utilizar os óleos reciclados para se reduzir o consumo de gasolina e de gasóleo em vez de financiar estes lucros gigantescos das empresas da especulação", apontou.

Por seu lado, o presidente da junta de freguesia, Joaquim Casado, disse que, tendo conhecimento de que um litro de óleo alimentar usado pode contaminar um milhão de litros de água potável, "houve uma sensibilidade para a sua valorização".

Inicialmente com a recolha (uma média de cinco mil litros/mês) adquiriu materiais escolares e depois começou a produzir o próprio combustível para as 14 viaturas da junta poupando cerca de dois mil litros de gasóleo por mês.

"Nós é que informámos o país das nossas boas práticas ambientais e valorização do resíduo poluente e mais tarde tivemos a fiscalização do Ministério das Finanças e da Direcção Geral das Alfândegas", constatou o autarca.

Joaquim Casado disse que vai recorrer judicialmente e se tiver que penhorar algum bem "não tem outra coisa para dar a não ser o cemitério".

"Se o senhor primeiro-ministro pediu desculpas por ter fumado no avião sobre uma lei que ele próprio publicou eu também peço desculpa se cometi um erro para que perdoem a junta de freguesia porque não cometeu nenhum crime", disse o autarca.

Joaquim Casado elogiou a atitude do BE e apesar de lamentar a ausência do PSD - "ainda não teve tempo pois deve andar muito ocupado nas lutas internas" - disse que não mudará de partido.

ZO.

Lusa/fim
 

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PSD quer ouvir na AR secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Ericeira/Biocombustíveis:pSD quer ouvir na AR secretário de Estado dos Assuntos Fiscais


A coima aplicada à Junta de Freguesia da Ericeira, por produzir bio-combustível e não ter pago imposto sobre produtos petrolíferos, levou hoje os deputados do PSD a pedirem uma audição parlamentar ao secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Os deputados do grupo parlamentar do PSD querem ser esclarecidos sobre o caso e pedem com carácter de urgência a presença do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e do presidente da Junta de Freguesia da Ericeira (PSD) na Comissão Eventual para o Acompanhamento das Questões Energéticas.

Os sociais-democratas afirmam no requerimento enviado ao presidente da comissão que "Portugal não pode deixar de contabilizar qualquer alternativa ao uso dos derivados do petróleo como combustível" dada a sua dependência do exterior.

Os deputados dão como exemplo a produção de biodiesel a partir de resíduos como os óleos alimentares usados que, de outra forma, "não apenas não teriam qualquer utilidade como, ainda para mais, constituiriam um grave problema ambiental, a reclamar esforços, energias e dispêndio de verbas públicas".

A Junta de Freguesia da Ericeira recolhe cerca de cinco mil litros de óleo usado por mês e durante o ano de 2007 utilizava esse óleo para produzir bio-combustível que utilizava na frota da autarquia e oferecia aos bombeiros e a outras instituições locais.

Por não licenciar a unidade e não pagar imposto sobre produtos petrolíferos, a autarquia sofreu uma coima de seis mil euros.

"A dotação que a Junta da Freguesia da Ericeira recebe anualmente do Orçamento do Estado é de, aproximadamente, 60.000 euros, pelo que detém um peso significativo a sanção aplicada pelo Estado no caso vertente", refere o requerimento do PSD.

Por não ter pago a coima, a autarquia corre agora o risco de ver penhorados alguns bens conforme, consta numa carta enviada à autarquia pela Direcção-Geral dos Impostos.


Lusa/fim
 

hercules

GF Prata
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Homens como este ''presidente de junta'' é que faziam falta no nosso país; este cantinho à beira-mar plantado jamais seria o mesmo!

Só o engenheiro Sócrates tem direito a desconhecer as leis ''que ele faz'' os outros não! Já perguntaram ao nosso 1º se liquidou a multa que lhe deveria ser aplicada ou está a espera que nos portugueses lha paguemos?! Eu tambem fumo mas respeito as leis que ele promulgou! Seja honesto e dê o exemplo e só atire pedras se tiver o coração puro o que não é o caso ou já se esqueceu das mentiras que disse aos portugueses?!

E assim vai este país, uns bem (Socrates e seu séquito) e outros mal (Zé Povinho)
 

AAJ

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Japoneses solidários com a Junta da Ericeira

Japoneses solidários com a Junta da Ericeira

Uma equipa constituída por Shusei Yamada, Zen Shirane e Hiroshi Aoyama vieram do Canadá directamente para a Ericeira em solidariedade com o Executivo da Junta de Freguesia da Ericeira, logo que souberam do sucedido, sobre o biodiesel. Expuseram o seu veículo, no largo do Jogo da Bola, na Ericeira, completamente preparado para biodiesel, aproveitando completamente o óleo de frituras.


A viatura, um potente jipe, possui uma micro-unidade de transformação como se pode verificar pelas imagens, e que deu show para todos os turistas e não só, que se abeiraram das viaturas que a Junta fez questão de exibir também, como amigas do ambiente, e que estão ao seu serviço. Ao vivo apresentou-se assim ao público como se faz o aproveitamento do óleo de fritar já usado para combustível seguro. Apenas com óleo de frituras recolhido nos restaurantes da nossa zona, vai dar uma volta à Europa fazendo divulgação do biodiesel e do que se passa na Ericeira como exemplo de uma autarquia viva e preocupada com o meio ambiente.

Dia 13, sai da Ericeira para o Cabo da Roca, local mais Ocidental da Europa, e daí vai partir com destino final à Rússia com uma autonomia de combustível para 900 Kms, da recolha de óleos usados de restaurantes, feita com a Colaboração da Junta de Freguesia da Ericeira. Levam consigo propaganda da nossa terra, o famoso livro Ericeira-Cultura Gastronómica e mais souvenirs, além do forte carinho que receberam de todos os jagozes.

Com regozijo, o Presidente Joaquim Casado, salientava a diferença do apoio que vem do Japão, de gente desconhecida, como esta equipa, que lhe deu alento e alegria pelo seu reconhecimento, face à indiferença de alguns políticos portugueses que ainda hoje nada disseram de bom ou de mau, perante a actual situação da famosa multa e do que há para fazer contra o aumento do petróleo e a favor do ambiente que é de todos nós.


Por:eek:ericeira
 
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