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Célebres LP capa serapilheira Giacometti e Lopes-Graça em CD
Os célebres cinco LP de capa de serapilheira reunindo as gravações de música popular portuguesa recolhida por Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça surgem numa nova edição em CD, 30 anos depois da sua edição em vinil.
«É uma caixa com seis CD que reúne todo o material das pesquisas de Giacometti e Lopes-Graça cuja publicação em finais da década de 1960 e princípios da de 1970 «constituiu um momento marcante na investigação, preservação e divulgação das tradições musicais», disse à Lusa o musicólogo Mário Vieira de Carvalho.
A edição pela Numérica, com a chancela de Portugal Som, está arrumada da seguinte forma: o primeiro CD reúne «Cantos e danças de Portugal», enquanto cada um dos restantes diz respeito a um região - Minho, Trás-os-Montes, Beiras, Alentejo e Algarve.
Michel Giacometti interessou-se pela música popular portuguesa depois de uma visita ao Museu do Homem em Paris, veio para Portugal e foi pesquisando e gravando as músicas que o povo cantava nas diferentes situações do quotidiano.
«Giacometti tinha uma grande sensibilidade e intuição de investigador, e contactava com facilidade com as populações», disse o Vieira de Carvalho.
Segundo o musicólogo e ex-secretário de Estado da Cultura, «Lopes-Graça acompanhava-o raramente» mas era «o conhecedor de música que aconselhava Giacometti, e quem fez o estudo musicológico dos temas».
«A selecção para a antologia foi feita pelos dois», rematou o investigador da Universidade Nova de Lisboa.
Lopes-Graça interessava-se desde a década de 1930 pela música tradicional portuguesa depois de ter lido os estudos de Rodney Gallop e Kurt Schindler.
Na década de 1940 Lopes-Graça chegou a fazer algumas investigações na Beira Baixa.Ao compositor «interessava sobretudo o que era mais característico e alternativo ao que era a dominante na época de música tradicional».
«O autêntico, o que era mais afastado do banal era o que interessava a Lopes-Graça», acrescentou.«A perspectiva de Lopes-Graça era a de contrariar a dominante do Estado Novo», sublinhou Vieira de Carvalho.
Uma das grandes qualidades do trabalho de Michel Giacometti e Lopes-Graça «é o registar tal como era».
«Isto é - explicitou - as anteriores recolhas ao fazerem a notação (transcrição para pauta), já faziam uma adaptação do popular aos cânones vigentes e perdia-se a característica da interpretação».
Com Giacometti «regista-se tal como se canta, numa primeira fase apenas fonograficamente, numa segunda em vídeo, e ganha-se no enquadramento sócio-económico».
As músicas populares «surgem em função do quotidiano, estão ligadas às tarefas do trabalho, às romarias, aos ritos religiosos, como funerais, etc.», explicou Vieira de Carvalho.
A edição inclui os textos originais de Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça que acompanharam a primeira edição, forrada a serapilheira.
Diário Digital / Lusa
Os célebres cinco LP de capa de serapilheira reunindo as gravações de música popular portuguesa recolhida por Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça surgem numa nova edição em CD, 30 anos depois da sua edição em vinil.
«É uma caixa com seis CD que reúne todo o material das pesquisas de Giacometti e Lopes-Graça cuja publicação em finais da década de 1960 e princípios da de 1970 «constituiu um momento marcante na investigação, preservação e divulgação das tradições musicais», disse à Lusa o musicólogo Mário Vieira de Carvalho.
A edição pela Numérica, com a chancela de Portugal Som, está arrumada da seguinte forma: o primeiro CD reúne «Cantos e danças de Portugal», enquanto cada um dos restantes diz respeito a um região - Minho, Trás-os-Montes, Beiras, Alentejo e Algarve.
Michel Giacometti interessou-se pela música popular portuguesa depois de uma visita ao Museu do Homem em Paris, veio para Portugal e foi pesquisando e gravando as músicas que o povo cantava nas diferentes situações do quotidiano.
«Giacometti tinha uma grande sensibilidade e intuição de investigador, e contactava com facilidade com as populações», disse o Vieira de Carvalho.
Segundo o musicólogo e ex-secretário de Estado da Cultura, «Lopes-Graça acompanhava-o raramente» mas era «o conhecedor de música que aconselhava Giacometti, e quem fez o estudo musicológico dos temas».
«A selecção para a antologia foi feita pelos dois», rematou o investigador da Universidade Nova de Lisboa.
Lopes-Graça interessava-se desde a década de 1930 pela música tradicional portuguesa depois de ter lido os estudos de Rodney Gallop e Kurt Schindler.
Na década de 1940 Lopes-Graça chegou a fazer algumas investigações na Beira Baixa.Ao compositor «interessava sobretudo o que era mais característico e alternativo ao que era a dominante na época de música tradicional».
«O autêntico, o que era mais afastado do banal era o que interessava a Lopes-Graça», acrescentou.«A perspectiva de Lopes-Graça era a de contrariar a dominante do Estado Novo», sublinhou Vieira de Carvalho.
Uma das grandes qualidades do trabalho de Michel Giacometti e Lopes-Graça «é o registar tal como era».
«Isto é - explicitou - as anteriores recolhas ao fazerem a notação (transcrição para pauta), já faziam uma adaptação do popular aos cânones vigentes e perdia-se a característica da interpretação».
Com Giacometti «regista-se tal como se canta, numa primeira fase apenas fonograficamente, numa segunda em vídeo, e ganha-se no enquadramento sócio-económico».
As músicas populares «surgem em função do quotidiano, estão ligadas às tarefas do trabalho, às romarias, aos ritos religiosos, como funerais, etc.», explicou Vieira de Carvalho.
A edição inclui os textos originais de Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça que acompanharam a primeira edição, forrada a serapilheira.
Diário Digital / Lusa