Co Sleeping

maioritelia

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Co- sleeping, ou partilha de cama, é uma prática milenar que tem vindo a aumentar nas sociedades ocidentais. Na realidade, a prática de manter os bebés a dormir sozinhos desde a altura do nascimento é bastante recente nas culturas ocidentais (desde o XVII), existindo relatos de culturas que continuam a praticar a partilha da cama até aos 6 anos de idade e a amamentação em horário livre. Co-sleeping é uma opção cultural de 90% da população mundial (Young, 1998).


Mas de que se trata o co-sleeping? O termo refere-se a qualquer forma de partilha de ambiente de sono (cama ou quarto) entre um adulto cuidador e uma criança, próximo o suficiente para que qualquer um deles possa responder a qualquer estímulo sensorial.
Alguns estudos feitos nesta área, revelam-nos que a prática de colocar os bebés sozinhos nas suas camas tem repercursões ao nível da vinculção e da segurança física. A partilha de cama facilita a alimentação do bebé, proporciona um aporte extra de contacto sensorial com a mãe, promove o desenvolvimento e a vinculação do bebé e previne o Síndrome de Morte Súbita do Latente (SMSL).


DESENVOLVIMENTO


Vários estudos demonstram-nos que as respostas neurológicas de um bebé que se encontra junto à sua mãe acontecem aos cheiros, movimentos e toque maternos. Nestas condições, os bebés choram menos, respiram mais regularmente, usam a energia com mais eficácia, mantêm as tensões arteriais mais baixas, crescem mais rapidamente, têm menores níveis de stress e dormem melhor. Estes dados sugerem-nos que o contacto directo do bebé com a sua mãe facilita a maturação do seu sistema imunológico e neurológico, ainda imaturo.


O aumento do tempo de exposição do bebé à sua mãe, aumenta a produção de anticorpos por parte do bebé à flora materna, o que os protege contra algumas doenças.


VINCULAÇÃO


As mães que partilham a cama com os seus bebés, tem um instinto maternal mais intenso, como consequência directa do contacto pele a pele mais prolongado. No entanto, os benefícios da partilha de cama na vinculação não estão limitados à relação com a mãe, os pais também desfrutam de mais tempo de vinculação como consequência directa da partilha da cama com o seu bebé.


Hayws, Roberts e Stowe (1996), descobriram que os bebés que não partilham a cama com os pais, desenvolvem apego por um objecto de substituição (uma chucha, uma fralda ou boneco, por exº), e que na sua ausência, têm mais dificuldades em reagir à falta deste objecto.


Vários estudos referem-nos que a prática de partilha de cama entre mães e filhos, tem vários benefícios: os bebés passam a maioria da noite virados para as mães, raramente choram, e estas encontram-se altamente reactivas aos movimentos do filho, acordam com mais frequência e passam períodos maiores em estadios de sono leve (o que não aconteceria se dormissem sozinhas). Medoff & Schaefer (1993) associaram a diminuição de terrores nocturnos na infância ao co-sleeping.


Pais trabalhadores, que sentem que não passam o tempo que gostariam com os seus bebés, sentem que aumentam e consolidam a sua relação durante a noite, enquanto partilham a cama com o seu bebé.


AMAMENTAÇÃO


Organizações como a La Leche League International, a UNICEF ou a OMS recomendam o co-sleeping como forma de manter o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses de vida do bebé, já que a partilha de cama aumenta significativamente o número de mamadas nocturnas e o tempo de amamentação.


Uma mãe que amamenta e dorme com o seu bebé, dorme de maneira diferente de qualquer outra pessoa: ela adopta uma portura protectora, virada para o seu bebé, com um braço sobre ele, e uma perna por baixo, o que previne que se vire para uma posição de perigo na cama. Ela encontra-se mais reactiva aos movimentos do seu bebé e ambos dormem com sonos sincronizados. Por outro lado, as mães produzem níveis mais altos de prolactina.


PREVENÇÃO DO SMSL


A partilha de cama, especialmente associado ao aleitamento materno nocturno, confere, também, protecção contra o SMSL, já que os bebés são alimentados mais vezes, mantêm-se em estadios de sono mais ligeiros e coordenados com a mãe, e respondem melhor aos estímulos maternos- a respiração da mãe dá importantes pistas ao bebé, para que este mantenha o estímulo inspiratório após uma expiração. Se parilharem o espaço de sono, a mãe acorda automaticamente se houver uma paragem respiratória mais longa.


COMO FAZER A PARTILHA DE CAMA EM SEGURANÇA:


É de fundamental importância proporcionar ao bebé um ambiente com todas as condições de segurança para dormir. Algumas destas indicações de são puro bom senso, outras requerem algumas alterações estruturais do quarto.


Para a partilha de cama com os pais, é importante que todas as possibilidades do bebé cair da cama sejam eliminadas. Para isso, é necessário arranjar estruturas na cama que impeçam as quedas, como é o caso da utilização de grades ou a colocação da cama junto à parede, do lado onde o bebé irá permanecer. Neste caso, esta junção deve ser verificada todos os dias antes de deitar o bebé. Outra alternativa é colocar o berço junto à cama, sem grade e ao mesmo nível (neste caso, o berço deverá estar bloqueado e sem risco de se afastar da cama). Deve ser escolhido o lado da cama junto à mãe, evitando que o bebé permaneça no meio dos pais (nesta situação existe mais risco de SMSL, já que outros parentes não têm a mesma sensibilidade instinctiva que a mãe). As mães devem fazer o teste de acordar ao mínimo estímulo do bebé, se assim não for, devem considerar, então, a partilha de espaço e não de cama


A cama deve ser firme, plana e indeformável, pelo que camas de água, cama moles, sofás ou outras estruturas flexíveis devem ser evitadas.


Devem, também, ser eliminados todos os factores potenciadores do SMSL: evitar a utilização de edredons, cobertores muito pesados, peluches, e matérias que sobreaqueçam os bebés. O co-sleeping é, também, desaconselhado em famílias de pais com problemas de tabagismo, alcoolismo, toxicodependência, obesidade ou que estejam sujeitos a tratamentos com tranquilizantes, já que estes factores aumentam o risco de SMSL.


Para terminar, o bebé nunca deve ser deixado sozinho na cama.


CONCLUSÃO:


O co sleeping é uma prática controversa para alguns pediatras e pais, no entanto, pode fazer muito sentido para muitos outros. São as necessidades individuaus de cada família que devem determinar a escolha em relação ao co- sleeping, sendo que cada decisão deverá ser respeitada.


Não queremos terminar sem deixar de referir que uma criança que é igualmente estimulada pelos pais de noite e de dia está a fazer vinculação constante com estes. Crianças que se sentiram seguras dia e noite ao lado dos seus cuidadores irão tornar-se adultos que lidam melhor com as tensões inevitáveis da vida, já que desenvolvem uma base de confiança, auto-estima e segurança interior a que a poderá recorrer para enfrentar os desafios da vida.

bb.
 
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