Combustíveis alternativos: do óleo vegetal à banha de porco

xicca

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Em 2005, António Fernandes, decidido a finalmente experimentar o que lhe vinha aguçando a curiosidade, foi a uma grande superfície comercial e comprou vários garrafões de 5 litros de óleo vegetal puro. No parque de estacionamento enche o depósito do seu automóvel, meio de gasóleo, sob o olhar estupefacto dos transeuntes e... Eureka! O carro pegou e, desde então, António Fernandes nunca mais parou.

Depois de ter contactado com o tema através da internet, o actual director da Biocar não descansou enquanto não percebeu «tudo o que havia para perceber» em relação à utilização de óleos vegetais puros em automóveis a gasóleo. Esta prática, em boa parte devido ao aumento dos preços dos combustíveis, começa a ganhar cada vez mais terreno em Portugal. «Eu sabia que podia misturar gasóleo com óleo vegetal puro sem adaptação. Fiquei fascinado. Saí do parque e notei logo uma diferença no carro: ficou mais silencioso, com menos vibração», recorda António Fernandes, ao jornal Água&Ambiente. Em Novembro de 2006 cria a Biocar, empresa familiar, que gere com o filho, Pedro Fernandes, de 22 anos, e que vende e instala os kits de adaptação para automóveis, de modo a que estes possam funcionar com uma percentagem, ou na totalidade, a óleo vegetal.

Desde sempre ligado profissionalmente à indústria automóvel, tanto na Alemanha como em Portugal, para onde regressou há cerca de 12 anos, o ex-emigrante logo percebeu que, antes de utilizar óleo vegetal nos veículos teria de se ter em conta a tecnologia de injecção em causa em cada caso

Dependendo da marca, do modelo e do ano do carro, bem como da estação do ano, o óleo vegetal puro pode ser utilizado sem e com adaptação, em diferentes percentagens. Para quem quiser saber a fórmula ideal para o seu veículo, o fórum cibernauta Nova Energia, que entretanto já se constituiu como associação, disponibiliza uma lista exaustiva de automóveis e das percentagens e adaptações correspondentes.

Mas a Biocar não é a única no mercado português. Na Guarda, a RMFS adapta camiões, e a Seealte, representante da empresa checa Europecon em Portugal, faz também adaptações em automóveis. Em ano e meio, a empresa montou mais de 20 kits, através de quatro tipos de adaptação que conseguiu titpicar, consoante o veículo. À semelhança da Biocar, a Seealte faz também parte da Associação Nova Energia, que pugna por melhores condições para os combustíveis alternativos, tendo mesmo uma petição a decorrer no seu sítio de internet.


A busca pela matéria-prima

Os clientes da empresa familiar, cujo escritório é, por enquanto, uma acolhedora casa de madeira ao lado da habitação da família, num luxuriante jardim à beira da praia do Magoito, em Sintra, vão «desde o estudante universitário ao profissional que usa o seu carro diariamente como estafeta, o agricultor, o empresário na área de transportes, o taxista, o pescador», elucida António Fernandes.

E a procura tem sido crescente: «Se num dia dizem nas notícias que os combustíveis vão aumentar, no outro dia recebemos vários telefonemas», comenta com uma gargalhada. Até ao momento, a Biocar já converteu cerca de 100 viaturas, e conta também com uma grande percentagem de pessoas que compram algumas peças para montagem própria.

«O que falta é a matéria-prima», lamenta. Na maioria dos casos é utilizado óleo alimentar usado, que é filtrado e utilizado, sem qualquer transformação. É o caso da Biocar, que aproveita os óleos usados de restaurantes de familiares e conhecidos. Recentemente o empresário descobriu que também poderia utilizar banha de porco como combustível, através de um processo simples que demonstra num vídeo no seu sítio de internet: corta-se toucinho de porco aos bocados, põe-se numa panela e vai ao lume, até a banha ter derretido completamente. Depois filtra-se e está pronto a utilizar.



ambienteonline.pt
21.07.08
 
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