Custos e resíduos fazem energia nuclear marcar passo

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Custos e resíduos fazem energia nuclear marcar passo

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A produção de electricidade a partir do nuclear «deixa de ser competitiva mesmo antes de começar a produzir». É assim que Aníbal Fernandes, presidente do consórcio Energias de Portugal, conclui a sua reflexão sobre os custos da energia nuclear.

Vista como a principal forma de fuga aos derivados do petróleo, a energia produzida a partir de reacções nucleares é económica na fase inicial de construção dos projectos, mas, segundo Aníbal Fernandes, os custos aumentam com os atrasos e gastos em fiscalização, protecção radiológica e tratamento dos resíduos.

Aníbal Fernandes refere o exemplo da Finlândia, onde se localiza a única central nuclear em construção na Europa. O projecto financiado pelos governos francês, alemão e sueco foi concedido em linha de crédito bonificada de 650 milhões de euros, aos quais acrescem já 2,5 mil milhões de euros devido aos atrasos verificados.

Com uma opinião favorável ao nuclear, para Mira Amaral a construção deste tipo de centrais pode ser uma solução a ter em conta considerando «o aumento espectacular do preço do petróleo, do gás natural e do carvão». O Ex-ministro da Indústria e da Energia admite que o nuclear não é alternativo às renováveis, mas que «pode e tem de ser uma alternativa aos combustíveis fósseis».

Com o consumo energético a aumentar e perante as cada vez maiores preocupações com as alterações climáticas, as discussões em torno desta fonte de energia ressurgiram. Por não emitir dióxido de carbono para a atmosfera, a energia nuclear apresenta-se mais limpa do que, por exemplo, a energia produzida a partir do carvão. No entanto, o nuclear representa um problema para o ambiente no que se refere ao destino a dar aos resíduos produzidos.

O lixo tóxico de duração longa é, muitas vezes, armazenado nas centrais nucleares sem qualquer tratamento. Inglaterra e França são os países mais avançados no que toca ao tratamento destes resíduos, um mercado em que a Rússia tem vindo a apostar, nomeadamente, em métodos como a reciclagem.

O fantasma de Chernobyl

O mundo conheceu a capacidade destrutiva da energia nuclear durante a segunda Guerra Mundial, com a primeira experiência atómica na cidade chinesa de Hiroshima. Décadas mais tarde, em 1986, aconteceu o maior acidente nuclear da história, na cidade ucraniana de Chernobyl. Desde então, evidencia-se o debate sobre a segurança desta energia.

Para Patrick Monteiro de Barros, empresário que tem tentado introduzir o nuclear em Portugal, «a tecnologia moderna utilizada nos reactores em operação de 2ª geração não permite que se repita um acidente do tipo de Chernobyl. Os reactores de 3ª geração foram desenhados para aumentar por um factor de 10 a sua segurança intrínseca», frisa.

Opinião diferente tem Aníbal Fernandes, que assegura que este recurso não é seguro e aponta o dedo à actual tecnologia, que garante ser a mesma de há 50 anos. «Os novos reactores que hoje se pretende introduzir no mercado são os mesmos da geração anterior com algumas melhorias nos sistemas de alarme e segurança para colmatar as falhas técnicas reflectidas nos milhares de acidentes ocorridos em todos os países sem excepção», salienta.

Independentemente dos argumentos que possam ser utilizados, esta forma de energia não é bem vista pela opinião pública. Por exemplo, a única central nuclear austríaca, em Zwentendorf, a 50 quilómetros de Viena, nunca chegou a funcionar e está abandonada há 30 anos, desde que o povo austríaco rejeitou o nuclear no referendo de 5 de Novembro de 1978.



Autor / Fonte
Ângela Pirralho
Portal Ambiente
 
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