Depois do petróleo, o deserto transforma-se em exportador de sol

ecks1978

GF Ouro
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O que é que a Covilis, da Póvoa de Santa Iria, tem a ver com a corrida ao sol do deserto do Sara? Muito. Os espelhos que a nova unidade industrial do grupo Saint-Gobain vai produzir em Portugal pertencem a uma nova geração de produtos para um fim também inovador, há muito ambicionado pela indústria europeia.

A fábrica portuguesa inaugurada na semana passada, e onde foram investidos 20 milhões de euros, vai produzir espelhos parabólicos para equipar centrais solares térmicas no Magrebe, Médio Oriente e sul dos EUA, essencialmente.

A esperança com que o grupo francês olha para este investimento, que considera de futuro, coexiste com a crise e o lay-off que se vive na "velha" Covina dos vidros para edifícios e automóveis, também sua propriedade.

Este tipo de espelhos interessa especialmente a espanhóis, franceses e alemães, apostados em correr de novo para o deserto, desta vez já não atrás do petróleo mas do sol.

Sonham desde os anos 70 com o plano de aproveitamento em larga escala do sol do deserto, com concentradores solares térmicos e uma tecnologia que transforma energia solar em electricidade (mas que não é fotovoltaica) transportada por grandes distâncias até ao Centro da Europa, onde será consumida.

A ambição ainda não saiu do papel, mas vários factores concorrem agora para que deixe de ser assim, uns mais importantes que outros: o maior de todos parece ser a batalha contra as alterações climáticas e o horizonte de negociação de um segundo acordo de Quioto.

O presidente da REN, José Penedos, admite estar em causa "o balanço das emissões de dióxido de carbono da Europa, especialmente da Alemanha". Este país precisa do seu carvão doméstico por muitos anos ainda para alimentar as suas centrais eléctricas, mas com a tecnologia do sequestro do carbono ainda longe de dominar, "a ponte faz-se apostando em novas tecnologias verdes com créditos de emissões associados", sublinha.

Ao mesmo tempo, é a miragem de negócios que dêem um novo fôlego à indústria europeia em crise e uma oportunidade económica para os paí-ses que acolherem a nova vaga de investimentos. O investimento total previsto é de quase 400 mil milhões de euros.

Eduardo Oliveira Fernandes, antigo secretário de Estado que lançou o primeiro plano integrado para a energia renovável e eficiência, não tem dúvida de que "este é um projecto estratégico" embora com uma forte dose de ironia: "Tentámos livrar-nos dos donos do petróleo, do Médio Oriente e do Magrebe e afinal eles são donos do 'petróleo' definitivo".

Neste projecto, os alemães e a poderosa indústria alemã querem liderar - vontade que ficou expressa na segunda-feira passada com a assinatura de um memorando de entendimento. Diz Manuel Collares Pereira, investigador e fundador da empresa Ao Sol, que nesta "corrida ao deserto" os alemães já lideram, sobretudo nos sectores industriais dos espelhos e dos tubos de vácuo, e que esta aposta é "uma alternativa excelente à energia nuclear".

Lançado há vários anos pelo Clube de Roma, o projecto Desertec - promovido por uma fundação com o mesmo nome, ligada ao rei da Jordânia - é todo em muito larga escala: para enviar à Europa a energia de que esta precisa e de forma sustentável, está projectada a instalação de gigantescas centrais solares térmicas no deserto e que podem equivaler, em 2050, à superfície dos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa.

Sobre os desafios técnicos, que fazem com que não se conheçam muitos detalhes, João Peças Lopes, investigador do INESC em redes, aponta a gigantesca infra-estrutura que vai ser a nova rede eléctrica pelos desertos fora e as várias travessias submarinas através do Mediterrâneo.

"É tecnicamente realizável", diz, acrescentando que apesar dos desafios, acredita neste projecto, "que reforçará a segurança da rede europeia".

Os desafios políticos não serão menores: o sonho do grande anel mediterrânico de electricidade, de que o Desertec fala, implica ligar entre si muitos países que têm funcionado em grande parte como ilhas, tanto entre europeus, como o Magrebe e o Médio Oriente.

Apesar de converter energia solar em electricidade, a tecnologia do Desertec distingue-se da tecnologia fotovoltaica, tendo assegurado que os níveis de perdas serão baixos. A energia será transportada em corrente contínua ao longo dos mais de 3000 quilómetros de trajecto, pelo que a perda de energia deverá ser inferior aos tradicionais um a dois por cento da muito alta tensão na Europa.

publico
 

cRaZyzMaN

GF Ouro
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existe nos usa uma coisa destas em funcionamento que usa a energia solar para a produção de electricidade, custa bastante mas a médio longo prazo é muito rentável e nada poluente.

pena é o espaço que tem de ter para usar esta tecnologia, a que vi tinha milhares de placas/espelhos que reflectiam a energia solar para um feixe e esta ia alimentar a central electrica, chegando a gerar 400 graus de calor com a reflecção
 
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