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Depressão Pós-parto: Quando a fragilidade emocional das mulheres já vem de trás

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GF Ouro
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Set 24, 2006
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A depressão pós-parto atinge cerca de oito a dez por cento das mulheres e,
pode surgir depois do blues pós-parto, também conhecido por síndrome afectivo ligeiro pós-parto, que afecta entre setenta a oitenta por cento das mulheres. Conheça as principais causas da depressão pós-parto, aposte na prevenção e saiba como pode tratar esta doença afectiva.



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Um elevado número de mulheres desconhece o que é a depressão pós-parto. Isto porque esta «surge frequentemente associada a uma doença psicológica que aparece de forma isolada numa mulher, que teve o seu bebé e desenvolveu este quadro de depressão a seguir ao parto», explica a Dra. Maria de Jesus Correia, psicóloga clínica do serviço de psicologia clínica da Maternidade Alfredo da Costa.

Segundo a especialista, é fundamental desmistisficar a ideia de que é comum uma mulher sem historial de depressão e que é emocionalmente estável vir a sofrer de depressão pós-parto. «Uma depressão pós-parto é uma depressão que surge na sequência do parto» e resulta de alguns factores predisponentes, principalmente, «de uma estrutura de personalidade emocionalmente frágil, com tendência à depressão», clarifica a especialista.

Porque surge a depressão pós-parto?

Essa compreensão da origem da depressão pós-parto baseia-se na análise dos vários casos que desenvolveram este quadro após o parto na Maternidade Alfredo da Costa e em outras maternidades. «Verificámos que a maioria destas mulheres já tiveram, antes da gravidez, episódios de depressão reactivos a situações de crise . Maria de Jesus Correia afirma que a depressão pós-parto pode estar relacionada com «dificuldades emocionais e/ou de relacionamento com o companheiro, ausência de projecto de gravidez e maternidade ou um parto ou recuperação complicada».

Um pós-parto "azul" não é depressão

Apesar de poder desenhar o ponto de partida para o possível desenvolvimento de um quadro de depressão pós-parto em mulheres frágeis do ponto de vista emocional, o blues pós-parto ou síndrome afectivo ligeiro pós-parto não deve ser confundido com depressão e não a provoca sempre, sublinha Maria de Jesus Correia. «O blues pós-parto é uma entidade psico-afectiva relacionada com alterações emocionais normais que decorrem do pós-parto.

A mulher apresenta oscilações de humor (tem vontade inexplicável de chorar, irrita-se com situações do quotidiano), é afectada por alterações dos padrões do sono (dorme muito ou tem insónia) e da alimentação (está com muito apetite ou não lhe apetece comer).»

O blues pós-parto costuma surgir no segundo dia de purpério (após o parto) e caracteriza-se por sentimentos de tristeza e vontade de chorar mas que são superáveis ao longo do dia. «De manhã, pode ter vontade de chorar, mas ultrapassa essa situação e consegue organizar-se e fazer a sua vida normal, mesmo que à noite lhe suceda o mesmo», explica a psicóloga clínica da Maternidade Alfredo da Costa.

"Um turbilhão de emoções" nas 48 horas após o parto


A mulher apercebe-se - geralmente - já em casa da ocorrência de um conjunto de mudanças após o parto, "desde alterações hormonais, aos incómodos associados ao pós-parto (físicos e subida de leite), até à adaptação ao bebé», refere. A maternidade suscita uma mudança no estilo de vida da mulher, que deve agora preencher as expectativas sociais associadas ao novo papel social de mãe, o que gera por vezes o blues pós-parto. «Este quadro pode evoluir para uma depressão pós-parto, apesar de não a provocar necessariamente», esclarece Maria de Jesus Correia. O blues pós-parto pode durar entre uma a três semanas, mas regra geral vai desaparecendo.

O sinal de alerta surge quando essa situação não só permanece no tempo como também se agrava, originando uma depressão pós-parto, afirma. «Quando estes sintomas e afectos negativos acabam por condicionar a vida diárias da mulher, ou seja, ela deixa de cumprir de forma apropriada os seus papéis (cuidadora do bebé e gestora dos assuntos do lar), podemos estar na presença de uma depressão pós-parto».

Procurar ajuda especializada é essencial

A procura de ajuda é o ponto de partida para vencer a depressão pós-parto, num contexto em que é indispensável ultrapassar o estigma social relacionado com a incompreensão face ao facto de a maternidade não ser sempre sinónimo de alegria e realização. «No caso da mulher sentir que não está bem, deve recorrer a um profissional especializado (psicólogo) que a possa ajudar a compreender o que se está a passar», aconselha Maria de Jesus Correia. A especialista frisa que «o principal problema na depressão pós-parto é não ser diagnosticada e tratada». Daí a importância de divulgar informação referente à disponibilização de consultas de psicologia clínica nos centros de saúde e nas maternidades. «O centro de saúde pode desempenhar um papel muito relevante por estar mais próximo das mulheres e da comunidade.»

Abraçar a maternidade com o apoio e compreensão da família

A adaptação à maternidade é um desafio e, de alguma forma, constitui uma fonte de ansiedade e receios para as mulheres que sofrem de blues pós-parto ou para aquelas cujo quadro evolui para depressão. Mas o apoio e compreensão da família podem fazer toda a diferença. «A partilha das tarefas entre a mulher e alguém da sua família, bem como a presença e apoio do companheiro revestem a máxima importância», reforça a psicóloga clínica da Maternidade Alfredo da Costa. À família cabe igualmente incentivar a mulher a pedir ajuda caso se aperceba que ela não se encontra bem ou que tem dúvidas em relação à maternidade. «Os familiares devem evitar tecer críticas ou desvalorizar as queixas das mulheres».

Os casos de depressão pós-parto diferem do blues pela necessidade do seguimento de um tratamento misto baseado, por um lado, na toma de anti-depressivos e, por outro, na frequência de consultas de psicoterapia. «Se a mulher tem insónias, chora persistentemente, não se consegue concentrar e organizar há pelo menos duas- três semanas, deve procurar o seu médico de família para que este lhe receite anti-depressivos, pois pode ter uma depressão que necessita de ser tratada. O tratamento precoce devolverá a qualidade de vida à mulher, evitando recaídas».




In;Jornal do Centro de Saúde
 
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