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Doença bipolar
Um drama ainda pouco entendido Aos 21 anos Delfim Oliveira teve um comportamento "esquisito" que o pôs de "quarentena" num navio. Vinte anos depois a descoberta que era doente bipolar e a estigmatização que sofreu obrigou-o a mudar de vida.
Esta doença, segundo o director de Serviço de Psiquiatria do Hospital Júlio de Matos, José Manuel Jara, é a perturbação do foro neurológico com maior incidência em Portugal, afectando cerca de 200 mil pessoas, seguida pela esquizofrenia, que atinge cerca de 100 mil.
Actualmente director da Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Maníaco-Depressivos, Delfim Oliveira contou a sua história numa sessão de esclarecimento sobre doenças mentais, em Lisboa.
"Aos 21 anos tive os primeiros sintomas de bipolaridade quando estava embarcado na Fragata Vasco da Gama e violei o Código de Disciplina Militar. Fiz trinta por uma linha", recordou.
Por conselho do comandante, consultou o médico do navio que, em vez de lhe diagnosticar uma doença mental, disse-lhe que tinha paludismo, colocou-o de quarentena e assim "cortou-lhe a liberdade".
Passados 20 anos (1986), Delfim Oliveira teve outro episódio com sintomatologia que os amigos pensaram que era algum problema de "droga" ou o efeito de alguma "bruxa".
Mais tarde seguiu-se outro episódio, o pior, que o obrigou ao internamento no Hospital Júlio de Matos, onde lhe colocaram o "rótulo de maníaco-depressivo". A partir daí, Delfim Oliveira teve de abandonar as suas actividades profissionais, ligadas à política e ao sindicalismo, e arranjar novos amigos devido ao "estigma" a que foi votado.
Presente na sessão de esclarecimento, a chefe do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Santa Maria, Maria Luísqa Figueira, afirmou que "existe preconceito relativamente à doença mental".
"O primeiro preconceito é achar que só há uma doença mental quando há várias", sublinhou a psiquiatra, lembrando que estas doenças são do ramo da medicina e têm tratamento.
José Manuel Jara alertou, por outro lado, para a estigmatização dos medicamentos psiquiátricos, assim como dos médicos psiquiatras.
"Há um preconceito anti-psiquiátrico no sentido do recurso terapêutico", afirmou o médico, alertando que "qualquer pessoa pode ter uma doença psiquiátrica".
Apesar de em Portugal não existirem dados epidemiológicos fiáveis sobre a prevalência das doenças mentais, a Sociedade Portuguesa de Psíquiatria e Saúde Mental estima que cerca de 10 por cento dos portugueses já sofreu, em algum período da vida, de perturbações psiquiátricas.
A maioria das perturbações psiquiátricas começa a manifestar-se antes da adolescência, mas pode também surgir na fase adulta. Na origem estão determinantes genéticas e factores psicológicos, tóxicos, físicos e sociais.
Fonte:Correio dos Açores

Esta doença, segundo o director de Serviço de Psiquiatria do Hospital Júlio de Matos, José Manuel Jara, é a perturbação do foro neurológico com maior incidência em Portugal, afectando cerca de 200 mil pessoas, seguida pela esquizofrenia, que atinge cerca de 100 mil.
Actualmente director da Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Maníaco-Depressivos, Delfim Oliveira contou a sua história numa sessão de esclarecimento sobre doenças mentais, em Lisboa.
"Aos 21 anos tive os primeiros sintomas de bipolaridade quando estava embarcado na Fragata Vasco da Gama e violei o Código de Disciplina Militar. Fiz trinta por uma linha", recordou.
Por conselho do comandante, consultou o médico do navio que, em vez de lhe diagnosticar uma doença mental, disse-lhe que tinha paludismo, colocou-o de quarentena e assim "cortou-lhe a liberdade".
Passados 20 anos (1986), Delfim Oliveira teve outro episódio com sintomatologia que os amigos pensaram que era algum problema de "droga" ou o efeito de alguma "bruxa".
Mais tarde seguiu-se outro episódio, o pior, que o obrigou ao internamento no Hospital Júlio de Matos, onde lhe colocaram o "rótulo de maníaco-depressivo". A partir daí, Delfim Oliveira teve de abandonar as suas actividades profissionais, ligadas à política e ao sindicalismo, e arranjar novos amigos devido ao "estigma" a que foi votado.
Presente na sessão de esclarecimento, a chefe do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Santa Maria, Maria Luísqa Figueira, afirmou que "existe preconceito relativamente à doença mental".
"O primeiro preconceito é achar que só há uma doença mental quando há várias", sublinhou a psiquiatra, lembrando que estas doenças são do ramo da medicina e têm tratamento.
José Manuel Jara alertou, por outro lado, para a estigmatização dos medicamentos psiquiátricos, assim como dos médicos psiquiatras.
"Há um preconceito anti-psiquiátrico no sentido do recurso terapêutico", afirmou o médico, alertando que "qualquer pessoa pode ter uma doença psiquiátrica".
Apesar de em Portugal não existirem dados epidemiológicos fiáveis sobre a prevalência das doenças mentais, a Sociedade Portuguesa de Psíquiatria e Saúde Mental estima que cerca de 10 por cento dos portugueses já sofreu, em algum período da vida, de perturbações psiquiátricas.
A maioria das perturbações psiquiátricas começa a manifestar-se antes da adolescência, mas pode também surgir na fase adulta. Na origem estão determinantes genéticas e factores psicológicos, tóxicos, físicos e sociais.
Fonte:Correio dos Açores