Doenças de Inverno

Luana

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OBSTRUÇÃO NASAL
O entupimento nasal é uma situação muito comum, cada vez mais frequente, mas que continua a causar muita ansiedade aos pais, sobretudo quando causa mau dormir, ressonar, e até apneias de sono. O nariz funciona nos seres humanos como filtro de tudo o que nos entra juntamente com o ar: poeiras, micróbios, fumos, poluição ou substâncias alergéneas. Para evitar que essas partículas indesejáveis entrem nos brônquios e pulmões, o nariz «apanha-as» e o resultado é a produção de muco e de secreções (vulgarmente chamado ranho). É por isso que as crianças andam com o nariz entupido, algumas desde muito novas, quase logo desde nascer. E essa obstrução rapidamente se traduz também por tosse, otites e outras situações. Pelo que foi dito, depreende-se ser fundamental manter o nariz das crianças bem permeável. Além disso, o nariz tem um sistema de aquecimento e de humidificação natural, dado que é formado por ossos muito irrigados de sangue.




A utilização do soro fisiológico ou dos preparados nebulizadores feitos com água do mar (de que já há diversos no mercado) é uma boa solução, embora estes últimos não devam propulsionar em jacto, pois pode causar empurramento das secreções nasais para o ouvido.

Para além disso, existem outros medicamentos (denominados vasoconstrictores nasais e que deverão ser receitados pelo médico), que diminuem as secreções. Não devem, contudo, ser utilizados mais do que três, quatro dias no máximo, porque passado este prazo começam eles próprios a actuar ao contrário e a produzir mais secreções.



ADENOIDITE
Os adenóides são estruturas de defesa que se situam na faringe e filtram o que de inconveniente possa chegar por estas duas «portas de entrada» – seja poluição, ou micróbios. As secreções produzidas pelos adenóides, muitas vezes infectadas, escorrem para a frente e enchem o nariz (a criança anda ranhosa); vão para cima, sobretudo quando a criança não se assoa e funga (e atingem o ouvido médio podendo causar otite); e escorrem para baixo enchendo os brônquios (a criança tem tosse).
O ranho pode ser amarelo-esverdeado e como é muito atrás, a tendência da criança é fungar e não se assoar, dando autênticas injecções desse material infectado aos ouvidos. Finalmente a tosse: durante o dia a criança está quase sempre na posição vertical e acordada, pelo que as secreções escorrem para o esófago e ela engole-as, causando contudo irritação gástrica, vómitos e falta de apetite. À noite, porém, enchem os brônquios e dão tosse. A maioria dos casos são leves e a situação consegue-se controlar apenas com utilização de soro, nebulizadores de água-do-mar, gotas nasais e assoar-se.



OTITES
Há escassos meses falámos de otites, pelo que referirei apenas duas ou três coisas: muita gente pensa que as otites «se apanham» por fora, ou seja, através da orelha e do canal auditivo externo, donde o receio das correntes de ar e do vento. Mas as otites médias agudas, resultam da subida das secreções nasais e dos adenóides para o ouvido, «por dentro».


Os sintomas de otite variam muito conforme a idade da criança. Nos bebés podem ser apenas febre, choro (equivale à dor), mal-estar, recusa de mamar, diarreia e outros sinais inespecíficos. A criança maior, que já se queixa, refere dor e também tem febre. Esta situação enxerta-se geralmente numa constipação e obstrução nasal que começou nos dias anteriores. Quando a otite abre, a dor desaparece, assim como a febre e sai pus pelo canal auditivo externo.

A princípio pode pôr-se gotas nos ouvidos, para diminuir a dor, e tratar da obstrução nasal (soro, nebulizadores de água do mar, vasoconstrictores, etc.). As otites são extremamente frequentes – calcula-se que pelo menos duas em cada três crianças tenham um ou mais episódios até aos três anos de idade. Se os sintomas persistem, então a criança deverá ser vista por um médico. A otoscopia confirmará o diagnóstico e o médico instituirá a terapêutica.
As evidências científicas apontam cada vez mais para um tratamento conservador das otites, havendo alguns estudos que, inclusivamente, não propõem o uso de antibióticos.



AMIGDALITE
As amígdalas, tal como os adenóides, são órgãos de defesa anti-microbiana e anti-poluição. As infecções costumam surgir sobretudo em crianças de idade pré-escolar e escolar e os sintomas têm a ver com a infecção (febre, que pode ser alta se o micróbio infectante for uma bactéria, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e de barriga) e com o aumento das amígdalas (dor a engolir, dificuldade em respirar e falar, tosse, inchaço dos gânglios que ficam por baixo da boca – e que muitos pais pensam ser as próprias amígdalas –, mau hálito, rouquidão, tosse seca e vómitos.

As bactérias que causam as amigdalites, com destaque para os estreptococos, transmitem-se geralmente a partir de gotas de saliva (“perdigotos”), espirros ou infecções da pele causadas por essa bactéria.

A escarlatina, tão temida pelos pais e que aparece em surtos, nos jardins-de-infância, é nem mais nem menos do que uma amigdalite com pintas, causada também pelo estreptococo, mas por um tipo especial que tem uma substância que causa essas manchas na pele e é muito contagioso. O tratamento é o mesmo: antibiótico.
É preciso, pois, que a amigdalite seja vista ou confirmada pelo médico, para saber se há lugar a antibiótico. Muitas vezes é necessário mesmo fazer-se um exame do pus das amígdalas (exsudado amigdalino) para se perceber qual a bactéria presente e a que antibióticos é sensível. A dor de garganta, especialmente a engolir e com alimentos ácidos, quentes ou duros, pode ser de tal modo intensa que a criança não come praticamente nada.

Nos três primeiros dias, a criança poderá ser mantida em casa, aguardando-se a evolução dos acontecimentos, apenas com medicamentos para a febre, para a dor de cabeça e com alimentação líquida ou pastosa, fria ou morna e sem substâncias ácidas (gelados, por exemplo). Passados esses dois, três dias, se a situação se mantiver, convém a criança ser observada por um médico. No entanto, se os sintomas forem muito evidentes e as amígdalas tiverem pontos brancos, ou se o estado geral estiver mau, a criança muito queixosa, então é melhor ouvir a opinião de um médico porque poderá ser um dos casos que precisam de antibiótico ou mesmo outra doença (mononucleose). A penicilina é muito eficaz, mas é dolorosa porque tem de ser dada por via injectável. No entanto, se for esta a opção, bastará uma única injecção e não duas ou três, como algumas vezes ainda se vê prescrever. A amoxicilina, em esquemas de apenas seis dias, é eficaz para as amigdalites causadas pelo estreptococo. Só devem ser medicadas com antibiótico as amigdalites que se provem ser bacterianas ou que tenham sinais fortemente suspeitos de o ser. As crianças com amigdalite causada por estreptococo são contagiosas até cerca de 48 horas após começarem u antibiótico adequado.



LARINGITE
A história da laringite (também chamada crupe) é muito característica: a criança deita-se normalmente, sem sinais de doença ou pelo menos só com o nariz ranhoso e, de repente, a meio da noite, os pais ouvem-na tossir, com «tosse-de-cão» e rouca. Quando chegam ao quarto a criança está acordada, sentada na cama, com dificuldade respiratória variável, mas geralmente aparentando estar com «fome de ar».
A falta de ar da laringite distingue-se da asma porque a dificuldade é na entrada do ar (inspiração), e a criança faz um silvo quando enche o peito de ar, muito típico (e que se chama estridor, donde vem o nome laringite estridulosa).
O crupe assusta e não deve ser minimizado. Se os pais acham que a situação está a fugir ao seu controlo deverão ir a um serviço de urgência, para fazer um aerossol especial.

BRONQUIOLITE
A bronquiolite surge em crianças com menos de 12 meses de idade, e é uma causa muito frequente de internamento. O agente mais frequente é o vírus respiratório sincicial (VRS), típico do Inverno. Por vezes outros vírus podem estar implicados, como os adenovírus, que surgem por surtos e podem deixar fragilidade brônquica durante muito tempo. O VRS transmite-se através da tosse, dos espirros ou das secreções nasais de uma pessoa infectada (e os adultos não dão por estarem infectados) – a lavagem de mãos, quando se tratam as crianças, bem como o uso de máscara quando se está constipado podem impedir a contaminação.
A acção dos vírus leva a descamação das células da parede do bronquíolo, com congestão e grande obstrução, o que provoca um enorme aumento da resistência à entrada e sobretudo à saída do ar.

Clinicamente a bronquiolite manifesta-se por dificuldade respiratória, sobretudo à saída do ar (expiração) e respiração muito sibilante (pieira).
Há geralmente uma história de constipação banal nos dias anteriores e a duração das bronquiolites é curta (dois/três dias) mas enquanto a situação não se resolve deve-se manter a criança sob vigilância porque a qualquer momento a obstrução bronquiolar pode sofrer um agravamento.

O tratamento passa por:
● colocar a criança em posição semi-sentada, para que respirar não seja tão cansativo;
● realizar sessões de cinesiterapia e aerossóis, três a quatro por dia, com cerca de 15 minutos de duração;
● garantir uma correcta hidratação;
● desobstruir o nariz. Se a situação não melhorar ou houver grande dificuldade respiratória, cianose (o bebé ficar azulado ou arroxeado), cansaço extremo, mau estado geral ou incapacidade de se alimentar e ingerir líquidos, a criança deverá ser imediatamente levada a um serviço de urgência.



RESFRIADO – CONSTIPAÇÂO
As constipações são das doenças mais frequentes entre o primeiro e os cinco anos. São provocadas geralmente por vírus – predominantemente os chamados rinovirus que, como o nome indica, infectam o nariz, mas também por outros tipos de vírus –, e revelam-se por aumento das secreções nasais, espirros, obstrução nasal, sensação de «nariz cheio», dor nasal, febre baixa e falta de apetite. Ocorrem sobretudo no Outono e no Inverno, devido ao tempo frio e húmido, e ao facto de, por causa da chuva e do mau tempo, as crianças estarem mais fechadas em casa (ou nos infantários e jardins-de-infância), havendo maiores hipóteses de propagação.

A transmissão dos vírus respiratórios responsáveis pelas constipações faz -se por via aérea, através dos espirros, tosse ou «perdigotos» de uma pessoa infectada. Muitas vezes, os adultos nem percebem que estão doentes, dado que os sintomas de obstrução não são marcados como na criança, que tem as vias aéreas mais estreitas. Salvo os casos em que a febre é alta ou as secreções esverdeadas e não passam, o melhor tratamento é tratar apenas os sintomas de obstrução, aplicando soro fisiológico e ou um preparado de água do mar, um descongestionante em gotas (não ultrapassando os três dias de utilização) e, sobretudo, dando à criança condições de conforto – descanso, bebidas quentes, posição de dormir um pouco inclinada (colocar uns livros debaixo dos pés da cama, na cabeceira) para a criança poder respirar melhor, aerossol nasal para hidratar as secreções nasais... e pouco mais.

Os antibióticos não têm qualquer utilidade, a não ser nos casos em que já há infecção bacteriana – e mesmo assim nem em todos os casos, pelo que deverá ser sempre o médico a receitar este tipo de medicamento.



GRIPE
A gripe é uma doença viral, causada por um agente específico – o vírus da gripe, de que existem algumas variedades (designadas por estirpes) – e causa uma doença típica: febre, dores musculares, mal-estar, quebra do estado geral, tosse seca, irritativa e dores de garganta, dores de cabeça, e perda de apetite, dores abdominais e vómitos, entre outros sintomas. Aparece sobretudo nos meses de Inverno e propaga –se de pessoa para pessoa, principalmente através da tosse e dos espirros, desde um dia antes de ter sintomas até cinco dias depois. A vacina da gripe, em anos não epidémicos, está indicada nas crianças que tenham factores de risco e deve ser feita preferencialmente no Outono.




PNEUMONIA
Chama -se pneumonia a qualquer inflamação dos pulmões causada por uma infecção por bactérias, vírus ou outros micróbios. Geralmente estes microorganismos entram pelo ar, através da respiração. Algumas vezes, os vírus, que não provocam pneumonia, abrem caminho às bactérias porque causam estragos no sistema de defesa.
Os sintomas de uma pneumonia bacteriana aparecem subitamente e podem incluir dor torácica, febre, arrepios, dificuldade respiratória e aumento da frequência cardíaca. Quando surgem estes sintomas, há que suspeitar de uma pneumonia. São sinais de gravidade, mesmo de emergência médica, incluem febre muito alta, cor da pele arroxeada, prostração, confusão mental. Se com a tosse vier pus ou sangue, deve levar -se a criança imediatamente à urgência. Quando a pneumonia é nos lobos inferiores, um dos sintomas dominantes pode ser a dor na barriga que, juntamente com a febre, os vómitos e a prostração simulam frequentemente apendicite aguda.
As pneumonias causadas por um organismo chamado mycoplasma são um pouco diferentes, mais parecidas com a gripe, com cansaço, febre não muito alta, dores de garganta e diarreia. A tosse é seca e repetida, e prolonga-se durante semanas.

O tratamento das pneumonias, passa por:
● desobstruir – a obstrução das vias aéreas é o responsável pelos sinais e sintomas, devendo por isso ser o principal alvo do tratamento – o nariz deverá ser desobstruído, através da colocação de gotas de soro fisiológico e gotas de fenilefrina duas a três vezes ao dia, durante três dias). A cinesioterapia é fundamental;
● hidratar adequadamente – dar água e líquidos, fazer aerossol frequentemente e baixar a febre;
● fraccionar-se as refeições;
● temperatura ambiente neutra;
● desobstruir as vias aéreas ;
● fluidificar as secreções – utilizando aerossóis, para que as secreções possam sair em maior quantidade, em cada tosse;
● cinesiterapia (“pancadinhas”) e drenagem postural;
● repouso e não voltar à escola antes de convalescer.
 
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