Engodo (i)

helldanger1

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PREPARAÇÀO E CONSERVAÇÀO

Em pleno defeso a maioria dos carpistas arruma as botas e fica à espera da abertura para se voltar a dedicar aquilo que tanto gosta de fazer.

A realidade é que se pode aproveitar o defeso para um conjunto de actividades como a manutenção do material, descoberta de novos pesqueiros e mesmo preparação de iscas e engodos para a nova época.

Em casa podemos então aproveitar para fazer boilies, engodos e sementes em quantidades significativas. Precisamos é de saber como preparar e conservar.




ENGODO

Embora os engodos devam ser preparados no local e no momento da pesca, fundamentalmente para tirar partido do uso da própria água do local, uma vez que o uso de água da rede pública irá adicionar, entre outros, cloro, e não fazendo sentido usar água engarrafada para a confecção do mesmo, também é verdade que fazer o engodo no momento da pesca não é uma tarefa que demore muito tempo e que faz com que o peso total a transportar seja inferior.

Em contrapartida, podemos aproveitar para, ao invés de comprar farinhas de engodo feitas (que há que reconhecer que têm a vantagem de ter provas dadas), investir na confecção das nossas próprias farinhas, em quantidade, poupando com isso verbas significativas e, com um bocado de sorte, descobrir uma mistura secreta que produza excelentes resultados.

Dependendo da frequência com que pesque e, tendo em conta que em cada sessão de iremos consumir em média cerca de 2Kg a 5Kg de farinha, a primeira coisa a fazer é uma conta para apurar a quantidade de farinha que desejamos produzir e, deste modo, escolher o recipiente adequado para a sua conservação.

Para efeitos deste artigo, vamos preparar +- 45 Kg de farinha de engodo, o que nos dará engodo para 10 a 20 idas à pesca.

Os ingredientes base a usar são os habituais para a carpa:

- Farinha e/ou Sémula de Milho.
- Farinha e/ou Sémula de Trigo.

A ideia é que, ao adquirir estes ingredientes em quantidades maiores do que é normal, irá obter melhores preços. Um dos locais a procurar são as próprias moagens ou cooperativas agrícolas.

É fundamental que as farinhas usadas não contenham fermento, que é o que não acontece com a maioria das farinhas usadas para culinária. Vamos então arranjar, como base, os seguintes ingredientes nas seguintes quantidades.

- 10 Kg de Farinha Milho
- 10 Kg de Sémula de Milho
- 10 Kg de Farinha de Trigo
- 10 Kg de Sémula de Trigo

O restante poderá ser completado com outros tipos de farinha mais à base de cheiro, aumentando o nível de atracção, como o amendoim, cânhamo, ou mesmo um desses tantos —Cheirix“ que existem no mercado. Também pode adicionar alguns elementos de
textura como duas caixas de flocos de milho.

Poderá ainda optar por fazer um engodo à base de farinha de peixe, que em certas situações poderá produzir excelentes resultados, mas regra geral é menos consistente.

Para misturar e conservar estas quantidades de engodo o melhor é um daqueles —latões“ de plástico grandes, onde se costumam guardar as azeitonas, que, ao rebolar no chão, mistura os ingredientes de forma homogénea sem grande trabalho e, com a sua tampa hermética, permite a sua conservação em condições ideais.
 

helldanger1

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SEMENTES

Quanto às sementes, também podemos aproveitar para preparar as misturas, e guarda- las até ao momento da fervura. Não há vantagem nenhuma em ferver as sementes com mais de 5 dias de antecedência de uma ida à pesca. Há sim vantagens em manter um bom stock de mistura para ir usando ao longo da época.

O recipiente recomendado é um igual ao usado para as farinhas e, a título de quantidades e ingredientes, para a confecção de 40Kg, poderemos fazer algo como;

- 20 Kg de Trigo
- 10 Kg de Milho partido
- 5 Kg de Cânhamo

Os restantes 5Kg com porções de 1Kg cada de outras sementes, como a ervilhaca, fava pequena, feijão, milho branco, etc.

A única desvantagem (será?) desta técnica é o facto de se misturarem sementes com tempos de cozedura diferentes, pelo que, deveremos respeitar os tempos de fervura dos ingredientes que demorem mais tempo, o que faz com que os de menor tempo de fervura, nomeadamente o trigo, fiquem meio empapados, mas o peixe não desgosta …
 

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BOILIES

Sem dúvida que a altura ideal para se dedicar tempo na confecção de boilies é a do defeso e, como os fazer, já foi detalhadamente abordado em números anteriores desta revista.

Apenas nos interessa neste momento abordar a questão da conservação.

Existem tipicamente duas maneiras de conservar boilies. A congelação ou a secagem ao ar.

Para congelar, deverá colocar os boilies, mal arrefeçam, num saco de plástico e coloca- los no congelador / arca.

Para os secar ao ar, deverá arranjar uma ou, dependendo das quantidades, várias redes
(aquelas de pôr o peixe com malha pequena são excelentes) e deixar os mesmos pendurados num local em que não sejam expostos directamente ao sol ou ao vento. Uma garagem ou arrecadação são os locais ideais. Convém mesmo é deixar pendurado de maneira a que não cheguem lá os ratos.

O boilie congelado será mais fresco e com os aromas mais intensos enquanto que o boilie seco ao ar será muito mais resistente.



NOTA FINAL

Como deve ter reparado não se falou muito neste artigo sobre os cheiros, aromas, etc. enfim todos os aditivos que podemos adicionar a engodos, sementes e boilies.

O principal motivo para que assim seja é que, ao fazer grandes quantidades, se asnearmos com as quantidades, podemos ficar arrependidos e depois não há como separar.

Por outro lado, as misturas —naturais“ dão resultados muito consistentes, pelo que, é deitar dinheiro literalmente para a água.

A recomendação é que, quem pretenda fazer uso desses aditivos, que são mais que muitos, deve adicionar os mesmos no momento da confecção das quantidades a usar na sessão de pesca.
 

helldanger1

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PREPARAR, LEVAR E USAR

Se bem estão recordados, falámos sobre a preparação e conservação de grandes quantidades de farinhas, sementes e Boilies.

Vamos agora, até porque está aí abertura, pegar no nosso investimento e levá-lo até à água.


ENGODO

Para um dia de pesca bastarão cerca de 2kg a 3 kg de farinha.

Devemos retirar a quantidade necessária do nosso bidão de reserva e colocá-la num balde. Um excelente utensílio para esta tarefa é uma garrafa de litro e meio de água cortada ao meio, usando-se a parte de baixo como —copo“ para retirar a quantidade necessária. Poderá pesar das primeiras vezes, mas depois, com a prática, já sabe que precisa de X medidas.

A operação deve ser feita o mais rapidamente possível e deverá certificar-se que o bidão fica hermeticamente fechado, para não entrar nem humidade nem bicharada.

Apenas devemos juntar a água à farinha no local da pesca, pois a água das nossas casas não tem normalmente produtos químicos que se dispensam num engodo, pelo que, basta
ir buscar a farinha na véspera da ida à pesca.

Independentemente da qualidade da nossa água de consumo, polémicas à parte, a água
do local de pesca é sem dúvida alguma a melhor para fazer o seu engodo e, simultaneamente, vai mais leve, pois, 3 Kg de farinha irão levar uns 2 Lts a 3 Lts de água, o que pesa num balde.

A quantidade de água varia com o gosto pessoal de cada um mas, deve-se obter uma pasta que permita formar bolas consistentes do tamanho de uma laranja.

Após feito o engodo, coloque logo umas 8 a 10 bolas dentro de água, na zona onde vai pescar. Deixe passar pelo menos umas 2 horas antes de voltar a engodar
 

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SEMENTES
Quanto às sementes, devemos preparar cerca de 3 Kg a 5 Kg para uma sessão de pesca. Também para as retirarmos do recipiente, a tal meia garrafa de litro e meio de água dá
muito jeito.

Voltamos a fechar o bidão e a garantir que o fizemos bem, pois, embora a humidade não seja grave, a bicharada não falha a hipótese de se instalar a viver num mundo que, para ela, é um mundo feito de comida.

Esta preparação deve ser feita com alguns dias de antecedência, pois é fundamental que
as sementes sejam colocadas de molho durante pelo menos 24 horas e fervidas durante uma hora.

Imaginemos que vamos à pesca no Sábado. Na 2ª feira à noite, retiramos as sementes e colocamo-las numa panela grande até esta estar a meia altura. Atenção que para a preparação de 5 Kg de sementes a panela tem que ter capacidade para cerca de 10 Kg (o
dobro) pois as sementes incham muito (dobram de volume).

Encha de água até esta ficar a 2/3 da altura da panela e deixe ficar durante, pelo menos,
24 horas, no nosso caso, deixamos até 4ª feira à noite, momento em que acrescentamos água até ½ da panela e colocamos em lume brando, deixando ferver lentamente e mexendo de 10mn em 10mn com uma colher de pau, até vermos que as sementes estão cozidas (cerca de uma hora).

Apagamos o lume e deixamos a arrefecer. Podemos ir dormir que só na 5ª à noite é que iremos passar o resultado para um balde (isto se não desejar levar a própria panela).

Coloca-se na arrecadação e deixamos começar um ligeiro processo natural de fermentação que fará com que o —petisco“ esteja mesmo —no ponto“ no Sábado.

Chegando ao pesqueiro, espalhe logo cerca de metade do conteúdo pela zona onde irá pescar e deixe o resto para ir reforçando ao longo do dia.


NOTA: É óbvio que as Carpas comem sementes na natureza e ninguém as cozinha para elas. O que se passa é que também nunca encontram estas quantidades amontoadas de sementes na natureza (elas não chovem).
O motivo da fervura prende-se com fenómeno que pôde constatar da duplicação
de volume. Uma Carpa que encontre no fundo do seu habitat um tapete de sementes, garanto-vos que irá comer enormes quantidades. O fenómeno verificado de —inchar“ irá acontecer no interior do sistema digestivo da Carpa e poderá provocar danos irreversíveis à mesma, levando inclusive à sua morte.
Dito isto … fervam lá as sementes!
 

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BOILIES

Quanto aos Boilies, falámos nos dois principais métodos de conservação. Secagem ao Ar
e Congelação.

Para um dia de pesca podemos usar 2kg a 5kg de Boilies e em ambos os casos basta pegar nos Boilies antes de sair para a pesca.

A principal diferença está na sua utilização. Os Boilies congelados são de uso obrigatório,
ou seja, os que levar para a pesca deverão ser todos usados. Tal como com todos os alimentos, nunca se devem voltar a congelar. Isto tem a ver com a elevada produção de bactérias a que os alimentos que foram congelados estão sujeitos. Novamente, não queremos que as nossas amigas fiquem doentes …
Se não os usou todos … ofereça-os às Carpas no fim do dia.

Quanto aos secos ao Ar não há problema nenhum. Podem ir e vir as vezes que desejarmos e … conseguirmos!

Isto porque, se os deixarmos apanhar sol/calor têm tendência a rachar e, como tal já não serão válidos como isca … (podem-se sempre juntar às sementes ou engodo).

Hoje em dia há sacos térmicos próprios que se aconselham para guardar as bebidas, fruta, etc. durante o dia e … os Boilies!

Para uma ida com 2kg, ao chegar à pesca espalhe 1,5Kg pela zona e os restantes serão para usar presos aos sacos/fios/redes de PVA da sua montagem.
 

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NOTA FINAL

Com estes dois artigos ficámos a saber como poupar muito dinheiro em comida para as
Carpas e também com a ter sempre disponível.

Quanto à confecção e utilização … deixe-se levar pela imaginação e intuição, usando o bom senso. Porque não fazer o engodo de farinhas, misturar as sementes nele, juntar alguns Boilies e fazer bolas de engodo compostas pelos 3 elementos?

Aproveite os dias que faltam antes da tão desejada Abertura para eleger um pesqueiro e
ir lá fazer umas engodagens prévias … Uns 10 Kg de Boilies em duas idas (5+5) não é mal jogado.

Pode ser que seja na época de 2007/2008 que bata todos os Recordes !!!

Original: Diogo Aguas

cumpts
hell
 
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