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Ericeira multada por recolha não autorizada de lixo

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Ericeira multada por lesar o Estado

Na pequena vila piscatória tudo tem uma segunda vida


A Junta de Freguesia da Ericeira, Mafra, foi multada pelo Ministério das Finanças por lesar o Estado na venda de combustível. Tudo porque, a partir dos óleos recolhidos para reciclagem, a junta produzia o biodiesel para o funcionamento de uma viatura do lixo. A multa, de apenas um trimestre, rondou os oito mil euros. Já o Ministério do Ambiente multou a junta, mas desta vez por recolha não autorizada de lixo.

A situação, "no mínimo caricata", ironizou Joaquim Casado, presidente daquela junta, conduziu à paragem da produção de biodiesel mas não obrigou à não recolha do lixo: "Já imaginou o que acontecia. A situação é ridícula", lamenta o autarca. E mesmo assim, diz, "a junta ficou penalizada em muito, o nosso biodiesel, parecendo que não, ajudava muito nas contas da junta, pois não tínhamos de comprar combustível".

Na "pequena" vila da Ericeira "aproveita-se tudo". A reciclagem está "muito ligada à acção social". Por exemplo, com o dinheiro da venda - ao mercado francês - de garrafas de vidro de 46 restaurantes com quem a autarquia tem acordo, "pagamos pelo menos metade do ordenado de um ex--toxicodependente, que aceitou o nosso convite em ser também ele reciclado", explica ao DN Joaquim Casado.

Mas o bom exemplo desta vila piscatória vai mais longe. A junta tem estabelecido protocolos com várias empresas e, desta forma, tem conseguido que a vila seja "tão agradável para quem a visita como para quem cá vive todo o ano". Para as rolhas, estabeleceu um acordo com a Corticeira Amorim. "Já se contam 310 quilos de rolhas!, frisou, orgulhoso, o autarca. Segue-se um novo projecto, aliás, "todos os meses temos novos projectos ligados ao ambiente", lembra. Por isso, fez questão de salientar o novo projecto que está a nascer: "Vamos tratar dos resíduos alimentares através da vermicompostagem [reciclagem com utilização de minhocas]. Para isso, vamos ter um pequena estação de tratamento."

E, de facto, para quem se passeia na Ericeira, pouco ou nenhum lixo é encontrado no chão. Caixotes existem de dez em dez metros, assim como as "ilhas da reciclagem" com contentores para todo o tipo de lixo, até mesmo para óleos. E até cinzeiros. "Estamos agora a negociar novos cinzeiros para colocar à porta dos restaurantes", diz. Quem não cumprir as regras é castigado. Uma das "inovações" da freguesia é a colocação, em mupis espalhados pela cidade, de más práticas ambientais. Para tal, a junta colocou diariamente na rua um funcionário equipado com apito e máquina fotográfica. Todos os que "se portarem mal" têm a garantia de ver a sua foto afixada num placard. A inovação já "custou à junta vários processos judiciais. Mas a verdade é que as pessoas não repetem o erro", frisa Joaquim Casado.

Os frutos deste empenho são visíveis não só a nível da qualidade do ambiente como social: "Não se paga estacionamento, não há pedintes nas ruas, nem arrumadores. Tudo para nós tem uma segunda vida, vamos buscar tudo mesmo fora da Ericeira. Mobiliário, roupa, electrodomésticos. Se necessário, restauramos e damos a quem mais precisa", conta Joaquim Casado. De lamentar, diz Joaquim Casado, que este exemplo não seja seguido por outros freguesias.


DN
 
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