• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Estivadores unem-se em sindicato nacional para negociar impasse

kokas

GF Ouro
Entrou
Set 27, 2006
Mensagens
40,723
Gostos Recebidos
3
O protesto persiste no porto de Lisboa há um mês. Ninguém parou, mas a Maersk e a Hapag-Lloyd agora descarregam em Leixões


Dura há um mês a greve decretada pelos estivadores do Sul no porto de Lisboa caso as empresas introduzam pessoas estranhas no trabalho portuário. Nesse dia - que ainda não ocorreu - os estivadores prometem parar o terminal onde isso ocorrer. Pelo sim, pelo não, um dos maiores armadores mundiais, a Maersk, decidiu alterar as escalas para substituir Lisboa por Sines ou Leixões. Já a Hapag-Lloyd tinha anunciado o mesmo.As empresas portuárias falam em prejuízos indeterminados de milhões de euros e de impactos na credibilidade que só agora começava a recuperar, após as múltiplas greves de 2012 e 2013. "Começamos a recuperar o que tínhamos perdido nos seis meses de greves em 2012 e três meses em 2013 e todo o trabalho foi em vão. Depois de quase dois anos a trabalhar o mercado, temos uma greve absolutamente incompreensível", afirmou Rodrigo Moura Martins, da direção da Associação de Operadores do Porto de Lisboa (AOPL).Os sindicatos dos estivadores, por sua vez, estenderam o pré-aviso de greve até ao dia 21 de janeiro e preparam a união num único sindicato nacional, já no primeiro trimestre de 2016, como forma de passar a representar cerca de meio milhar de estivadores e chegar a mais trabalhadores nos portos de Lisboa, Figueira da Foz, Setúbal, Sines, Madeira e Açores (Terceira).A AOPL e a Associação Marítima e Portuária subscreveram um comunicado neste fim de semana, publicado nos principais jornais diários nacionais, acusando o presidente do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal, António Mariano, de ser responsável pelo "exercício de terra queimada" que tem rejeitado negociações, recusando a Lei do Trabalho Portuário, com prejuízos de repercussões nacionais. "É razoável antever que os sindicalistas se constituem responsáveis pela inevitável perda de empregos que resultará do definhamento das empresas e consequente diminuição de proveitos, estando a AETPL - Empresa de Trabalho Portuário - sem liquidez para os salários de dezembro", revelam os signatários.O país sobressaltou-se na semana passada quando um dos maiores armadores mundiais - a Maersk - anunciou a deslocação temporária das operações no porto de Lisboa, enquanto durasse a greve. Houve quem falasse na saída da Maersk de Portugal - mas não, a multinacional de origem dinamarquesa apenas desviou navios para Leixões ou Sines, consoante fosse mais oportuno. Poucos dias antes, também a Hapag-Lloyd, uma empresa de transporte de contentores alemã, tomara idêntica iniciativa.Não foi possível apurar junto das administrações dos portos qual será o prejuízo dos desvios de Lisboa ou o ganho para Leixões, nem o Ministério do Mar respondeu atempadamente ao DN/Dinheiro Vivo. O que se sabe é que os navios com destino a Lisboa irão para Leixões, continuando no entanto a ser processados pela Tertir, o maior operador portuário nacional. A empresa do grupo Mota-Engil, presente em Leixões, Aveiro, Figueira da Foz, Lisboa e Setúbal, também foi notícia porque vai ser vendida por 330 milhões de euros ao grupo turco Yildirim.Foi esse negócio anunciado 15 dias depois de os operadores portuários terem anunciado a caducidade do Contrato Coletivo de Trabalho que desencadeou a atual greve. "Quando esse grupo turco se instalou em Oslo, há um ano, a primeira coisa que fez foi despedir todos os estivadores", explica o presidente do sindicato António Mariano.Desde 2012 que a "luta dos estivadores tem sido pela manutenção dos postos de trabalho", enquanto as empresas de trabalho portuário "recorrem o mais que podem ao trabalho precário", daí que a greve convocada se aplique "apenas se as entidades empregadoras contratarem trabalhadores estranhos à profissão". Em Lisboa, meia centena de homens prestavam trabalho nessas condições até setembro. "Mas as empresas não os chamam para dar ideia de que a greve parou o porto", refere Mariano. Os operadores justificaram, por sua vez, que a lei do trabalho portuário limita as horas extraordinárias a um máximo de 250 horas anuais, o que os impede de colocar os referidos trabalhadores ao serviço.Em Leixões, afinal, o desvio de navios da Maerks e da Hapag-Lloyd de Lisboa não trouxe "acréscimo de trabalho ou dificuldades". De acordo com fonte ligada à estiva naquele porto, "já é normal a Maersk não enviar praticamente navios nesta altura do ano, até porque toda a carga entregue para o Natal começa a ser movimentada em outubro", portanto "não há mais navios, nem navios em espera, nem mais trabalho". No porto onde nunca há greves, só a coberto de anonimato se denuncia a "continuação da precariedade dos estivadores, em que a maioria trabalha em regime de prestação de serviços ou com contratos diários", tal como o DN/Dinheiro Vivo denunciou em 2012. Naquele a que os homens chamam "o último porto de África para quem vem de Sul", anseia-se pela adesão ao sindicato nacional, mas o temor de represálias traz a certeza de que "terá de ser em sigilo, sem aparecer no recibo de salário, ou perdemos o trabalho".


dn

 
Topo