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"Fonte de cem peixes" patente em Serralves

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"Fonte de cem peixes" foi criada por Bruce Nauman, em 2005, e é uma das principais peças do artista

Inauguram hoje, no Museu de Serralves, no Porto, duas exposições, que podem ser vistas até 6 de Julho. "Fonte de cem peixes", de Bruce Nauman, e "Violência institucional e poética", que reúne obras de Erik van Lieshout, Anne-Lise Coste e Tatjana Doll.

Erik van Lieshout encena nos seus vídeos acontecimentos em que participa, desfiando situações latentes para posteriormente as apresentar noutras encenações, semelhantes a um cinema.

Por seu lado, Anne-Lise Coste trabalha a escrita, numa "mise-en-scène" em que esta ganha autonomia, uma vida própria ligando-se à artista por uma via introspectiva.

Por fim, Tatjana Doll investiga pictogramas e meios que conformam a nossa vida social, representando-os em telas que nos permitem, pelas suas dimensões, um outro olhar, desmistificando a automaticidade das nossas respostas às suas directivas.

A peça de Bruce Nauman, "Fonte de cem peixes" (2005), é uma peça de grandes dimensões, que ocupa a sala central do Museu. Cem peixes em bronze estão suspensos acima de um reservatório de água. A água é expelida dos seus corpos através de orifícios, caindo no reservatório para depois voltar a ser reciclada, através de tubos, para o interior dos peixes.

Esta peça remete-nos para outras duas obras do artista, nas quais lidamos com animais suspensos "Carrossel" , de 1988, e, particularmente, "Sem título (dois lobos, dois veados)", de 1989. Nesta, a impossibilidade da relação entre os lobos e os veados, que estão próximos mas que não podem interagir, transita como linha de leitura para a "Fonte de cem peixes".

Aqui, a posição dos peixes relativamente ao seu elemento é subvertida. A água brota dos peixes para o reservatório num ciclo contínuo. O elemento deixa de ser o meio natural para se tornar algo externo. Por outro lado, é o único factor dinâmico, que indicia algo parecido com um ciclo de vida. Os peixes perdem a sua plasticidade e tornam-se pesados objectos de bronze, que, paradoxalmente, não possuem a capacidade de flutuar, apesar de se encontrarem suspensos.

A obra de Nauman surpreende ao frustrar as expectativas, subvertendo as relações estereotipadas que dão segurança à nossa percepção e apreensão do Mundo.


"Alexandra Beleza Moreira"
 
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