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Freamunde

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Um Nome...

Freamunde é um nome milenário. Genetivo de Fredemundus é de origem Germânica. Raiz para a paz (Frea) e associação para protecção (Monde). Paz e protecção tal qual uma marca de origem, sueva por certo, a propor emblemático destino a uma população que terá começado ali para os lados de São Martinho, em Freamunde de Cima. Enamorado da fertilidade e da beleza destas terras acolhedoras, o primeiro núcleo étnico, não cessou de crescer.
A protecção de São Martinho não lhe faltou e até foi reforçada com a de São Salvador. A paz e o progresso também não!
Por isso ainda hoje, Freamunde mistura Paz e Protecção, veste-as de galantarias e de quando em quando, prepara o seu arraial-espaço-feira para o rito do acolhimento a milhares de forasteiros em buliçoso convívio com as gentes da terra. Por isso Freamunde é de algumas vezes, diferente de qualquer outra terra.
Nesses dias, Freamunde é lugar de sociabilidade total. Lugar de liberdades, de inofensivas transgressões às regras do dia-a-dia. Lugar para não trabalhar, nem dormir. Quando muito para o negócio, que em si mesmo evoca o ócio. Lugar de encontro de uns com os outros, de trocas, de ostentação e distribuição de riquezas e pobrezas.O pretexto é o Santo e a Feira e para muitos ainda, o respeito e o preito de religiosidade. Duma religiosidade herdada de tempos anteriores ao cristianismo, de tempos em que a protecção era buscada para o dia a dia da vida.
Falar do arraial-espaco, da festa e da feira é assim trazer à memória uma realidade anterior.
É reconstruir um tempo em que a comunidade rural vivia fechada sobre si mesma todo um ano de servidão e canseiras. É recordar o regresso às origens e ao contacto com a natureza. Com os rituais colectivos, e as formas arcaicas de conviver, através das quais todos os laços de dependência se rompem, em fugaz igualdade, nos dias de feira e romaria.
É idêntica a alegria de ir e é igual a tristeza de voltar à penosa luta do trabalho diario.

A Terra e a paisagem

Abrange um horizonte de Ocidente a Oriente, num largo semicírculo protegido pelo Norte por uma cadeia de Montanhas.
São terras com um particular micro-clima que a bacia do Ferreira e a proximidade do Sousa, tornaram um viveiro de vegetação. E todos inclinados para o Douro, em orientacao NE-SW, e como que contrariando a grande vertente minhota que se orienta para o mar.
A região tem características climáticas atlânticas, com Verão moderado e curto que não chega para "desbotar a verdura dominante das paisagens" e em que as necessidades da colmeia humana transformaram as terras baixas dos vales, numa policromia de culturas e prados, com árvores em renques a demarcar os campos. Por todo o lado, a vinha e o milho que a partir do Séc. XVI se tornou, juntamente com a criação de gados, a base económica das populações.
Aqui e ali, ainda os traços da antiga economia pastoril, que seria a natural vocação destas gentes que "tinham a manteiga como gordura e a cerveja e a cidra como bebida fermentada."
Só recentemente o urbanismo tornou aqui, em alguns sítios, o "habitat" concentrado, típico de cidades ou vilas modernas. Ao redor destas "ilhas" urbanas resta ainda a dispersão da casa rural em que a gente vive mais para os seus campos e quintas que para a comunidade de vizinhos.
É o casal isolado, o grupode poucas habitações, ou os lugares com poucos moradores, abertos para os seus quintais e caminhos por onde circula a vida agrícola. Com o decorrer dos tempos, o fenómeno urbano alterou muito esta paisagem, mas ela aí está ainda, onde a deixam sobreviver. Na realidade a expansão das áreas urbanas em Freamunde é um fenómeno recente, que se acentuou nos finais do Sec. XIX e se exagerou após a II Guerra Mundial, quando a implantação industrial, trouxe consigo a concentração da construção urbana. A Indústria dispersou-se em pleno meio rural, acarretando profundas modificações no antigo povoamento, quer pela ocupação de solos, quer pela mobilidade que provocou nas populações.A emigração trouxe também, principalmente entre 1970-1983, um outro tipo de construção e uma nova fisionomia arquitectónica. Finalmente o comércio, demasiado concentrado na sua importância ao redor da Area Metropolitana do Porto (80% do total da regiao minhota) contribuiu também para descaracterizar toda a freguesia, tornando-a em muitos aspectos igual a tantas outras...
Mas, mais importante que lamentar as deficiências de organização e admnistração públicas, que permitiram o crescimento a esmo, será encontrar, vêr e sentir o que a verdadeira identidade cultural tem para nos mostrar em Freamunde.
Para esta terra situada na chamada chã de Ferreira, carreia o Douro uma quase constatne corrente de ar húmido e fresco que provoca abundantes chuvas e consequentes arrastamentos de terras altas e graníticas para os baixios que por isso se tornam férteis e renovados. Para Norte, temos a Serra da Cabreira, deslizando em prolongamentos e sub-serras no sentido do Sul, como que a indicar o caminho aos muitos rios e cursos de água até ao Vale do Sousa e do Tâmega.
Curioso é notar como também, étnicamente falando, as culturas que desde a Idade do Bronze aqui foram chegando, pelo mesmo caminho, e testemunham para este mesmo percurso, o predomínio dum mesmo tipo humano, dolicocéfalo, de média estatura e acentuado tom moreno.
Pelas encostas íngremes e agrestes que dão com dificuldade para chãos de meia altitude, os rios escrevem suas curvas e cavam gargantas de penhascos na paisagem. E, correndo pelas fracturas inerentes à formação geológica vulcânica, moldam territórios. O solo é de uma uniformidade monótona no que a sua estrutura se refere: é o granito e o xisto por toda a parte. E sao estas rochas que os agentes atmosféricos dividem e pulverizam no contínuo processo de erosão que proporcionam o aparecimento das terras férteis e fàcilmente cultivàveis dos fundos e vales.

Povoamento

Toda a área compreendida entre o Douro e o Minho, dizem-no as fontes clássicas, era habitada por um povo de etnias aparentadas, denominado como Galaicos. Estrabão diz que no ínicio se chamavam Lusitanos e que só a partir da ocupação romana se chamaram Galaicos, o que quererá mais dizer que a ocupação romana se limitou a integrar todos estes povoados na Lusitânia. Aqui então, a partir do Sec. V a.C. e até metade do Sec. II a.C., processa-se uma notável concentração de povoados com características comuns e que vulgarmente são conhecidos como cultura castreja.Aqui convergiram dois caminhos de povos, um deles pelo Norte e vindo do centro europeu, outro pelo Sul e vindo da area do Mideterrâneo. Ambas influências sao detectáveis em formas resultantes da aculturação nesta região.
Nas colinas e montes que rodeiam e demarcam os campos de exploração agrícola, na Idade do Ferro, instalaram-se os Castros ou por outro dizer, pequenas comunidades organizadas em famílias extensas, ligadas entre si por fortes laços de consanguinidade.

Tinham origem continental estas pequenas comunidades, as quais traziam consigo uma nova civilização. Quando, bastante mais tarde, os Romanos aqui chegaram, foram estas povoações que encontraram e delas fizeram alguns relatos escritos, pelos quais podemos conhecer, bem como pelo espólio encontrado. Em certos Castros de maior dimensão e importância, a romanização trouxe-lhes o ordenamento proto-urbano, uma poderosa montagem de muralhas e alguns edifícios públicos. Não é ilógico pensar que tudo isso exigia já uma unidade organizativa à qual terá presidido uma figura militar bem representada pela estátua tutelar do Guerreiro de Sanfins.
.Essa unidade organizativa estender-se-ia aos castros vizinhos, aliás estratègicamente organizados em primeiras linhas defensivas de povoamentos dependentes. Vasta área que englobava Negrelos, Lustosa e o próprio Monte Córdova e seguramente os núcleos castrejos documentados nas actuais áreas de Raimonda, Freamunde, Ferreira, Paços, Frazão, Penamaior, Meixomil, Eiriz, Lamoso, Codeços e para a vertente de Santo Tirso, o Castro do Padrão. Esta fase terá terminado pelos meados do Sec. I d.C.Em Freamunde, o Castro dos Mortórios, repartido com a vizinha freguesia de São João de Covas, apresenta ainda alguns vestígios, poucos, que a destruição foi quase total. Restam indícios do sistema defensivo. Aí se encontrou em tempos uma ponta de punhal em bronze, actualmente depositada no Museu do Seminário Maior do Porto.
A presença romana terminou por desprezar este "habitat" demasiado guerreiro e agressivo, obrigando, ou atraíndo núcleos populacionais para uma agricultura mais rentável e sistemática nas terras baixas e férteis. Os núcleos documentados passaram para Paços, Serôa, Frazão, Penamaior, Eiriz, Carvalhosa e Meixomil e Freamunde. São tempos de forte aculturação, de introdução de novas técnicas de cultivo e de profundo ordenamento jurídico da propriedade e afinal, duma nova cultura em sentido global. Os vínculos admnistrativos e económicos passam pela terra, e através dela para quem a possui em direito.
O aparelho do Estado, supra e regional, fazia-se representar por funcionários, prefeitos e seus legados móveis, fundamentalmente para questões de justiça, pois que para questões de impostos, aparecia o procurador. Mas no geral, o aparelho não se faria sentir com intensidade numa zona como esta, relativamente marginal aos principais interesses romanos. Desta forma, o autogoverno vigiado ao longe pela guarnição militar no couto mineiro de três Minas (V. Pouca de Aguiar), parece ter sido a forma admnistrativa vigente.

Os Suevos
 

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A presenca dos povos Suevos encontrou-se com formas de cultura que lhe eram inferiores. É sabido que , como no geral, respeitaram a situação encontrada, nos campos jurídico e admnistrativos (que aliás lhes eram desconhecidos), cedo se tornaram "amigos." Instalam-se junto a Braga, guardando seus tesouros e oficinas monetárias. O seu reinado na região, e sobretudo, o primeiro reino Católico. Surge pela primeira vez na historia Ocidental uma aliança perfeita entre Igreja e Estado. Com eles o impulso de S. Martinho de Dume, e acima de tudo, a organização paroquial que enquadra as populações da região. O centro eclesiástico mais influente estava em Meinedo (Lousada). A organização religiosa das populações deveu-se à profunda acção evengilizadora de São Martinho de Dume que certamente fundou ou reestruturou muitas paróquias da região, entregando-se à protecção do seu homónimo Sao Martinho de Tours. Os núcleos paroquiais de S. Martinho (Freamunde de Cima) e Frazão, serão disso testemunho.
No aspecto admnistrativo, atidas a si próprias, as populações atrevessaram séculos de relativa autonomia, àvolta da sua paróquia e da sua igreja que era um lugar para tudo. Protegia de abusos normais numa sociedade em formação, organizava reuniões onde se discutiam todos os assuntos locais, era o mercado e até o lugar de divertimento.Sobrevivem no entanto, os esquemas admnistrativos e políticos das antigas cividades, territórios e conventos e a algumas das suas formas admnistrativas e judiciais se recorria em tempo de crise para assuntos de importância político-admnistrativa. Sempre no entanto, em contexto de autonomia regional. O centro político-admnistrativo do território envolvente estaria em Entre-os-Rios: o territorio chamava-se de Anegia.
Esta tendência ao autogoverno, acentuou-se com o abandono dos principais detentores de poderes (principais Bispos e detentores de terras) à aproximação dos muçulmanos. Os núcleos populacionais resumem a sua vida ao arcaismo familiar da aldeia. As tradições e costumes locais são a lei.
Esta situação prolongou-se até às ocupações das terras envolventes por parte dos asturianos que procuraram com êxito, restaurar a autoridade eclesiastica necessàriamente por sua iniciativa e com controlo na região. Nao se terão peocupado tanto com a restauração de um poder civil admnistrativo e político coerente. E é de novo pela mão de fundações eclesiásticas que se inicia novo período de prosperidade, via melhor aproveitamento de terras cultiváveis da área do actual Concelho. Terras férteis e logo cobiçadas, que iam desde os vales do Tâmega ao Ferreira. Á disputa pela posse das terras nesta área, acorrem as grandes familias de entre o Minho, ricos homens e ordens monásticas e militares.
Desenha-se um novo quadro político-admnistrativo: A chamada então Terra de Sousa. É uma demarcação regional, de índole defensiva e autonómica em relação ao islão e ao domínio do reino de Leão. Grandes famílias nobres principalmente a dos Sousas oriunda da região de Baião e a dos Maias, todas elas por incumbências ou usurpação obtém direitos sobre terras egentes, que transformam em "honras" de que usam e abusam, demonstrando a sua riqueza na construção dos seus Paços e na fundação de igrejas e mosteiros de família.
Neste sistema se enquadram as terras das actuais freguesias de Carvalhosa, Eiriz, Sanfins, Codeços, Lamoso e Raimonda. Era uma zona de altitude, preferida para habitação destas famìlias nobres. As suas propriedades são objecto das inquirições de 1220. Os inquiridores começaram pelas terras de Portela, Carvalhosa, Lustosa, S.Feliz, Eiriz e Santa Cruz. Passaram de seguida a Lousada, Felgueiras e Aguiar de Sousa. Deixaram no entanto, claramente expresso que as terras referidas na primeira fase do inquérito, pertenciam ao Termo de Ferreira enquanto que as da zona sul do actual concelho, se chamavam do Termo de Aguiar de Sousa, com certo castelar defensivo em Paredes.
O objectivo desta divisão aparece claro à luz da intenção dupla de recuperar o que restava da privatização operada pelas grandes famílias senhoriais e era recuperável para os direitos e admnistração régia e também de enfraquecer a anterior hegemonia que exerciam em todo o Termo de Sousa. Aos nobres deixava-se o domínio das terras altas e pobres. À coroa régia, as terras baixas e férteis do Ferreira. Faltou força para tal incubência. Novamente enfraquecido o poder central ao tempo de Sancho II (1223-1248), as grandes famílias se apoderaram das terras a sul. Servem-se de aliados poderosos: as fundações monásticas que perseguem o mesmo objectivo.
Tudo isto a exigir novas Inquirições que não tardaram, logo que se estabeleceu o poder central com Afonso III (1248-1279).
Neste segundo exame à face das terras, a área aparece dividida em dois Julgados, a cada um dos quais preside um juiz como representante da corôa: o Julgado de Refojos, com Serôa, Penamaior e Frazão, e o Julgado de Aguiar de Sousa com os restantes.

Ao Julgado de Aguiar de Sousa, passam a pertencer o anterior Termo de Aguiar e o Couto de Ferreira de que Freamunde fazia parte. Uma vasta zona. Também variada e de pleno interesse económico, com propriedade, vila nobre e régia e cujo centro preponderante era justamente Paços de Ferreira.
Os dois Julgados tomam o rio Ferreira por fronteira natural.
Nessas Inquirições, realizadas nas terras de Freamunde, entre Maio e Outubro de 1258, Martim Anes na qualidade de prelado da freguesia, jura que a terra era de herdadores e que os habitantes escolhiam o pároco para o apresentarem à confirmação do Bispo do Porto.
O rei não tinha quaisquer direitos.'
 

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Freamunde é hoje uma vila bem equipada ao nível escolar e de formação profissional. Nem sempre assim foi, se bem que tenha de registar-se um avanço relativo desde tempos que remontam ao Sec. XV. Segundo o investigador da história de Freamunde, Coronel Baptista Barreiros, numa época em que só o clero e nem todo, sabia ler e escrever, já Freamunde contava com um elevado número de gente alfabetizada a avalair pelas inúmeras assinaturas registadas em todo o género de actas de Confrarias e Irmandades. Alguns dos membros das Confrarias eram "mestres de primeiras letras" já nos finais do Sec. XVII.
Parece também que se generalizou bem cedo o afã colectivo de aprender, quer em locais apropriados, quer nas casas particulares. Mais uma vez se tem de registar a enorme contribuição das várias Confrarias locais para a instrução e para a cultura e arte!
Relegião e arte sempre andaram ligadas; sempre aquela foi mãe desta e esta filha do fervor religioso, que fazia exarcebar as mentes e os corações, tornando-se verdadeiro motor para o arranque da imaginação e sentido estético, sem o que a arte não existe. É no fechar deste círculo que em Freamunde aparecem os anónimos artistas que erigiram os seus templos, cinzelaram as suas pedras (com as cruzes do "Calvário Velho" e a esquecida, mas maravilhosa "Pieta" da desaparecida Capela do Senhor do Calvário), entalharam e douraram os seus altares, pintaram os seus retábulos, bordaram os seus paramentos ou simplesmente os adornaram em dias festivos. Dias de Arte perdida... Como o lendário escultor que se entregava a criar estátuas de fumo, cuja beleza se perdia em poucos instantes, também os artistas Freamundences malbaratavam a sua arte, quando das procissões, na arquitectura dos seus andores, no imaginoso da sua figuração e, sobretudo, nos maravilhosos tapetes de flores cuja lembrança os anos vão apagando...
Todos de carácter religioso, os muitos festejos que em freamunde se realizam ao longo do ano, comportam hoje, contudo, características profanas que muito os têm engrandecido.

Associações Freamundences
Mas o Associativismo e a criação cultural passa por outros grupos de igual dinâmica: Uma casa de cultura (com sala de exposições, auditório e sala de leitura). Uma associação de Artes e Letras (A.A.L.F); com sede própria. Uma Associação Juvenil "Ao Futuro" (A.J.A.F). Uma Associação Musical, fundada em 1882. Uma associação de pais e encarregados de educação da Escola C+S. Um Clube Recreativo, fundado em 1926, com sede própria. Uma escola infantil de música, fundada em 3 de Janeiro de !973. Um Grupo Teatral. Um Grupo Folclórico. Duas Associações mutualistas: (Associação do Seguro do Gado e Associação dos Socorros Mútuos). Uma associação humanitária: a dos Bombeiros Voluntários.

Associação de Socorros Mútuos Freamundenses
Deste valioso lote associativo, só a "Associação de Socorros Mútuos Freamundense" se encontra, pràticamente, inactiva, uma vez que os seus estatutários foram impiedosamente relegados e ultrupassados pelos modernos sistemas de assistência e previdência. Tem, porém, para os Freamundenses um valor sentimental enorme pelos serviços prestados à terra.
A importância da Associação
A importância desta velhinha associação era de tal ordem, que nessa época (fins do século XIX), a melhor credencial que um rapaz podia apresentar aos futuros sogros, no dia do pedido de casamento, era o cartão de sócio desta associação; e pais havia que os chegavam a exigir como condição "sine qua non" para o acto... Hoje, a velha associação ainda mantem alguma utilidade, pois serve, estatutàriamente, de suporte jurídico a um Jardim de Infância e no seu salão chegou a projectar-se a construcao de um Teatro de Bolso para o Grupo Teatral Freamundense.(já efectivado)
No afâ de angariar fundos para esta Associação, germinou o gosto pelo teatro em Freamunde.
Primeiro nas festas organizadas por Alexandrino Chaves, aí pelo início do século, depois, na década de quarenta com Leopoldo Pontes e mais recentemente, a partir de 1963 com a fundação do G.T.F.
O teatro deve já ao G.T.F uma enorme contribuição artística com encenações de alta qualidade cénica de muitos actores nacionais e estrangeiros.
Refira-se, porque importante para o conhecimento da etnografia local, as representações regulares da peça de Fernando Santos , uma figura singular de timoneiro do teatro em Freamunde.
Da sua autoria representa-se de tempos a tempos a opereta Gandarela cujos traços de raiz e força popular, mostram "coisas que o mundo tem, que, sendo do mundo, são também um pouco de todos nós..."
É uma preciosa continuidade de velhas tradições teatrais perdidas no tempo e de que a memória regista ainda os autos de "Adão e Eva," a "Dança do Menino", "A Perdição do Mundo' e outros de sabor profissional muito ao gosto medieval, como a "Dança dos Alfaiates" (todos juntos a matarem uma aranha), ou a "Dança dos Pedreiros" (com as desventuras do rapaz dos picos), tudo a lembrar as criações vicentinas.
 

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A banda de Freamunde, fundada em 1822, regista actualmente 174 anos de actividade inenterrupta.
Tendo como actividade principal o ensino e promoção da cultura musical, orgulha-se de, da sua escola, terem saido grandes músicos, que intregraram ou integram os quadros das bandas da GNR, Força Aérea, Marinha, PSP, RIP, Orquestra do teatro de São Carlos, professores nas Escolas Profissionais e artísticas de Viana do Castelo e Caldas da Saúde.
Da sua vasta actividade, destaca-se o facto de já haver actuado em todo o Portugal,de ter efectuado quatro digressões ao estranjeiro (uma a Espanha e três a França) a convite das comunidades Portuguesas e dos consulados respectivos.
Participou em vários concursos onde foi distinguida com diversos prémios, nomeadamente uma "Batuta de Marfim", uma "Batuta Encastrada a Ouro" e uma "Medalha de Ouro."
Em 1979, alterou-se a designação de Banda Marcial de Freamunde para Associação Musical de Freamunde, situação que se impunha pela polivalência que a instituição atingiu, nomeadamente no aspecto da formação.
Em Maio de 1992, viu reconhecido o seu trabalho em prol da cultura musical, com a prestigiosa destinção de "Pessoa Colectiva de Utilidade Pública" atribuida pela Presidência do Conselho de Ministros.
Em 6 de Novembro de 1995, recebeu das mãos do Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira a "Medalha de ouro de Altruismo e Mérito," como reconhecimento do seu papel insubstituivel no campo da música e da formação.
 

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"Entre a arte e a arte, já o tempo e o espaço da arte coexistem na estética <<naif> do pintor Quim Bica. Isto só porque um <<saber>> do <<saber>> se lhe escapa: o da arte dele próprio. Mas o artista sabe-o? Ou, por outro lado, em que grau ele passa a sabê-lo e, progressivamente, a ignorá-lo? Sejam porém quais forem as gradações em que gravitem as consciências criativa e contemplativa do pintor, a verdade é que na sua arte outros signos ágem muito fora das semióticas regiões do seu alcance cognoscitivo. É de resto da grandeza desta extravasão e da situação estética daquelas gravitações que decorrem as medidas pelas quais as <<ingenuidades>> possíveis se nos apresentam."

de um ensaio de Fernando Alvarenga
publicado pela AJHLP em 1985



"O presente conjunto de esculturas, pinturas e objectos constitui a primeira tentativa de retrospectiva da obra deste artista de Freamunde. Na diversidade das técnicas que tem utilizado, o prodígio das suas criativas inquietações. Da madeira rendilhada ao livro de vidro, como balizas de um talento popular."
 

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Industria

Notícias, há-as da producao de mel e cera, alias como em todo o Portugal como referia Duarte Nunes de Leao ao escrever que dele era tanta "a copia" que bastava a populacao e ainda se exportava.
Nos finais do Sec. XVI ja nao seria tanta a producao dada a tendencia de incluir o acucar na producao de alimentos, particularmente na docaria de que a regiao era rica. E ainda e.
Quanto a cera era de longa data essencial a iluminacao. Cera e cirios produzidos em todos os ovoados e honrados pela festa da Senhora das Candeias pelo dois de Fevereiro.
Outra producao importante para a economia era a do linho de que se "faziam as delgadas e finas linhas e de maior alvura que ha em todo o universo" exagerava um tanto Duarte Nunes de Leao. A qualidade dos linhos era tal que muito dele se exportava, atraves dos mercadores do Porto que aqui os procuravam com regularidade. Com a producao do linho, a arte de fiar e tecer impunha-se em todas as aldeias.
O quadro completava-se com a exploracao dos moinhos de agua, os fornos, alguns colectivos, tal como os lagares para a feitura do vinho e uma ou outra saboaria.
Uma referencia a arte de tonoaria que nas zonas do litoral andava a par com a producao de conservas de peixe em sal e que na nossa regiao se destinava ao armazenamento de vinhos e a producao de louca domestica varia para liquidos.
Tanoeiros havia-os em todas as aldeias. Nem todos seriam grandes artistas se atentarmos que se chegou a obrigar os artistas a marcarem as suas obras por forma a que se destinguissem os bons dos maus.
Destaque para a descricao que o Dr, Joao de Barros faz do imenso trabalho de mulheres entre Douro e Minho: "incansaveis tecedeiras e fiandeiras em que andao continuamente ocupadas." Tecedeiras e fiandeiras tambem da la, produto igualmente essencial a satisfacao das necessidades domesticas. Tal como os fereiraos aos quais se pedia o fabrico de utensilios agricolas e ferramentas domesticas, as mais diversas foices, foicinhas e enxadas, as facas, as tesouras, as esporas, as ferraduras, os candeeiros e as fechaduras das portas.
Igual funcao exerciam os oleiros da regiao. Mesteres e profissoes de artistas locais cujo prestigio nao cessou de crescer desde os finais do sec. XV, a par com uma aturada fiscalizacao a que eram sujeitos por parte das autoridades concelhias.Muitos deles organizados em torno de associacoes profissionais ou integrando confrarias e irmandades as quais emprestavam algum brilho por ocasiao da respectiva festividade anual.
Os produtos nem todos eram destinados ao comercio local. Os chamados "mesteres dos mantimentos de vender," encarregavam-se de os colocar na feira. Eram os padeiros, os carniceiros, os azeiteiros, os endedores de lenha e demais regateiros e regatoes quem de terra em terra procedia a respectiva distribuicao. A distribuicao era alias um problema a que as autoridades regionais sempre estiveram atentas. A compra e venda de produtos permitia-lhes cobrar taxas. A passagem de mercadorias tambem. Do melhor ou pior abastecimento dependia tambem a acalmia das populacoes. O movimento seria por tal forma intenso que o proprio Frei Luis de Sousa diz que <<toda a terra de Entre o Douro e Minho era feira continua de comprar e vender e embarcar e mercadejar. Espaco economico para negocios. Espaco para convivio e festa. Espaco ainda para "arrecadar sisas e mais impostos>>.
O assunto de rendimentos para o estado, havia passado a Comendas que em si mais nao eram que os sinais financeiros e economicos com que as familias nobres ostentavam as suas riquezas. Tiradas aos rendimentos de Igreja, com autorizacao Papal dada a D. Manuel em 1946, sao forma de pagamento de servicos prestados ao reino, sem que o tesouro e a Fazenda tivessem com isso quaisquer encargos.
Toda a regiao, de Freamunde a Penamaior, Frazao a Sanfins, foram Comendas da Ordem do Cristo. Passaram a Casa do Infantado e a reditos de outros nobres sejam eles Barbosas, Ferreiras, Botelhos ou Carvalhos.
Em todo o trabalho, a terra e a subordinacao social eram o sistema. Como teia de relacionamento economico e social. Sistema que se reserva a propriedade primordial da terra para o rei e, atraves dele para os grandes senhorios dele dependentes. Por isso sistema de exploracao de terra em que se dissociam trabalho e propriedade. Quem trabalha nao e proprietario e quemm e o proprietario nao trabalha a terra. A Casa do Infantado pertencia por inerencia, as "jurisdicoes" e "Ouvidorias" dos povos. Sao os seculos de estagnacao e dependencia que so terminaram em 1836 com a criacao do concelho de Pacos de Ferreira.
Durante todos estes seculos, so Freamunde parece destacar-se pelo dinamismo criado a volta das suas feiras. Dinamismo que lhe traz a criacao de algumas unidades fabris. Todas pequenas no sue inicio artesanal, mas com destaque para a tamancaria e respectivos acessorios, para a latoaria, a fiacao caseira e sobretudo o ferro forjado. Irradiando a partir dos centros feirantes, um comercio fixo a retalho enche-se de tudo e atrai a Freamunde gente das freguesias vizinhas. Mercadorias trazidas de todo o lado pelos Almocreves, homens serios que por aqui passavam carregados com tudo, a caminho de Azurara. Com eles, as nosticias, as inovacoes e a ventilacao de ideias, algumas delas bem aproveitadas pelas gentes de Freamunde.
Por volta de 1940, novos voos, desta vez em torno da industria do mobiliario. Nao que se nao produzisse antes toda uma gama de moveis domesticos, simples bancos, mesas de cozinha e cadeiras. Mas porque se criou a Fabrica Grande. Ali na rua do comercio, estruturou-se em moldes modernos o que Albino Matos semeara desde os inicios do seculo. Excepcional pedagogo e inovador, comecara por construir material escolar auxiliar para o ensino primario do pais.
Com exito excepcional, desde as carteiras, os quadros, as caixas metricas, coleccoes de solidos e formas geometricas, aos contadores.Em 1926 eram ja duas as fabricas de material escolar a dar emprego em Freamunde e sobretudo a ensinarem a arte de bem trabalhar a madeira. A de Albino de Matos, sucessores Lda. e a Pereiras Barros e Ca. Ltd. De ambas se fez uma so fabrica, "dotada com todos os maquinismos necessarios e com instalacoes que comportassem 600 ou mais operarios, a fim de desenvolver extraordinariamente a nossa industria e, construindo grnades series de carteiras e demais mobiliario, poder baratear de tal maneira o artigo da nossa industria, que jamais alguem podesse concorrer connosco nao so em qualidade, como tambem em preco."
Por esse tempo o lema era: "Temos imitadores, mas nao temos concorrentes."
E nao tinham mesmo, ate pelo empenho dado a formacao profissional do maior empregador da regiao. Autentica fabrica-escola, por ela passaram os pioneiros da industria do movel do concelho e da regiao.
Em 1945, na Fabrica Grande trabalhavam para cima de 500 opeerarios, ja bem especializados em todas as fases da producao. Este aspecto e relevante. Ali se trabalhava o vidro, os estofos, a colchoaria, a serralharia, a fundicao, a pintura e o desenho de moveis.
Do mobiliario escolar, passou-se ao mobiliario domestico, ao mobiliario hoteleiro, de escritorio e hospitalar. De tudo se fez e bem de tudo se aprendeu nesta fabrica.Na decada de sessenta, viu-se reduzida por grande incendio, umprimeiro sobressalto a que a conjuntura economica posterior acrescentou outros mais e mais dificeis de transpor. Mas nao morreu e bem merecia um outro estatuto social e cultural, nao so pelo seu patrimonio indesmentivel como principalmente pelo seu imenso espolio que guarda ainda, autentica tentacao para que dela se volte a fazer escola-museu, integrada na regiao que bem precisa saber onde, como e proque se tornou a capital do movel.
Actualmente a freguesia cresceu e soube diversificar como poucas as suas iniciativas industriais, dos texteis, das confeccoes, a industria metalomecanica ate aos produtos afins e acessorios dos tratamentos medicos e de uso hospitalar.
 

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Sebastianas

Fazem parte da alma genuína da freguesia. E dizer que sem elas a terra ficaria meia viva a caminho de meia morta e já a evocar o passado histórico da muita "fome, festa e guerra" que certamente está na origem do extraordinário culto prestado aqui na regiao a este Santo Mártir. Festa maior que todas porque na sua orígem esteve certamente a cultura popular. A ela vamos. Também ao saber popular. Com sabor a camélias de várias cores a atapetar o chão ao "martele" os provérbios e as rezas nas bocas transmissoras de mais idade. E tudo imbuído de mentalidade mágica à mistura com as influências clericais vindas dos meios urbanos e que aqui não conseguiram vencer resistências rurais e ancestrais. Então, a festa cria espaço e movimento, razão e pretexto, onde intervinha o corpo e a voz. O passear profano e a procissão das imagens. O afastar dos males, dos olhados, ou trazidos pelos ares. Nos dias antes o caminhar à noite ao oratório do Santo a quem se repetia sem cessar:

Ó Sebastião bendito
Livrai-nos do mal da peste
Dai forças para imitarmos,
Os exemplos que nos destes...
Já poucos se lembram dos tempos horríveis das pestes que dizimaram a região durante os séculos XV, XVI, XVII e até muito depois. Notícias da época dizem que a vizinha freguesia de Carvalhosa foi atingida.
Freamunde tê-lo-ia sido também. É bem certo que o sistema admnistrativo em vigor desde D. Joao I previa que todos os habitantes do Termo do Porto, em troca do muito que tinham de dar ao alargamento da cidade, deveriam ser socorridos pela Câmara do Porto em qualquer destas situaçõoes graves de peste e fome... Mas também é certo que ninguém disso se fiava. Faltava o pão, faltavam as mezinhas, os medicamentos e os sangradores não vinham. Eram caros e já por então o estado pagava mal. Os açambarcadores pairavam como abutres e de nada valiam as tabelas de preços e as fiscalizações dos almotaces.

Mais valia confiar em Deus e nos Santos mais acarinhados e chegados... E aqui todos estariam de acordo. Pedir aos Santos sempre foi mais económico e incomodou menos as autoridades.
Daí votos e promessas, individuais e colectivas. Daí o enorme culto ao mártir trespassado. Daí a construção muito provàvelmente ainda no Sec. XV duma capela a São Sebastião ainda no lugar mais antigo de Freamunde de Cima. A capela ainda aparece documentada em pleno Sec. XVIII, ao tempo de D. Joao V, quando o padre Lucas Ferreira respondeu aos inquéritos paroquiais. O pequeno templo foi demolido para dar lugar à Capela de São Francisco. A imagem, porque afinal a imagem vista, sentida, tocada, passeada, ornada, que era a fé do povo, recolheu à Igreja Matriz.
O nome de São Sebastião, esse ficou ali em Freamunde de Cima e na memória do povo que por vezes é mais sensivel ao que realmente vale. Ninguém saberá porquê, mas ao que parece, essa mesma imagem foi parar ao Hospício contíguo à capela de São Francisco. Diz quem a viu e sabe dessas coisas e muito carinho lhes tem, que a imagem é datada do Sec. XV, ou pelo menos do sec. XVI.

Na actualidade as festas são grandiosas, mas muito intrometidas já pela cultura urbana ressentido o seu sabor primitivo para as vias de extinção.
Aparecem os carros alegóricos, alegorando ideias novas e nem sempre inteligentes, Os bombos, os Zés-Pereiras, os Gigantones e os Cabeçudos e principalmente os Ruidosos Foguetes e as magníficas Vacas de Fogo
Aparecem os romeiros e os comerciantes, os pícaros e os foliões, os pagadores de promessas e os que de tudo se riem.
Felizmente ao povo de Freamunde nunca faltou o bom gosto de fazer chegar aqui as mais importantes Bandas de Música e até o melhor folclore. Felizmente!
 

Lavalar

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Lavalar

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Certificação do Capão de Freamunde em DR

Públicado em Diário da Républica a certificação do Capão de Freamunde.

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freamumde uma terra bonita para passar ums dias
 
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