Incorporação de biodiesel no abastecimento geral levanta dúvidas..

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Combustíveis: Incorporação de biodiesel no abastecimento geral levanta dúvidas e deixa marcas e condutores na expectativa

Lisboa, 09 Mai (Lusa) - Até 2010, o Governo quer pôr todos os veículos a gasóleo, incluindo ligeiros particulares, a circularem com 10% de biodiesel incorporado no combustível habitual, mas entre marcas e condutores oscila-se entre a expectativa e a ignorância.

A nova realidade está à distância de um ano e meio e é um dado adquirido que a partir de 2010 todos os automóveis têm de usar dez por cento de biodiesel incorporado nos combustíveis fósseis.

Mas será que todos os veículos, sobretudo os mais antigos, conseguem usar biocombustíveis? E será que os proprietários desses veículos estão a par da alteração? E serão as marcas as responsáveis pela adaptação dos carros aos novos combustíveis ou será essa uma competência dos proprietários? Perguntas que ainda levantam alguma incerteza.

Entre as marcas consultadas pela Lusa, a incorporação dos biocombustíveis no abastecimento corrente não é uma novidade e marcas há que até já estão um passo à frente da medida que o Governo pretende implementar, mas ainda prevalecem dúvidas sobre a aplicação da medida.

Na Renault, por exemplo, é garantia da marca desde 2006 que "até ao final de 2009 todos os motores a gasóleo poderão receber não o B10, mas o B30", ou seja, 30 por cento de biocombustível incorporado no gasóleo, mas quando se fala na questão aplicada a automóveis mais antigos, a ignorância em relação à aplicação da medida é total.

"Se a norma passar a ser B10, não há outra alternativa que não seja alterar o carro (...), mas não faço ideia de que forma isso se irá processar, até porque o processo é relativamente recente", disse o director de comunicação da marca de automóveis francesa, Ricardo Oliveira.

"Estamos numa perspectiva de perceber o que é que irá acontecer", diz, por seu lado, o director comercial da Fiat, marca que desde 2000 tem todos os seus modelos a gasóleo aptos a utilizarem cinco por cento de biocombustíveis.

Também no caso da marca italiana, a estratégia da empresa passa pelos combustíveis alternativos e Marco Lazarino garante que, no que diz respeito aos automóveis fabricados a partir de 2000, poderão usar o B10.

"Os dez por cento é uma meta para nós já atingida porque hoje os cinco por cento que nós podemos utilizar têm um grande coeficiente de segurança em tudo o que foi a construção dos motores", sublinha.

Em relação às viaturas com mais de oito anos, Marco Lazarino salienta que "não há nenhum estudo" sobre se esses veículos podem ou não usar o B10, mas admite que não seja necessária uma "grande alteração física na viatura".

"Claramente que o cliente Fiat poderá estar descansado que vai poder utilizar a sua viatura quer seja através de um pequeno aditivo, quer seja através de alguma alteração, vai poder utilizar a sua viatura de uma forma perfeitamente segura, assumindo a Fiat tudo o que tiver que alterar", explicou o director comercial da marca.

Da parte da Renault também é dada a garantia de que todos os clientes podem ficar descansados, mesmo os que tenham viaturas anteriores a 2000.

"Isso de certeza, porque temos um parque muito grande e obviamente que a Renault terá uma solução quando chegar a altura", garantiu o director de comunicação, Ricardo Oliveira.

A americana Ford, por seu lado, admite que os fabricantes tenham "de se preparar e modificar os seus veículos" em função da entrada em vigor da norma do Governo, mas, para já, desaconselha a utilização de biocombustíveis com mais de cinco por cento de incorporação.

"Há problemas de corrosão e os veículos têm de ser desenvolvidos de forma diferente", alertou a directora de comunicação, Anabela Correia.

Entre condutores com quem a Lusa falou a falta de informação em relação a esta matéria é total.

Nuno Melancia, por exemplo, não faz ideia se a viatura que conduz está ou não adaptada para receber biodiesel e passa a responsabilidade para a marca.

"Eu faço as assistências na marca, a marca há-de saber se o carro está apto a receber o combustível ou não", entende.

António Monteiro, por outro lado, também admitiu "não ter informação" sobre esta questão.

"Vou tentar saber. Está a prestar-me uma informação que eu não tinha ou à qual não prestei atenção e vou procurar saber nomeadamente nas implicações que isso possa ter no meu carro", disse.

Entretanto, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) não tem dúvidas de que será nas mãos dos condutores que acabará por ficar a responsabilidade de suportar as despesas de adaptação dos veículos aos biocombustíveis, situação que, à partida, afectará todas as pessoas que conduzam veículos mais antigos.

De acordo com o secretário-geral da associação, compete aos proprietários "assegurarem-se que o veículo está em condições de receber (...) essa composição dos 10 por cento de biocombustível".

"Competindo aos consumidores, o que eles terão de fazer, se assim o entenderem, é dirigirem-se a qualquer empresa do sector, um representante, que poderá dar a explicação necessária sobre se o veiculo em questão tem, ou não, que ser sujeito a qualquer tipo de intervenção", concluiu Hélder Pedro.


SV.
Lusa/Fim
 
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