Intoxicação por medicamentos

Luz Divina

GF Ouro
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Intoxicação por medicamentos




Embora os medicamentos tenham efeitos benéficos quando são correctamente indicados, a administração de doses elevadas de alguns medicamentos, independentemente de ser de forma voluntária ou acidental, é a causa de 50% das intoxicações.



Generalidades

Embora todos os medicamentos possuam uma acção benéfica mais ou menos específica, a maioria deles, mesmo administrados nas doses correctas, podem igualmente originar vários efeitos secundários adversos, de maior ou menor envergadura.

No entanto, o principal perigo da maioria dos medicamentos é a sua administração incorrecta, em doses demasiado elevadas, pois podem originar uma verdadeira intoxicação. De facto, a into- xicação por medicamentos constitui, actualmente, um fenómeno bastante frequente, sobretudo nas pessoas idosas e nas crianças mais pequenas.

Entre os adultos, as causas mais comuns de intoxicação por medicamentos são a tentativa de suicídio ou de auto-agressão, muitas vezes apenas para chamar a atenção, e a ingestão de uma dose elevada por mero equívoco.

Por outro lado, entre as crianças, sobretudo com menos de 5 anos de idade, a intoxicação por medicamentos é quase sempre acidental, já que se sentem atraídas pelos comprimidos e cápsulas coloridos e têm a tendência para levá-los à boca como se fossem rebuçados.

Embora praticamente qualquer medicamento, administrado em doses elevadas, possa provocar uma intoxicação, os que mais frequentemente provocam este perigo são os analgésicos, por serem os mais utilizados, e os sedativos e hipnóticos, de utilização mais comum nos idosos.

Por outro lado, a intoxicação por medicamentos com efeitos sobre o sistema nervoso central, independentemente de serem depressores, como os mencionados, ou estimulantes, como as anfetaminas e derivados, é igualmente frequente nos toxicodependentes.


Intoxicação por analgésicos

Tendo em conta que a principal causa de intoxicação grave por medicamentos, entre as crianças, é o consumo acidental de doses elevadas, o analgésico mais vezes envolvido em problemas desta natureza é o ácido acetilsalicílico, ou aspirina, pois é o mais comum nos lares e porque os seus efeitos tóxicos nas crianças costumam começar a evidenciar-se a partir de uma dose de 3 g (equivalente a seis comprimidos de 500 g).

Como é habitual nas intoxicações por via oral, as primeiras manifestações costumam afectar o aparelho digestivo e consistem, sobretudo, em náuseas e vómitos, por vezes sanguinolentos, e dor abdominal. Em seguida, observa-se um progressivo aumento da frequência respiratória, um quadro de agitação, desidratação e, apesar do efeito antitérmico deste medicamento, um significativo aumento da temperatura do corpo.

Nesta fase, deve-se dar atenção imediata à vítima, pois caso contrário a intoxicação pode provocar a sua morte. Em primeiro lugar, deve-se administrar vários copos de água com bicarbonato ao paciente, para que a acidez gástrica diminua e a absorção do medicamento seja o mais reduzida possível.

Ao mesmo tempo, deve-se chamar uma ambulância, de modo a transferir-se imediatamente o indivíduo afectado para um centro de saúde onde possa ser submetido ao tratamento e monitorização adequados e, caso seja necessário, à administração de soluções alcalinizantes por via endovenosa ou à realização de uma hemodiálise, de modo a eliminar-se o produto do sangue.


Intoxicação por sedativos

Para além de serem os medicamentos normalmente utilizados no tratamento da ansiedade e depressão, os sedativos ou ansiolíticos, como o diazepam e produtos relacionados, são igualmente os mais utilizados nas tentativas de suicídio e auto-agressão.

No entanto, a maioria destas tentativas de suicídio não provocam, felizmente, a morte da vítima, já que os sedativos apenas provocam uma intoxicação mortal se forem ingeridos em doses muito elevadas e, sobretudo, combinadas com álcool.

Todavia, por vezes, a intoxicação resultante é tão grave que o indivíduo afectado necessita de ser hospitalizado. De qualquer forma, independentemente da gravidade da intoxicação, estas tentativas de suicídio ou auto-agressão devem ser interpretadas como um pedido de socorro ou como uma chamada de atenção por parte da vítima.

As principais manifestações da intoxicação por sedativos são sonolência, apatia, falta de coordenação nos movimentos e diminuição da amplitude e frequência dos movimentos respiratórios. Embora estas manifestações costumem desaparecer ao fim de um ou dois dias, nos casos mais graves, a debilidade do sistema nervoso central pode conduzir ao estado de coma e até à morte.

Caso se suspeite de uma intoxicação por sedativos e sempre que a vítima não evidencie perda de consciência, deve-se provocar o vómito, para se eliminar o medicamento ainda não absorvido do tubo digestivo, procurar que o indivíduo afectado não fique frio e oferecer-lhe café para evitar que adormeça.

Caso se observe que a sua respiração se encontra muito fraca ou que não recupera rapidamente, deve-se transportar o paciente, o mais rápido possível, para um hospital, de modo a proceder-se a uma lavagem ao estômago e efectuar-se o tratamento adequado.


Intoxicação por hipnóticos

Dado que os medicamentos hipnóticos ou indutores do sono, como os conhecidos barbitúricos, possuem um intenso efeito depressivo sobre o sistema nervoso central, a ingestão de doses relativamente elevadas pode provocar uma intoxicação grave.

Actualmente, estas intoxicações ocorrem com menor frequência do que outrora, sobretudo porque a prescrição de hipnóticos é, em inúmeros países, submetida a um rigoroso controlo médico e administrativo, mas apesar disso continuam a existir casos isolados. As manifestações da intoxicação variam consoante as doses ingeridas.

Nos casos mais ligeiros, os pacientes costumam evidenciar uma espécie de estado de embriaguez, acompanhado por um sono profundo. Por outro lado, após a ingestão de uma dose mais elevada, o paciente entra em estado de coma: perde a consciência, respira de forma muito superficial, a sua pressão arterial e temperatura do corpo baixam e, caso não se proceda ao seu tratamento oportuno, evidenciam-se complicações mortais.

O tratamento, que deve ser realizado de forma imediata num centro de saúde, começa por uma indução do vómito e/ou lavagem ao estômago. Em seguida, deve-se administrar oxigénio ao paciente, injectar-lhe soros salinos para contrariar a desidratação e, caso seja necessário, indicar uma hemodiálise para se efectuar a filtração do sangue, de modo a eliminar-se os barbitúricos da circulação.Informações adicionais


O médico responde



Dado que, nos últimos tempos, tenho observado que alguns medicamentos vêm em embalagens de abertura difícil, questiono-me se esta situação constitui uma medida de segurança para prevenir a sua ingestão acidental por parte das crianças?


De facto, as actuais normais legais em vigor exigem que as embalagens dos medicamentos reúnam certas garantias para evitar que as crianças ingiram medicamentos de forma acidental. Actualmente, a maioria das cápsulas, comprimidos revestidos e comprimidos medicamentosos evidenciam-se em carteiras com compartimentos individuais que apenas são abertos caso sejam pressionados com força e precisão.

Embora as intoxicações por medicamentos nas crianças sejam menos frequentes do que antigamente, deve-se manter os medicamentos fora do seu alcance, de preferência num armário fechado à chave.




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