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La Féria convidou companhias de Lisboa a representar no Rivoli

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La Féria convidou companhias de Lisboa a representar no Rivoli

O encenador e empresário Filipe La Féria afirmou hoje que os convites enviados a vários grupos de teatro do Porto para apresentarem propostas para ocupação do Pequeno Auditório do Rivoli também foram dirigidos a companhias de Lisboa.

O encenador, que falava aos jornalistas à margem da apresentação da sua nova produção - «Um Violino no Telhado», que estreia sexta-feira no Rivoli -, referiu que a sua intervenção neste processo foi «uma coisa muito simples».

«Limitamo-nos a pôr à disposição dos responsáveis pelo pelouro da Cultura da Câmara do Porto a nossa base de dados relativa às companhias de teatro em actividade», disse.

La Féria frisou já chegaram algumas propostas que «foram entregues ao Pelouro da Cultura, a quem cabe qualquer decisão sobre quais as que poderão apresentar as suas produções no Rivoli».

O convite foi enviado no último dia 15, por correio electrónico, em mensagem assinada pela directora de produção da companhia de Filipe La Féria, Isabel Rocha.

Na mensagem, a empresa Todos ao Palco convida as companhias portuenses a «apresentar projectos de cariz cultural que dinamizem este espaço [o Pequeno Auditório do Rivoli, com 200 lugares] e, com isso, tragam uma mais-valia ao público e à cidade».

«Para que possamos apresentar as vossas propostas à Administração do Teatro e ao Pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto, agradecemos que as enviem ao cuidado de Filipe La Féria», termina a carta, indicando o endereço electrónico da Todos ao Palco como destinatário das propostas.

A Lusa contactou a Câmara do Porto para obter um comentário a esta situação, uma vez que Filipe La Féria e a sua companhia estão no Teatro Rivoli ao abrigo de um contrato de acolhimento, não prevendo o mesmo qualquer outra função, além da apresentação regular de produções teatrais da companhia.

Uma fonte da autarquia confirmou que a carta foi enviada a pedido da Câmara.

«Decidimos pedir a Filipe La Féria que fizesse essa diligência porque é uma pessoa do meio, mas a selecção dos projectos a apresentar será sempre da responsabilidade do Pelouro da Cultura», frisou a mesma fonte.

A fonte autárquica sublinhou que há um erro no convite, porque o Rivoli Teatro Municipal não tem administração própria, sendo gerido directamente pelo Pelouro da Cultura da Câmara do Porto.

Acrescentou ainda que a inclusão de Filipe La Féria no processo visa sobretudo assegurar que não haverá conflitos entre a programação dos dois auditórios, já que o edifício tem problemas de isolamento sonoro e as representações têm que ter horários coordenados.

Quanto ao facto de os convites não terem sido enviados a todas as companhias do Porto, já que houve vários grupos portuenses que não os receberam - nomeadamente as companhias Visões Úteis, Cassiopeia e Teatro Plástico - Filipe La Féria justificou essa falha pelo facto de a base de dados da Todos ao Palco não serem exaustivas.

«Possivelmente essas companhias não estão na nossa base de dados», afirmou o encenador.

Esta actuação mereceu críticas de vários responsáveis de grupos portuenses, tendo Francisco Alves, do Teatro Plástico, considerado que «essa proposta não passa de uma manobra de cosmética que tem em vista mascarar a actuação da autarquia na área cultural e que tem em vista já a campanha eleitoral de 2009».

Ricardo Alves, do Teatro da Palmilha Dentada, confirmou a recepção do convite e afirmou que não vai aceitar porque não entende «como é que um privado está a receber propostas para um espaço que é público, porque pertence à Câmara do Porto».

O presidente da Plateia - Associação dos Profissionais das Artes Cénicas, o actor Mário Moutinho, considerou que «esta situação é, no mínimo, estranha», levando-o a interrogar-se «se o senhor La Féria será agora o novo programador cultural da Câmara do Porto para a área do teatro?».

La Féria referiu ainda que há a possibilidade de que, em Fevereiro de 2009 a companhia A Comuna, de Lisboa, vir ao Rivoli apresentar várias das suas últimas produções.


Diário Digital / Lusa
 
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