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Médicos de empresas cobram cem euros por hora

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Urgências. A carência de médicos obriga muitos hospitais a contratarem tarefeiros a empresas de prestação de serviços para manter as urgências a funcionar. A medida tem um preço elevado: há médicos que cobram 2500 euros por banco de 24 horas. Mas os custos não são apenas financeiros

'Desagregação' das equipas preocupa Ordem

Há hospitais públicos que pagam 2500 euros por uma urgência de 24 horas a médicos contratados a empresas privadas. São mais de 100 euros por hora, valores muito superiores aos pagos aos profissionais dos quadros. No entanto, esta é a solução que muitas unidades encontram para assegurar o funcionamento das urgências, diz o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.

Um médico que trabalha num hospital em Lisboa disse à Lusa que é regularmente convidado para ir fazer bancos a várias zonas do País, revelando que chega a receber propostas de 2500 euros por banco de 24 horas, mais do que ganha num mês, embora garanta que nunca aceitou. Nas especialidades mais carenciadas, os valores rondam os 55 euros por hora, mas podem chegar aos 100. Pedro Lopes considera que estes números são "altíssimos e inaceitáveis". Do ponto de vista de gestão "é também muito pouco razoável", diz o presidente da APAH.

No entanto, há hospitais em que a carência de recursos a isso obriga, reconhece. Em alguns casos, adiantou Manuel Delgado, administrador do Hospital Curry Cabral, os hospitais encontram-se numa situação limite ficando sujeitos a este tipo de "chantagem" por parte das empresas que "pedem o que querem".

Por outro lado, há outros em que se recorre a este expediente para não ultrapassar os limites para as horas extraordinárias, já que estes montantes não são incluídos na rubrica das despesas com pessoal, mas sim nos gastos com aquisição de serviços, explica Pedro Lopes. "Não me parece correcto porque há mais custos. Os médicos contratados, muitas vezes, não têm a mesma qualidade e não há continuidade", refere.

"Lógica quase mercenária"

A "desagregação "das equipas de urgência preocupa também o bastonário da Ordem dos Médicos. "Ninguém se conhece. Está instalada uma lógica quase mercenária", lamenta Pedro Nunes. "É muito grave o que está a acontecer, mas não culpem os médicos", diz. O bastonário lembra que "não foram os médicos que inventaram a empresarialização dos hospitais", mas que quem o fez "se esqueceu que o mercado quando nasce é para todos". E com a escassez de médicos no Sistema Nacional de Saúde (SNS), estes passam a ser pagos a peso de ouro. Curiosamente, segundo Pedro Nunes, o número de médicos por mil habitantes em Portugal não difere muito da média europeia. "Estão muito envelhecidos e é preciso é mantê-los no SNS para ensinarem os mais novos".

O Ministério da Saúde sabe que há unidades a recorrerem a estas empresas e garantiu ao DN que estão a ser "tomadas medidas para ultrapassar esta situação". Medidas que serão reveladas em tempo oportuno. Para Pedro Lopes, a solução passa por criar equipas próprias para as urgências.





DN
08.09.08
 
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