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Um grupo de médicos e profissionais de saúde russos dirigiu-se hoje ao líder do Kremlin (presidência russa), Vladimir Putin, para solicitar um processo-crime contra os funcionários da prisão do Ártico onde o opositor Alexei Navalny morreu em fevereiro.
"A morte de Navalny ocorreu em consequência do cumprimento negligente das suas obrigações por parte dos funcionários dos serviços penitenciários", refere uma declaração dos profissionais de saúde.
Por esta razão, quase uma centena de clínicos enviaram um pedido a Putin e ao Comité de Investigação Russo (CIR) para abrir uma investigação criminal.
"Exigimos que garantam uma investigação aberta e independente sobre a morte do político, que é apoiada por milhões de cidadãos russos", salienta o comunicado.
Os médicos recordam que no passado se dirigiram várias vezes ao Presidente russo para que Navalny recebesse a assistência médica necessária, mas que as respostas foram sempre formais.
"Mesmo que aceitemos que o motivo da morte de Navalny não foi violento, o senhor é responsável, uma vez que ignorou a opinião dos especialistas da comunidade médica sobre a ameaça de vida representada pelas condições de detenção de Alexei", criticam.
A este respeito, os médicos asseguram que, se a causa da morte fosse uma combinação, entre outras, de hipertensão, lesão vascular e miocardiosclerose difusa, os clínicos penitenciários deveriam ter prescrito terapia anti-hipertensiva ao recluso e impedido que fosse enviado para a cadeia.
No entanto, "Alexei não recebeu prescrição de terapêutica anti-hipertensora e continuou a ser enviado regularmente para a cela de castigo", referem os médicos.
Segundo o CIR, o líder da oposição russa morreu de arritmia, versão que a sua viúva, Yulia, considerou "mais uma tentativa bastante patética de esconder o facto de que o que aconteceu foi um assassínio".
Na mesma linha, os médicos consideram que, na realidade, a versão oficial é "fabricada e tem como objetivo ocultar os verdadeiros motivos da morte de Navalny".
Yulia Navalnaya, que prometeu continuar a luta do marido, atribui a responsabilidade pela morte diretamente ao Presidente russo, já acusado de ordenar o seu envenenamento em 2020.
nm