Continuacao
Hábitos
Dois ursos-polares se enfrentando. As lutas geralmente são encenadas.
Esta espécie concentra-se junto à costa uma vez que depende das águas para encontrar as suas presas. Os ursos-polares são excelentes nadadores e podem percorrer até 80 km sem descanso. Alguns animais migram desta forma do Norte para o Sul seguindo as margens das geleiras mas podem deslocar-se também por terra firme. O urso-polar é um animal de hábitos diurnos e caráter solitário, que não forma outros laços familiares que não entre fémeas e suas crias.
Os machos adultos, como todos os outros ursos, podem atacar e matar filhotes. As fêmeas os defendem mesmo um macho medindo em média o dobro de seu tamanho. Aos seis meses de idade, um filhote é capaz de fugir correndo de um adulto.
Os territórios, muitas vezes enormes, não são defendidos. Apesar de não serem sociais, os ursos são capazes, contudo, de dividir uma carcaça de baleia sem maiores conflitos.
Devido à abundância de comida mesmo durante o inverno, o urso-polar não hiberna no sentido estrito da palavra. Ele entra em um estado de dormência, no qual sua temperatura corpórea não cai, passando a subsistir de suas reservas de gordura corporal.
Os ursos-polares são animais muito preocupados com a própria higiene. Após cada refeição, eles dedicam cerca de 15 minutos para eliminar a sujeira. Para se limpar eles usam as patas, a língua, água ou neve. Isto se deve ao fato de que a sujeira interfere com a capacidade de isolamento térmico da pelagem.
Reprodução
Uma mãe e seus dois filhotes.
Os ursos-polares acasalam entre os meses de março e junho, com implantação diferida dos óvulos fecundados, de modo que o período de gestação se torna muito longo, entre 200 a 265 dias, variando de acordo com as condições ambientais.
As crias nascem entre novembro e janeiro, no abrigo invernal construído pela fêmea, e não se separam da mãe até completarem dois anos de idade. Nascem cegas e pesando muito pouco em relação ao peso adulto, sendo um dos filhotes menos desenvolvidos dos mamíferos
eutérios. As fêmeas têm quatro mamas funcionais ao passo que as outras ursas apresentam seis. Podem gerar até quatro filhotes por gestação, ainda que a média seja de duas crias.
As fêmeas estão aptas à reprodução uma vez a cada três anos, sendo um dos mamíferos com menor capacidade reprodutiva. É esperado que a ursa-polar tenha apenas cinco ninhadas em sua vida.
Atingem a maturidade sexual entre os 5 e 6 anos e em condições naturais, vivem em média de 15 a 18 anos. Alguns animais selvagens marcados tinham um pouco mais de 30 anos. Um espécime do zôo de
Londres morreu aos 41 anos.
Dieta
Um urso busca comida em uma praia rochosa.
De todos os ursos, o urso-polar é o que mais restritamente carnívoro. A dentição lembra mais a de carnívoros aquáticos do que outros ursos. Sua principal presa é a
foca (em especial a
foca-anelada), a qual tenta capturar quando estas emergem em buracos no gelo para respirar. Sua taxa de sucesso, contudo, é baixa. Só 5% das tentativas são exitosas. Um urso experiente captura uma foca a cada cinco dias, o que lhe proporciona energia suficiente por 11 dias. Além do método de tocaia, o urso-polar emprega também o método de perseguição para caçar, aproximando muito lentamente da vítima e disparando nos 15 m finais, a uma velocidade de até 55 km/h.
Alimenta-se também de
aves,
roedores,
moluscos,
caranguejos,
morsas e
belugas. Ocasionalmente caça
bois-almiscarados e até mesmo, ainda que raro, outro urso-polar.
Oportunista, a espécie pode comer carniça (como
baleias encalhadas) e materia vegetal, como raízes e bagas no final do verão. No depósito de lixo em Churchill,
Manitoba, foram observados comendo, entre outras coisas, graxa e óleo de motor.
O urso-polar é um nadador e um corredor capaz, o que o torna um caçador eficiente tanto na água quanto na terra firme.
Esta espécie é extremamente perigosa para o homem, que encara como presa, especialmente se não houver abundância dos seus alimentos habituais. Na
Ilha de Baffin, por exemplo, os
geólogos fazem trabalho de campo armados de caçadeiras como medida de protecção contra os ursos-polares.
Ao contrário da crença disseminada, nunca foi observado que o urso-polar, em busca da camuflagem perfeita, esconda o focinho quando está caçando.
Conservação
Ursos inspecionam um veículo em
Churchill,
Manitoba.
O urso-polar é citado pela CITES sob baixo risco de extinção. Contudo alguns fatores podem mudar esta situação para pior.
O encolhimento das camadas de gelo e o prolongamento do
verão vêm obrigando os ursos-polares a buscar comida em lugares habitados, colocando a espécie em conflito com o homem. Em 2005, testemunhas afirmaram ter visto um total de cerca de 40 ursos nadando centenas de quilômetros em busca de alguma camada de gelo flutuante à qual pudessem subir. Viram-se menos quatro corpos de ursos flutuando até 260 km de distância do gelo ou terra firme.
Os povos índigenas do Ártico caçam o urso por sua gordura e pele. O Canadá permite a estrangeiros caçar, desde que guiados por um
Inuit em seus trenós de cães. Apesar de florescente no século passado, esse tipo de atividade mostra-se estar em declínio atualmente. O interesse por tapetes de urso diminuiu, assim como seus preços. Uma pele que era vendida por 3.000 dólares atinge hoje o preço máximo de 500 dólares. Atividades humanas como exploração de gás e
petróleo,
turismo, pesquisa científica e esportes na neve perturbam o animal em seu ambiente.
Poluição ambiental é outra ameaça. Estando no topo da cadeia alimentar, o urso-polar concentra substâncias tóxicas em seu organismo. A quantidade de metais pesados e hidrocarbonos clorados tem se mostrado em curva ascendente em amostras de tecidos.
Derramamentos de óleo também afetam os ursos-polares. O óleo é altamente tóxico e de lenta decomposição, sendo ingerido pelo animal quando este se alimenta ou executa seu asseio.
A população actual de ursos polares é estimada entre 22 000 e 27 000 indivíduos, 60% dos quais vivendo no Norte do
Canadá.