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Metro de roma - o impossível tornado possível

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Metro de roma - o impossível tornado possível

Em Roma, o que seria incrível e difícil de concretizar, tornou-se possível… sempre com uma equipa de “cirurgiões” por perto. Desde os anos 30 até à actualidade, o metropolitano ganhou forma, ainda inacabada, numa das cidades com mais património histórico considerado do mundo. O planeamento da obra sofre mais um desvio, à medida que o subsolo desvenda achados que não são surpresa. Mas “escavar” o passado traz sempre surpresas…

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Estação EUR Fermi (Wikicommons, Alexdevil).

Um metro na “cidade eterna”

A história, a cultura e o desenvolvimento de Roma anunciavam, desde há décadas, o surgimento de um meio de transporte como o metropolitano. A Roma moderna que guarda, em si, os “pilares” da Roma Antiga (a descoberto e debaixo do solo), bem como as crescentes filas de trânsito e o modo reconhecidamente “diferente” (ou desviante) de os romanos conduzirem na cidade, viriam a tornar o metro uma boa solução de transporte.

A ideia de dar corpo ao metro de Roma começou nos anos 30 e a sua construção, nessa década, teve como principal motivo providenciar uma ligação rápida entre a estação central “Termini” e um novo bairro da cidade, “E42” ou “Esposizione Universale Roma” (“EUR”), onde se realizaria a Exposição Universal de 1942. A capital fora da capital para o fascismo italiano de Benito Mussolini. Com ele, a Itália entrara na II Guerra Mundial pelo lado da Alemanha nazi.

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Metro Linha B, Piramide (Wikicommons, Lalupa).​

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Vinho Mussolini (Wikicommons, Matija Podhraški).

Com o início da guerra, em 1939, a exposição não se realizou, apesar dos túneis e de outras infra-estruturas construídas aquando da interrupção das obras, entre a estação “Termini” e a “Piramide”. Devido às circunstâncias, tais túneis acabaram por ser usados como refúgio face aos ataques aéreos, ou outros vindos do exterior. Para essa exposição, teriam sido projectados monumentos relacionados com o passado histórico da Roma Imperial, antiga, tais como o “Palazzo della Civiltà”, um Coliseu com um formato cúbico, um obelisco a Guglielmo Marconi e um Arco do Triunfo cuja construção não se iniciou.

No âmbito não só do metropolitano de Roma mas dos restantes transportes da cidade em geral, a já referida estação “Termini” ganhou relevância por ser ali que eram centralizadas as partidas e chegadas de/a Roma - ao contrário de Paris, onde as gares de l’Est, du Nord e a estação de Austerlitz, por exemplo, redistribuem os serviços de transporte.

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Fragmento de parede na estação Termini (Wikicommons, Notafly).​

A estação tinha sido inaugurada, primeiramente, pelo Papa Pio IX (ainda quando o Papa detinha o poder temporal da cidade), em 1863, e esteve para ser chamada de “Estação Central dos Caminhos-de-Ferro Romanos”. Devido à exposição universal, como já referimos, também foi decidida a substituição desta primeira estação central por uma nova, em 1937 - projecto interrompido pela guerra. Terminados os esforços de guerra e a estabilização do funcionamento do próprio país, as obras foram retomadas. Só no início do ano de 1955 é que viria a ser inaugurada a primeira linha de metro; a segunda linha chegou 25 anos depois. Até ao final do século XX, a rede de metro alargou-se um pouco mais para além da cidade de Roma. Actualmente, encontra-se em construção a futura linha C que se previa estar concluída, na totalidade, em 2015. Ainda em fase de planeamento está uma futura linha D.

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Fórum Tajan (Wikicommons, Sunilbhar).

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Maquete de Roma (Wikicommons, Q. Keysers).

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Metro Linha A, Spagna (Wikicommons, Lalupa).

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Metro Tevere - Roma (Wikicommons, Luca Fascia).​

Com curvas… e segredos escondidos

A cultura material que dá sentido ao património histórico romano existente vai entravando o crescente desenvolvimento da contemporaneidade utilitária e, também, artística (não haverá arte neste género de construções?). É nestas escavações e obras que, rapidamente, verificamos a ligação entre o medieval, o renascentista e as necessidades do contemporâneo. Relacioná-las, sem prejuízos, torna-se em Roma um verdadeiro desafio, maior do que mexer num subsolo com mais de 2000 anos de história reconhecida.

Encarou-se como inovador a passagem de carruagens de metro ao lado de estruturas antiquíssimas, numa tentativa de contrastar as feições de um tempo que nos parece intemporal sempre que observamos tais achados arqueológicos, mas a preocupação de conservar o histórico obrigou a refazer trajectos projectados do metropolitano, com “curvas” e profundidades superiores às esperadas. Contudo, tal processo, mais do que uma equipa experiente e competente de arqueólogos, necessitou de uma equipa de “cirurgiões” que conseguissem, com autênticas “réguas e esquadros”, conciliar, num só solo, temporalidades distintas. Fora os riscos que se podem correr - como por exemplo, o de fazer passar uma carruagem “vibrante” por baixo do Coliseu.

O tesouro histórico e artístico é um conjunto de segredos que o solo romano esconde mas que, no fundo, não são surpresa. Ainda assim, em Agosto deste ano divulgou-se a notícia de uma descoberta pouco convencional: um antigo espaço de cultivo de cannabis num túnel de metro abandonado, no sudeste de Roma, decorrente do fascismo italiano. Oficialmente, era uma “quinta” de cogumelos, mas o odor a marijuana, segundo a Agência Reuters, desmascarou-a.

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