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Roter.Teufel

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Moradores reclamam de barulho excessivo em eventos nos fins de semana na Glória

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No domingo, desde o início da manhã e até o fim da noite, bairro recebeu trio elétrico, rodas de samba e bloco de Carnaval

Rio - Moradores da Glória, na Zona Sul do Rio, têm se queixado do barulho excessivo nos fins de semana. Cariocas que vivem na região relatam que os eventos desde o início da manhã e até o fim da noite com música alta atrapalham o descanso e causam desconforto em crianças neurodivergentes, idosos e animais de estimação. No último domingo (16), o bairro recebeu shows, rodas de samba, bloco de Carnaval e um trio elétrico em praças e áreas públicas.

De acordo com moradores, no domingo o som alto começou por volta das 6h, em um trio elétrico de uma corrida de rua no Aterro do Flamengo, com circuito passando pela Glória. Houve ainda duas rodas de samba nas Praças Paris e Edson Cortes, shows de rock na Praça Marechal Deodoro, além de um bloco de Carnaval clandestino na Praça Pedro Álvares Cabral. A música alta no bairro se estendeu até perto das 22h. Confira abaixo.

O diretor da Associação de Moradores e Amigos da Glória (AMA-Glória) diz que os episódios vêm acontecendo todos os fins de semana desde o início do ano. Bruno Souza conta que o som alto começa na noite de sábado em boates próximas ao Aeroporto Santos Dummont e a música segue durante a madrugada. No domingo, tem início nas primeiras horas do dia, com as corridas de rua, e continua com os eventos em áreas públicas. Ele relata também que o bairro recebe ensaios de blocos de Carnaval de segunda a sexta-feira, entre 20h e 22h.

"Começa com as boates sábado à noite e vai até de madrugada, dá 5h30, 6h, começam os shows das corridas que têm no Aterro, que agora é todo domingo, e acorda todo mundo. E esse final de semana em especial botaram um trio elétrico e ficou muito alto", relatou Bruno, que lembrou também que as rodas de samba que aconteciam uma vez por mês, agora são realizadas todo fim de semana, entre 12h e 22h. "Todos (os eventos) extrapolando o limite permitido de decibéis (...) É um barulho que a gente com a janela fechada, ar-condicionado ligado, mesmo assim não consegue dormir".
Segundo a Prefeitura do Rio, o limite de decibéis é estabelecido de acordo com determinada região e, na área da Praça Paris, são 45 dia e 40 noite. Ainda no domingo, perto de onde aconteciam os eventos, candidatos realizaram o segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no Colégio Estadual Deodoro, na Rua da Glória. "Muitos dos moradores que fazem a prova nessa escola moram por aqui e não conseguiram dormir. Não só fizeram a prova com barulho, como não dormiram direito na noite anterior", destacou Souza, que precisou ir para a casa do pai em outro bairro para estudar para o mestrado.

Um morador da Rua do Russel, que não quis se identificar, conta que vive em um prédio onde há dois bares próximos que têm desrepeitado os limites de volume e horário de música alta e que não somente aos sábado e domingos, mas também em dias de semana, os residentes não conseguem descansar após chegarem do trabalho, por conta do barulho. Para ele, o bairro tem se aproximado de uma situação de desordem urbana.

"Somos todos cariocas e valorizamos nossa cultura, sabemos que além de entretenimento, eventos, bares e restaurantes são vitais para economia. Mas também somos moradores, temos nossos parentes idosos ou neurodivergentes, trabalhamos, muitos na escala 6x1, estamos chegando num ponto de desordem urbana, principalmente com a perturbação do sossego, que parece não ter volta, uma questão de saúde pública. Enquanto isso, estamos vendo o poder público com liberação de muitas licenças e alvarás sem critérios, juntando com o canal 1746 e fiscalização ineficientes", desabafou.

O organizador da Gloriosa Roda de Samba, que acontece há 13 anos todo terceiro domingo de cada mês e realizou apresentação na Praça Edson Cortes no domingo, diz que o grupo respeita todas as normas de limite de decibéis e horários. "A Gloriosa Roda de Samba tem a simpatia e participação da maioria dos moradores, pois sempre respeitamos os limites de decibéis. (No domingo), nosso evento foi prejudicado, ficamos sem som durante muito tempo, pois queimou um equipamento de som, prejudicando bastante o nosso evento, mas tinha outros eventos em outras praças", pontuou Henrique de Souza.

O diretor musical conhecido como Paulão 7 Cordas ressalta que o grupo faz parte da Rede Carioca de Rodas de Samba e cumpre todas as determinações do programa. "Nosso volume não é alto. Sempre que a associação solicita, a gente vai nas reuniões e procura cumprir tudo aquilo que tem que cumprir. A gente faz tudo dentro do que é determinado pelo decreto da prefeitura", afirmou o músico, que é morador do bairro. "Tem muita coisa acontecendo simultaneamente na Glória, um conjunto de coisas que incomodam. A gente não passa nunca de 22h e sempre tudo dentro do limite, a gente se preocupa com isso".

O presidente da Associação dos Moradores e Amigos do bairro (Amag) relata que a atual situação já foi comunicada à Subprefeitura do Centro e os problemas no bairro já haviam sido apresentados em uma reunião em fevereiro. No último sábado (15), os moradores fizeram um abaixo-assinado pedindo melhorias. Wilson Guedes acredita que limitar a quantidade de eventos que acontecem na Glória aos fins de semana e aumentar a fiscalização na área são meios de manter as atividades sem incomodar quem mora na região.

"Essa questão do barulho é assustadora. Tem que ter limitação dos eventos e fiscalização, que esse é ponto mais fraco da prefeitura, eles não têm fiscalização adequada (...) A gente gostaria que não tivessem duas rodas de samba acontecendo ao mesmo tempo. O horário, as rodas de samba que foram aparecendo não têm compromisso e, como não tem fiscalização, fica por nossa conta. E punição para eventos que estrapolam os decibéis, eles deviam passar um tempo sem poder se apresentar aqui", comentou o presidente. "A nossa vida tem sido muito difícil e, se nada mudar, o verão vai ser assustador", apontou ele sobre a época em que o bairro tem procura ainda maior.

Procurada, a Prefeitura do Rio informou que a Guarda Municipal atua na região com equipes a pé e motorizadas para coibir eventos que desrespeitem os limites de som e horário permitidos. A nota reforça que a instituição e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) "realizam fiscalizações frequentes de perturbação do sossego e desordem urbana em todo o município do Rio", com equipamento de aferição dos decibéis.

"A população pode colaborar acionando a Guarda Municipal por meio da Central 1746", completa a nota. Ainda de acordo com a prefeitura, somente neste ano, já foram aplicadas mais de 500 multas por perturbação do sossego e, somadas, a Guarda Municipal e a Seop cassaram seis alvarás de estabelecimentos comerciais pelo mesmo motivo.

O Dia
 
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