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O vice-Presidente do Egipto Omar Suleiman acaba de anunciar que Hosni Mubarak renunciou à chefia do Estado e que passou o poder a um conselho militar.
A comunicação foi feita cerca das 18h locais, 16h em Lisboa, e difundida pela televisão estatal.
«Em nome de Alá, o misericordioso. Cidadãos, atendendo às circunstâncias muito difíceis que o Egipto atravessa, o Presidente Hosni Mubarak decidiu abandonar o cargo de Presidente da República e encarregou o conselho supremo das forças armadas de governar o país. Deus nos ajude», declarou Suleiman.
De imediato, as ruas do Cairo explodiram em celebração.
Mubarak partira horas antes com a família para a estância de Sharm el Sheikh, na costa egípcia do Mar Vermelho, depois de uma quinta-feira marcada pela expectativa em torno da iminente renúncia do Presidente. Na noite passada, Mubarak surpreendeu o país ao anunciar que permaneceria no poder até Setembro. Hoje, deu-se o volte-face.
A demissão, após 29 anos no poder, acontece após 18 dias de protestos que tiveram a praça Tahrir do Cairo como epicentro, mas que varreram todo o país com greves em peças-chave da economia, como o canal do Suez, e violentos confrontos entre a população e as forças policiais. Grupos como a Human Rights Watch estimam em mais de 300 as vítimas mortais da repressão.
A onda de contestação seguiu-se à revolução tunisina de Janeiro, que também resultou na destituição do ditador Ben Ali após 23 anos no poder. Na Tunísia, tal como no Egipto, o autoritarismo, o nepotismo, a corrupção e a progressiva degradação das condições económicas estiveram na base de uma revolta marcadamente popular, secular e apartidária.
Transição liderada pelos militares
As atenções viram agora para as forças armadas egípcias, que horas antes da declaração histórica de Omar Suleiman emitiram um comunicado a anunciar o seu compromisso «na defesa das aspirações legítimas do povo e na implementação das suas exigências dentro de um calendário definido».
Apesar da liderança militar egípcia declarar a defesa de «uma transição pacífica rumo a uma sociedade democrática», vários grupos da oposição, e sobretudo o movimento islamista Irmandande Muçulmana, expressaram nas últimas horas a preocupação em torno da possível evolução de uma ditadura militar.
No entanto, a hora é de celebração. «Este é o dia mais feliz da minha vida», declarou o Nobel da Paz Mohammed ElBaradei, que defendeu a constituição de um «governo de salvação nacional».
Questionado sobre o papel dos militares no processo de transição, ElBaradei afirmou que a forte mensagem transmitida pelo povo a Mubarak também deve ser acolhida pelas forças armadas.
«A prioridade é voltar ao normal, e que se retome a confiança dos investidores», disse o líder da oposição democrática à BBC.
SOL com agências