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Óbito
O elogio de Rui Zink a Pacheco
Luiz Pacheco é «um dos escritores mais importantes do século XX português, um dos grandes estilistas da literatura portuguesa», na opinião do escritor Rui Zink
«Ele é - equiparou - o nosso Jorge Luís Borges, porque, não tendo nada a ver, à partida, com o escritor argentino, escrevendo também sempre textos curtos, escrevendo prosa normalmente com não mais de cinco páginas, dez páginas, marcou as nossas letras».
De comum com o autor de Livro de Areia, Zink refere outro aspecto: «Pacheco é um escritor ao qual se volta. Podemos reler vezes sem conta 'O teodolito', 'Comunidade' ou "O libertino passeia por Braga, a idolátrica, o seu esplendor', e o prazer é sempre o mesmo».
Leitor de Pacheco desde os «14 ou 15 anos», Zink confessa ter ficado logo então «espantado com o quase-jazz daqueles textos, textos sem fio condutor, com uma espécie de preguiça livre, textos que davam a impressao de serem escritos num jacto».
«Impressão falsa - pontuou - porque aquela naturalidade leva tempo a chegar-se lá, é muito trabalhada».
Pacheco, segundo o autor de Hotel Lusitânia, «misturava estilos, o alto e o baixo, o calão e a informação erudita».
«Não conheço - diz, a propósito - autor português que tenha usado tão bem a informação não partilhada como factor de prazer do leitor».
Exemplo máximo disto são, segundo Zink, as cartas de Pacheco versus Cesariny, livro que é, «à partida, tudo o que um livro não deve ser», na medida em que «tem o nome de dois autores, nenhum deles conhecido do grande público, e é epistolar, algo fora de moda desde Ligações Perigosas [de Choderlos de Laclos]».
«Mesmo assim - considera - aquilo continua a viver só pelo estilo. Pacheco é um dos grandes estilistas da literatura portuguesa».
Luiz Pacheco, nascido em 1925, faleceu sábado à noite.
Lusa / SOL
O elogio de Rui Zink a Pacheco
Luiz Pacheco é «um dos escritores mais importantes do século XX português, um dos grandes estilistas da literatura portuguesa», na opinião do escritor Rui Zink
«Ele é - equiparou - o nosso Jorge Luís Borges, porque, não tendo nada a ver, à partida, com o escritor argentino, escrevendo também sempre textos curtos, escrevendo prosa normalmente com não mais de cinco páginas, dez páginas, marcou as nossas letras».
De comum com o autor de Livro de Areia, Zink refere outro aspecto: «Pacheco é um escritor ao qual se volta. Podemos reler vezes sem conta 'O teodolito', 'Comunidade' ou "O libertino passeia por Braga, a idolátrica, o seu esplendor', e o prazer é sempre o mesmo».
Leitor de Pacheco desde os «14 ou 15 anos», Zink confessa ter ficado logo então «espantado com o quase-jazz daqueles textos, textos sem fio condutor, com uma espécie de preguiça livre, textos que davam a impressao de serem escritos num jacto».
«Impressão falsa - pontuou - porque aquela naturalidade leva tempo a chegar-se lá, é muito trabalhada».
Pacheco, segundo o autor de Hotel Lusitânia, «misturava estilos, o alto e o baixo, o calão e a informação erudita».
«Não conheço - diz, a propósito - autor português que tenha usado tão bem a informação não partilhada como factor de prazer do leitor».
Exemplo máximo disto são, segundo Zink, as cartas de Pacheco versus Cesariny, livro que é, «à partida, tudo o que um livro não deve ser», na medida em que «tem o nome de dois autores, nenhum deles conhecido do grande público, e é epistolar, algo fora de moda desde Ligações Perigosas [de Choderlos de Laclos]».
«Mesmo assim - considera - aquilo continua a viver só pelo estilo. Pacheco é um dos grandes estilistas da literatura portuguesa».
Luiz Pacheco, nascido em 1925, faleceu sábado à noite.
Lusa / SOL