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O elogio de Rui Zink a Pacheco

migel

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O elogio de Rui Zink a Pacheco
Luiz Pacheco é «um dos escritores mais importantes do século XX português, um dos grandes estilistas da literatura portuguesa», na opinião do escritor Rui Zink



«Ele é - equiparou - o nosso Jorge Luís Borges, porque, não tendo nada a ver, à partida, com o escritor argentino, escrevendo também sempre textos curtos, escrevendo prosa normalmente com não mais de cinco páginas, dez páginas, marcou as nossas letras».

De comum com o autor de Livro de Areia, Zink refere outro aspecto: «Pacheco é um escritor ao qual se volta. Podemos reler vezes sem conta 'O teodolito', 'Comunidade' ou "O libertino passeia por Braga, a idolátrica, o seu esplendor', e o prazer é sempre o mesmo».

Leitor de Pacheco desde os «14 ou 15 anos», Zink confessa ter ficado logo então «espantado com o quase-jazz daqueles textos, textos sem fio condutor, com uma espécie de preguiça livre, textos que davam a impressao de serem escritos num jacto».

«Impressão falsa - pontuou - porque aquela naturalidade leva tempo a chegar-se lá, é muito trabalhada».

Pacheco, segundo o autor de Hotel Lusitânia, «misturava estilos, o alto e o baixo, o calão e a informação erudita».

«Não conheço - diz, a propósito - autor português que tenha usado tão bem a informação não partilhada como factor de prazer do leitor».

Exemplo máximo disto são, segundo Zink, as cartas de Pacheco versus Cesariny, livro que é, «à partida, tudo o que um livro não deve ser», na medida em que «tem o nome de dois autores, nenhum deles conhecido do grande público, e é epistolar, algo fora de moda desde Ligações Perigosas [de Choderlos de Laclos]».

«Mesmo assim - considera - aquilo continua a viver só pelo estilo. Pacheco é um dos grandes estilistas da literatura portuguesa».

Luiz Pacheco, nascido em 1925, faleceu sábado à noite.

Lusa / SOL
 

migel

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João Pedro George lamenta morte do escritor Luiz Pacheco

A morte do escritor e crítico literário Luiz Pacheco constitui «uma perda irrecuperável», disse hoje à agência Lusa o professor universitário João Pedro George, que considerou o escritor um «tipo humano singular e irrepetível».
Em declarações à agência Lusa, João Pedro George - que está a fazer a tese de doutoramento sobre a biografia do escritor e crítico literário - disse lamentar «imenso» a morte de Luiz Pacheco, que considerava um «amigo pessoal», um «tipo humano singular e irrepetível» e não «um exemplar em série como acontece normalmente».

Luiz Pacheco, que chegou a ser conhecido como «um escritor maldito», fez da crítica a maneira de estar na literatura e da literatura o estar, referiu.

«Sinto a morte de Luiz Pacheco de uma forma muito profunda, já que o considerava um amigo pessoal e é quase como se o conhecesse intimamente», acrescentou João Pedro George.

A nível literário, João Pedro George considerou que com o desaparecimento de Luiz Pacheco «se perde um escritor como não voltará a existir outro».

Sublinhou ainda que o projecto literário de Luiz Pacheco foi «indissociável» da sua vida, razão por que é difícil perceber um sem que se entenda a outra.

«Era uma personalidade que poderíamos considerar excêntrica, que sempre que abria a boca nunca se sabia o que ia dizer, mas era um ser humano único», frisou.

João Pedro George acrescentou que há «vários anos» que estuda a vida e obra de Luiz Pacheco, pelo que a vida do escritor tem «estado quase diariamente presente» na sua vida nos últimos anos.

«O crocodilo que voa» é o título do livro de João Pedro George, que sairá ainda este mês pela Tinta da China e que reúne as últimas entrevistas dadas por Luiz Pacheco.

Luiz Pacheco nasceu em Lisboa a 07 de Maio de 1925 e morreu sábado no Hospital do Montijo.

Frequentou o curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa, em 1945 começou a publicar textos em vários jornais e revistas e em 1950 fundou a editora Contraponto, que publicou pela primeira vez Mário Cesariny e António Maria Lisboa.

Raul Leal, Natália Correia e Vergílio Ferreira foram outros dos escritores publicados pela Contraponto.

«Textos de Guerrilha», «Textos do Barro», «O Teodolito», «A comunidade» e «O libertino passeia por Braga a idólatra o seu esplendor» são algumas das obras de Luiz Pacheco.

Diário Digital / Lusa

06-01-2008 12:50:00
 

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Corpo do escritor Luiz Pacheco cremado no Alto de São João

O escritor e crítico literário Luiz Pacheco, que faleceu sábado, no Montijo, vai ser cremado terça-feira, pelas 19:00, no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, disse hoje à Lusa fonte próxima da família.
Segundo a mesma fonte, o corpo do escritor de 82 anos, que deu entrada sábado à noite, já sem vida, no Hospital do Montijo, só deverá ser entregue à família na segunda-feira à tarde, não estando ainda definido o local onde deverá ocorrer o velório, durante a noite de segunda para terça-feira.

Nascido em Lisboa a 7 de Maio de 1925, Luiz José Gomes Machado Guerreiro Pacheco desde cedo manifestou talento para a escrita tendo frequentado o primeiro ano do curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa, mas acabou por desistir por dificuldades financeiras.

Luiz Pacheco publicou dezenas de artigos em vários jornais e revistas, incluindo o antigo Diário Popular e a Seara Nova, e foi fundador da editora Contraponto, em 1950, onde publicou obras de escritores como Raul Leal, Mário Cesariny, Natália Correia, António Maria Lisboa, Herberto Hélder e Vergílio Ferreira.

Dedicou-se também à crítica literária e cultural, ganhando fama como crítico irreverente, que denunciava a desonestidade intelectual e a censura imposta pelo regime do Estado Novo.

Nas dificuldades que passou ao longo de uma vida atribulada, em que se viu algumas vezes sem meios de subsistência para sustentar a família, Luiz Pacheco encontrou inspiração para escrever o conto «Comunidade» (1964), que muitos consideram ser a obra-prima do escritor.

Diário Digital / Lusa

06-01-2008 17:01:00
 
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