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O Escândalo do Banco Ambrosiano!

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O Banco Ambrosiano (posteriormente renomeado de Banco Ambrosiano Veneto após a fusão com o Banco Católico do Vêneto) foi um dos principais bancos privados católicos italianos. No centro das operações que levaram a ruína do banco estava o seu principal executivo, Robert Calvi e seus companheiros da ilegal loja maçónica P2 (Propaganda-2). O Banco do Vaticano era o principal parceiro do Banco Ambrosiano, e com a súbita morte do Papa João Paulo I, em 1978, surgiram rumores de que haveria ligações com as operações ilegais daquela instituição (hipótese explorada no filme "Padrinho III"). O Banco do Vaticano foi também acusado de trabalhar com fundos ilegais do Sindicato Solidariedade.
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O filme "Os Banqueiros de Deus".

O Banco Ambrosiano foi fundado em Milão em 1896 por Giuseppe Tovini, e era chamado de Banco de Santo Ambrósio, que fora arcebispo da cidade. Tovini quis criar um banco católico para contornar a tradição italiana de manter apenas instituições assistenciais e de caridade. A instituição ficou conhecida como "banco dos padres"; um dos executivos foi Franco Ratti, primo do Papa Pio XI. Nos anos de 1960, o banco começou a expandir seus negócios, instalando sua holding em Luxemburgo em 1963. A direcção estava à cargo de Carlo Canesi, então o executivo sénior, e a partir de 1965, é nomeado presidente.
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Banco Ambrosiano.

Em 1947 Canesi trouxera Roberto Calvi para o Banco Ambrosiano. Em 1971, Calvi tornou-se administrador geral, e em 1975 assumiu a presidência. Calvi tornou-se célebre com as lavagens de dinheiro, expandindo as aplicações do Banco Ambrosiano; para isso criou um grande número de companhias fantasmas "off-shore" nas Bahamas e na América do Sul; assumiu o controle da Banca Cattolica del Veneto; e investiu na editora Rizzoli para financiar o jornal Corriera della Sera (Calvi tentava com isso trazer benefícios para os associados da loja maçónica P2). Calvi também envolveu o Banco do Vaticano e seus operadores, e aproximou-se do Bispo Paul Marcinkus, o presidente do banco. O Banco Ambrosiano também forneceu fundos para partidos políticos na Itália, e tanto para o ditador da Nicarágua, Anastásio Somoza, como para a oposição Sandinista. Houve rumores de que também deu dinheiro para o Partido polaco da Solidariedade.
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Roberto Calvi e o Papa Paulo VI.

Calvi usava uma complexa rede de bancos e companhias para retirar fundos da Itália. Em 1978, o Banco da Itália preparou um relatório sobre o Banco Ambrosiano que previa o futuro desastre e deflagrou as investigações criminais. Logo a seguir, um juiz de Milão, Emilio Alessandrini, foi assassinado por um grupo terrorista esquerdista.

Em 1981, a polícia invadiu o escritório da loja maçónica e prendeu o Grão-Mestre Licio Gelli, encontrando provas contra Roberto Calvi. Calvi foi aprisionado, julgado e sentenciado a cumprir pena de quatro anos. Depois, ele apelou e foi solto, conseguindo manter seu cargo no banco.
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Mas outros alarmes se seguiram: Carlo de Benedetti, da Olivetti, comprou o banco e se tornou o vice-presidente, apenas por dois meses depois de ser ameaçado. Seu substituto foi um empregado de carreira chamado Roberto Rosone, que sofreu um atentando atribuído à Máfia, que por sua vez responsabilizou os terroristas da Banda della Magliana, que agia em Roma desde os anos de 1970.

Em 1982, as dívidas do banco vieram à superfície. Calvi saiu do país usando um passaporte falso e Rosone negociou sua saída do cargo com o Banco da Itália. A secretária pessoal de Calvi, Graziella Corrocher, deixou um bilhete denunciando-o antes de se suicidar. Calvi foi encontrado enforcado na ponte Blackfriars, em Londres, em 18 de Junho daquele ano. Ao que se consta, tratou-se de uma encomenda da Máfia, por Calvi os ter enganado.
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Em Julho de 1982, os fundos das aplicações off-shore foram suspensos e a falência declarada. Em Agosto, o banco foi substituído pelo Nuovo Banco Ambrosiano sob a direcção de Giovanni Bazoli, com o Banco do Vaticano arcando com muito dos prejuízos.

Em Abril de 1992, Carlo De Benedetti, vice-presidente do Banco Ambrosiano, e outras 32 pessoas, foram condenadas por fraude pela corte de Milão. Benedetti foi condenado a 6 anos e 4 meses de prisão.

Em 1994, o Primeiro-Ministro Socialista, Bettino Craxi, foi implicado no caso do Banco Ambrosiano, juntamente com Licio Gelli da P-2 e o Ministro da Justiça, Claudio Martelli. Em Abril de 1998, a Corte confirmou 12 anos de cadeia para Licio Gelli.
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Giulio Andreotti Licio Gelli ligado à Maçonaria P2 (Propaganda 2)

O jornalista David Yallop acredita que Calvi, com a ajuda da P2, foi responsável pela morte de Albino Luciani, o Papa João Paulo I, pois este planeava uma reforma nas finanças do Vaticano.
 
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Caso Polémico do Banqueiro de Deus!

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Paul Marcinkus - O Banqueiro de Deus!

Morreu em Fevereiro de 2006, em Phoenix, no Arizona (E.U.A.), aos 84 anos, o Arcebispo americano Paul Marcinkus, conhecido como "O Banqueiro de Deus". Marcinkus, que nasceu perto de Chicago, em 15 de Janeiro de 1922, e se dedicou ao sacerdócio desde 1947, era o responsável, entre 1969 e 1989, pelo Instituto para as Obras Religiosas (IOR), conhecido popularmente como o Banco de Deus.

Administrou o Instituto das Obras Religiosas do Vaticano e o seu nome (a par do cardeal Jean Villot, Secretário de Estado do Vaticano e do cardeal norte-americano John Cody, na época chefe da arquidiocese de Chicago) estará para sempre, associado à falência do Banco Ambrosiano e ao escândalo financeiro relacionado com a Loja Maçónica P2.

Nomeado Director do Instituto das Obras Religiosas (IOR) por Paulo VI, em 1971, Marcinkus contrariou a ideia de que a convivência dos governantes da Igreja com o dinheiro era um assunto embaraçoso e que raramente resultava em proveitos. De facto, ao assumir o IOR (o Banco do Vaticano) aos 47 anos, iniciou uma fulgurante carreira no mundo financeiro, começando justamente por sanear as contas da Igreja que, desde o Concílio Vaticano II se encontravam no vermelho. Dedicou-se a essa gigantesca tarefa de corpo e alma, utilizando estratégias e envolvendo-se em operações dignas de um "tubarão das finanças", o que lhe valeu o respeito internacional do poder económico.
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Caricatura do Arcebispo Paul Marcinkus.

Entre as mais corajosas medidas que tomou, encontra-se a diversificação dos destinos de investimento do Vaticano, que repartiu pelos Estados Unidos, Canadá, Suíça e Alemanha e aos quais trouxe uma linguagem inteiramente nova: a do risco.

Graças às impressionantes somas que movimentava, tornou-se presença comum nos ambientes financeiros e chegava mesmo a mostrar paixão por alguns dos hábitos mais típicos de um moderno banqueiro: não dispensava bons charutos e praticava ténis e golfe com regularidade e com companhias de topo. Na Cúria, muitos torciam o nariz a este estilo de vida mundano, pouco condizente com o ambiente do Vaticano e a doutrina da Igreja. Marcinkus sempre passou ao lado destes pormenores, bem como ao lado das muitas dúvidas e suspeitas sempre lançadas sobre as operações que desencadeava; a sua astúcia e o formidável desempenho financeiro eram excelente tónico para tais desvios.
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Marcinkus, o Banqueiro de Deus,
com o papa João Paulo II.

Precisamente quando o arcebispo se encontrava nos píncaros da sua carreira, e o êxito se colava à sua imagem, o Papa o nomeou organizador das suas viagens e secretário do Conselho Pontifício. Nessa altura, o Banco de Itália e a Magistratura de Roma começavam a investigar as suas operações financeiras. Foi Michele Sindona, Presidente da Banca Privada e considerado próximo da Máfia italo-americana, quem colocou as autoridades na sua pista, ao acusar o Arcebispo Marcinkus e Roberto Calvi, Presidente do Banco Ambrosiano e membro da Loja Maçónica P2, de se haverem envolvido em operações consideradas suspeitas e de ligações a Luciano Gelli, outro financeiro com ligações à Máfia. Segundo Sindona, havia sido ele próprio quem apresentara Marcinkus a Calvi. Os dois fundaram, em Nassau, o Cisalpine Overseas Bank e através dessa sociedade e de outras sobrepostas, Calvi e o Banqueiro de Deus operaram conjuntamente, destinando dinheiro a operações ocultas, pagando subornos, movimentando dinheiro sujo procedente da evasão fiscal e lavando dinheiro da Máfia e de outras organizações criminosas.

O escândalo, porém, estava apenas no início. Em 1981, o Banco de Itália denunciou a existência de um buraco de 1400 milhões de dólares nas contas das filiais estrangeiras do Banco Ambrosiano. O Banco do Vaticano era um dos 13 accionistas do Banco Ambrosiano e controlava 20% do seu capital, o que significava que, no mínimo, havia sido negligente, e muito provavelmente, havia feito vista grossa a algumas operações obscuras concretizadas. "O Banco Ambrosiano não é meu. Só estou ao serviço de outros. Não tenho poder para decidir", declarou Calvi aos juízes de Milão a partir da cadeia de Lodi. Mesmo assim, foi condenado a 4 anos de prisão, donde depressa saiu em liberdade condicional.

Já livre, retomou a gestão do Banco Ambrosiano, ainda que por pouco tempo. Em 27 de Abril de 1982, o padrinho da Máfia Danilo Abbruciati, assassinou o vice-presidente do Banco, Roberto Rosomo, e a partir daí, tudo se precipitou. O Banco de Itália suspendeu a cotação em bolsa dos títulos do Banco Ambrosiano e a instituição foi declarada em bancarrota. Roberto Calvi havia fugido algum tempo antes da sua secretária suicidara-se. O corpo de Roberto Calvi foi encontrado, em 18 de Junho de 1982 debaixo de uma ponte, em Londres, com tijolos nos bolsos, um sinal entretanto ligado a uma execução da Máfia. O Vaticano viu-se, então, inundado por credores que solicitavam que, como accionista do Banco Ambrosiano, a Santa Sé respondesse pela falência e assumisse as dívidas. A justiça italiana pediu permissão às autoridades do Vaticano para poder processar Marcinkus, mas a Santa Sé negou-o, assegurando que o Vaticano nada tinha a ver com a falência.

Pelo meio, fica ainda, o episódio da intrigante morte de João Paulo I (antes cardeal Albino Luciani). Segundo David Yallop, um escritor que alimenta a teoria de assassinato do Papa no livro "Em Nome de Deus" de 1984, João Paulo I teria descoberto os segredos por detrás do banqueiro do Vaticano e iria anunciar a remoção e fim de protecção diplomática de Marcinkus, Cody, Villot e alguns outros assessores, em 29 de Setembro de 1978. O Papa morreu durante a noite de 28 de Setembro: encontrado pela freira Vincenza, ao seu serviço há 18 anos, o corpo do Sumo Pontífice nunca foi autopsiado, uma vez que as Leis do Vaticano salvaguardam a inviolabilidade do corpo santo do Papa.
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Papa João Paulo I

Os pertences pessoais de Albino Luciani foram removidos por Villot e entre eles, as sandálias: Yallop defende a tese de que apresentavam manchas de vómito - um suposto sintoma de envenenamento. A tese vai ao ponto de apontar a digitalina como o veneno usado. A teoria de Yallop vai ainda mais longe e insinua que João Paulo II teria sido conivente com todas as operações financeiras e irregularidades que o seu antecessor detectara. Essa conivência teria como contrapeso o financiamento secreto do sindicato polaco "Solidariedade" de Lech Walesa. Refutadas por John Cornwell, um escritor também britânico que muitos acusam de estar ligado à Cúria Romana, no livro "Um Ladrão na Noite", as teorias de Yallop desceram com o tempo no seu crédito e são hoje vistas como pura ficção, como um registo de teoria conspirativa na linha dos best-sellers de Dan Brown.
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David Yallop é considerado um dos mais importantes
jornalistas de investigação. Ao longo da sua carreira
conheceu pessoalmente indivíduos poderosos e perigosos,
cujos segredos devem permanecer reservados para
prosseguirem de forma impune as suas actividades. Em
cada livro seu David Yallop desmascara mitos e traz a
público verdades que se pretenderiam ocultadas.

Mesmo contra a opinião de Marcinkus e da maioria da Cúria Romana, o então Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Agostio Casaroli, decidiu pagar 406 milhões de dólares aos bancos credores do Ambrosiano, a título de "contribuição voluntária", por considerar que a Santa Sé tinha perante eles, uma responsabilidade moral. Ao mesmo tempo, Marcinkus era afastado do Banco do Vaticano, indo viver para os Estados Unidos.

Marcinkus morreu de morte natural, mas os outros dois sócios envolvidos no escândalo e quebra fraudulenta do Banco Ambrosiano, foram assassinados: Michele Sindona e Roberto Calvi.
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Michele Sindona, apelidado de "Banqueiro da Máfia",
foi envenenado na prisão, ao tomar o café da manhã,
apesar de ter a cela individual vigiada 24 horas.
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Roberto Calvi, chamado de Banqueiro
de Deus, apareceu enforcado numa
ponte sobre o rio Tamisa. Descobriu-se
depois que já estava morto e o enfor-
camento era simulação.

Para muitos, as mortes de Calvi e Sindona estavam ligadas à tentativa de assassinato do Papa João Paulo II, pelo turco Ali Agca. Mas Paul Marcinkus morreu aos 84 anos nos E.U.A. levando para o túmulo muitos segredos.
 
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Membros do Banco Ambrosiano!

Membros do Banco Ambrosiano:
- Franco Ratti, Presidente.
- Carlo Canesi, Administrador Manager então Presidente da Holding do Banco Ambrosiano desde 1965.
- Robert Calvi, Administrador geral do Banco Ambrosiano desde 1971, indicado para presidente em 1975 e ocupando o cargo até a sua morte em Junho de 1982.
- Paul Marcinkus, Presidente do Banco do Vaticano (também conhecido por "Istituto per le Opere di Religione"), tinha sido Director do Ambrosiano Overseas, baseado em Nassau, Bahamas.
- Carlo De Benedetti tornou-se Vice-Presidente do Banco Ambrosiano por dois meses, depois do julgamento de Roberto Calvi.
Nuovo Banco Ambrosiano, organizado por Giovanni Bazoli.
- Carlos Guido Natal Coda, chefe da filial argentina do Banco Ambrosiano (Coda foi o predecessor de Emilio Eduardo Massera, como comandante em chefe da Marinha da Argentina).
 

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Banco do Vaticano!

O Instituto para as Obras de Religião, mais conhecido como Banco do Vaticano, é uma instituição financeira ligada a Santa Sé e situada no Vaticano. A instituição é presidida por um director executivo ligado a um comité de cardeais e ao Papa. Foi criada na Segunda Guerra Mundial para administrar a conta dos principais clérigos.
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A instituição tomou conta das manchetes de jornais durante a década de 1980, quando o Banco Ambrosiano do qual a instituição era a maior accionista, adquiriu uma dívida de 3500 biliões de dólares. Houve então indícios de que o presidente da instituição, Arcebispo Paul Marcinkus, estivesse envolvido, mas sendo ele um sacerdote, os tribunais italianos não o poderiam indiciar.
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Em 2009, a revista italiana Panorama relatou que o Banco do Vaticano estava sendo investigado por autoridades italianas acusados de lavagem de dinheiro no valor de 180 milhões de euros através da filial Unicredit localizado na Via della Conciliazione próxima a Basilica de São Pedro. O banco permite contas de religiosos e outras associações católicas usando seu status internacional.

Em 2010 continuaram as investigações do presidente da instituição Ettore Gotti por um esquema de lavagem de aproximadamente 23 milhões de euros. No dia 24 de Maio de 2012, o Presidente do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, investigado num caso de lavagem de dinheiro, apresentou a sua demissão, após um voto de desconfiança da administração.
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Ettore Gotti Tedeschi ex-Presidente do Banco do Vaticano

O economista Ettore Gotti Tedeschi de 67 anos, ex-presidente do Banco do Vaticano, elaborou um relatório sobre as irregularidades da instituição para ser entregue a dois seus amigos, um advogado e um jornalista do Corriere della Sera, caso ele venha a ser assassinado. A informação é do jornal El País. Na versão do jornal, Tedeschi teme ser morto por alguém da cúpula do Vaticano desde que começou a investigar algumas contas numeradas do banco, as quais seriam de dinheiro sujo de empresários, políticos e integrantes da máfia.

A convite do Papa Bento XVI, de quem é amigo, Tedeschi, um membro importante da ordem ultraconservadora Opus Dei, assumiu em 2009 o Instituto para Obras Religiosas (nome oficial do Banco do Vaticano) com a missão de tornar transparentes os seus demonstrativos, o que era (e continua sendo) uma exigência de instituições financeiras internacionais, de modo a evitar a lavagem de dinheiro. O economista foi demitido sumariamente em Maio de 2012, um dia depois da detenção de Paolo Gabriele, o Mordomo do Papa e apontado como um dos responsáveis pelo vazamento de documentos confidenciais do Vaticano.

A rede de intrigas no Vaticano que tem vindo à superfície apresenta-se tão densa, que daria para fazer um filme: além do dinheiro sujo do Banco do Vaticano, está em jogo o cargo de Dom Carlo Maria Viganò, responsável pelas aquisições de suprimentos e acusado de corrupção.

Há ainda uma versão de que tudo faz parte de um plano para assassinar Bento XVI e antecipar, assim, a sua substituição. Um dos inimigos de Tedeschi é o cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado e um dos cogitados para suceder Bento XVI, que está com 85 anos.
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Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário
de Estado.

Pablo Ordaz, correspondente em Roma do El País, escreveu que o Vaticano teme que o relatório confidencial de Tedeschi venha a ser investigado pelo Ministério Público italiano, expondo a feroz luta pelo poder que ocorre na hierarquia da Igreja Católica, além da lavagem de dinheiro no Banco do Vaticano.

O novo presidente do Banco do Vaticano é o economista gaúcho Ronaldo Hermann Schmitz. Nascido em 30 de Outubro de 1938, em Porto Alegre (Brasil), ele era vice-presidente do Banco do Vaticano na gestão de Ettore Gotti Tedeschi, recém destituído. Depois do ensino médio no Rio de Janeiro, Schmitz estudou Administração de Empresas e Economia entre os anos de 1958 e 1962 na Universidade de Colónia (Alemanha). Após vários cargos em empresas menores, em 1980 ele foi nomeado para a Directoria Executiva da BASF. Depois, em 1990, ingressou como Gerente Geral do Deutsche Bank.
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Gaúcho Ronaldo Hermann Schmitz
 
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"Vaticano SA"

Os escândalos do Banco do Vaticano. A igreja não vive só de Avé-Marias.

Gianluigi Nuzzi era jornalista na revista italiana Panorama quando lhe foram parar às mãos duas malas com cinco mil documentos sobre as actividades nada santas do Instituto para Obras Religiosas (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano, entre as décadas de 1970 e 1990. O amontoado de papéis incluía extractos bancários, cartas secretas, relatórios confidenciais, balanços sigilosos e durante 20 anos, foi cuidadosamente compilado por Monsenhor Renato Dardozzi, conselheiro do IOR desde 1974 até ao final de 1990. Antes de morrer, Dardozzi deixou uma exigência no testamento: o arquivo que construíra em segredo deveria ser tornado público.
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Gianluigi Nuzzi nasceu em Milão, na Itália, em 1969. Colaborou como jornalista no periódico Il Giornale e no Corriere della Sera, e foi correspondente especial da conhecida revista Panorama. Segue desde 1994, os casos judiciais com implicações políticas e financeiras mais importantes de Itália. Este é o seu primeiro livro, um êxito em Itália e com direitos já adquiridos por sete países europeus.
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Os documentos deram origem ao livro "Vaticano SA" (Editorial Presença).

Uma primeira advertência para os mais cépticos e pouco dados a teorias da conspiração: "Não é um livro contra o Vaticano, mas relata actos de homens que gozaram de uma confiança mal depositada", explica Gianluigi, que até admite ser baptizado, apesar de não ser católico praticante. "Tenho o problema que aflige todos os filósofos. Se o ser humano é um relógio, quem é o relojoeiro? Estou numa fase em que me interrogo sobre a fé", confessa.

A sua obra retrata vários enredos, que incluem mortes misteriosas, silêncios, suspense, muitos pecados e demasiadas omissões. "No Vaticano a verdade nunca é uma só. Muito menos quando se trata de números", garante. O arquivo de Dardozzi permite reconstituir a existência, no IOR, de contas da Máfia - por exemplo de Vito Ciancimino, condenado por ligações à Cosa Nostra e à Máfia siciliana. O Vaticano terá tentado também, financiar a criação de um novo partido político. Até os donativos dos fiéis para serem rezadas missas pelos defuntos seriam usados para outros fins. Tudo com base num sistema de contas encriptadas.

"Eram abertas em nome de fundações que não existiam, como Fundo Para a Leucemia ou Fundo Para as Crianças Pobres", recorda Gianluigi Nuzzi. Essas contas eram identificadas apenas por códigos numéricos, que conduziam aos pseudónimos dos seus titulares, como "Roma", "Ancona" ou "Omissis" - este último remeteria para Giulio Andreotti, Primeiro-Ministro de Itália por sete vezes, pelo partido Democrata Cristão. "Ainda hoje não se sabe ao certo quanto dinheiro terá passado por estas contas, mas no mínimo entre 276 a 300 milhões de euros", afirma Gianluigi.

Em Fevereiro de 1992, arranca em Itália, a operação "Mãos Limpas", que tem como alvo os políticos da Primeira República, depois do escândalo do Megassuborno Enimont. E é aqui que os magistrados percebem que boa parte do dinheiro tinha passado pelo Banco do Vaticano e era depois depositado em contas no estrangeiro. O esquema era possível graças ao estatuto e aos acordos com o Estado italiano que ainda hoje permitem ao IOR um modo de operação bancária offshore. O banco também goza de uma administração autónoma na Santa Sé; os seus dirigentes não podem ser interrogados, processados ou presos em Itália. O Vaticano pode até nem responder às rogatórias da justiça, se assim o entender. Apesar de já ter sido assinada uma convenção monetária entre o Vaticano e a União Europeia que obrigará a Santa Sé, a partir de Janeiro de 2011, a adequar as suas normas às do espaço comunitário no que diz respeito à lavagem de dinheiro.

O arquivo de Dardozzi permite também perceber que João Paulo II foi informado das irregularidades em 1992 e nada fez. E que o Papa tem direito a um fundo pessoal e confidencial que escapa aos balanços oficiais que a Santa Sé apresenta todos os anos. Só em 1993, João Paulo II terá arrecadado 121,3 milhões de euros. Muitas dessas revelações consta na obra “Vaticano SA”. Até agora, o Vaticano não se pronunciou sobre este livro polémico que já está traduzido em oito países.
 
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