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O inventor do novo fado

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"Com que voz", documentário sobre Alain Oulman realizado pelo filho, estreia esta quinta-feira

Nicholas Oulman quis fazer um filme para homenagear o pai e acabou por produzir algo mais abrangente. "Com que voz", o documentário sobre Alain Oulman, que estreia quinta-feira, desvenda a ecléctica figura, que, entre outras coisas, renovou o fado de Amália.

Estreado no DocLisboa 2009, em que foi galardoado com o prémio para Melhor Primeira Obra na Competição Portuguesa, "Com que voz" segue a vida de Alain Oulman, o compositor que revolucionou a música no fado e pôs Amália Rodrigues a cantar os grandes poetas. Mas fala também do editor que traduziu e agenciou escritores como Amos Oz, Catherine Clément, Patricia Highsmith e Mário Soares e do encenador que fez renascer os Lisbon Players e encenou com João Perry e Eunice Muñoz. E, inevitavelmente, evoca ainda o homem que foi preso pela PIDE (a polícia política do Estado Novo) e consequentemente expulso de Portugal e deportado para França.

"Como realizador, comecei por querer fazer uma história de ficção. Mas faltava-me o argumento adequado. Até que o facto de o Museu do Fado, em Lisboa, querer organizar uma exposição sobre o meu pai, e me ter pedido documentação, me levou a descobrir a riqueza e o potencial do material que tinha entre mãos", contou ao JN Nicholas Oulman.

Para o realizador de "Com que voz", o que ele sempre viu em Alain Oulman foi a figura do pai, mas nunca a personalidade multifacetada que revolucionou a música no fado.

" Uma vez que tomei a decisão de fazer o filme, deixei de ser apenas o filho e passei então a colocar chapéu de realizador. Fiz isto de forma a contar a história da melhor maneira, sem a transformar numa sucessão de cabeças falantes a prestarem depoimentos sobre determinada pessoa que no caso é o Alain Oulman. Percebi que a personagem era suficientemente grande e demasiado desconhecida para a diluir em notas de carácter pessoal".

Talvez por isso, apesar de ser um documentário que vive das muitas entrevistas que o compõem, o filme acabe por manter um ritmo muito forte ou não fosse o próprio Nicholas o autor do argumento.

Para o realizador, "o objectivo do filme é para que uma pessoa que está sentada a vê-lo seja cativada por ele". Foi isso que tentou fazer, embora não esconda que, quando partiu para este projecto, tinha três grandes objectivos: "Fazer um filme para homenagear o meu pai, fazer um filme para deixar aos meus filhos para eles ficarem a saber quem era o avô, já que não o conheceram, e, finalmente, fazer uma obra que me abrisse as portas para continuar a fazer outras".

Por isso, agora que "Com que voz" estreia em várias salas de cinema em Portugal, Nicholas Oulman admite: "Quando uma pessoa faz um filme, espera que as pessoas gostem. Já me avisaram que o sucesso de um documentário em sala se mede com níveis de cinco mil espectadores. Acho pouco. Para mim, esses números são escassos, não fazem sentido".

Para este seu documentário, Nicholas Oulman recorreu a imagens de arquivo, designadamente de Amália Rodrigues, mas também a testemunhos de familiares, dos actores Raul Solnado e João Perry, dos escritores Catherine Clément e Amos Oz, do técnico de som Hugo Ribeiro, do editor discográfico David Ferreira e do guitarrista Fontes Rocha.

Alain Oulman, que nasceu em Oeiras em 1928 e morreu em Paris em 1990, compôs para Amália temas como "Gaivota", "Com voz", e "Erros meus".

Depois da Revolução de Abril de 1974, o compositor defendeu a fadista, quando esta foi acusada de estar ligada ao anterior regime, escrevendo cartas para diversos jornais.

Jornal de Notícias
 
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