Notícias 'O que adianta o papel, se não somos protegidas?', questiona irmã de gari morta pelo ex-companheiro

Roter.Teufel

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'O que adianta o papel, se não somos protegidas?', questiona irmã de gari morta pelo ex-companheiro

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Luciene da Silva Queiroz Barreto, 39 anos, foi enterrada neste sábado, no Cemitério Municipal de Belford Roxo. Vítima tinha medidas protetivas contra o assassino

Rio - "O que adianta o papel, se não somos protegidas?". O questionamento de Patrícia da Silva Queiroz, de 35 anos, durante o enterro da irmã, a gari Luciene da Silva Queiroz Barreto, 39, no Cemitério Municipal de Belford Roxo, na manhã deste sábado (29), expressa a revolta da família. A servidora do município da Baixada foi assassinada a facadas pelo ex-marido, Eduardo de Lima Barreto, na sexta-feira (28), mesmo tendo três medidas protetivas contra o acusado.

Segundo Patrícia, o relacionamento de Luciene com Eduardo havia começado em 2016. Os dois se casaram só no início deste ano, mas terminaram logo em seguida. O término veio com uma série de ameaças feitas pelo assassino, que era usuário de drogas. Patrícia contou que Eduardo não aceitava o fim da relação e dizia que a ex não ficaria com mais ninguém.

"Achei que era mentira quando disseram. Vi o vídeo, mas ainda esperava que ela pudesse estar viva. Só acreditei mesmo quando cheguei no hospital. Nós estamos destruídos. Queremos que a lei seja cumprida. Como que ela tinha três medidas protetivas e isso ainda aconteceu?", questionou a irmã da vítima.

O pai de Luciene, José Luiz Rodrigues Queiroz, 62 anos, também lamentou o fato da filha ter feito os registros na polícia e ainda assim ter sido morta. "Sabemos que na prática essa medida não vale de nada. Infelizmente papel não serve de segurança para ninguém e a lei do nosso país é essa, que só funciona na teoria e não na prática", criticou.

O idoso comentou que espera, ao menos, que Eduardo pague de forma exemplar. "Peço a Deus e à Justiça dos homens que ele fique preso por muito tempo, porque o que ele fez foi uma coisa muito brutal. A pessoa não tem amor pelo próximo, não tem dignidade, não valoriza a vida do ser humano."

O sepultamento foi acompanhado por aproxidamente 60 pessoas, muitas delas colegas de profissão da vítima. Alguns amigos inclusive presenciaram o ataque. É o caso de Simone Portes de Almeida, 50, que disse ter ouvido a amiga reclamar do comportamento do ex algumas vezes.

"Então, eu sabia que ele era usuário de drogas. Por saber disso, eu costumava aconselhar ela e pedir para ela ter cuidado. Sabe como é esse tipo de pessoa. Tem 15 dias, mais ou menos, que estávamos trabalhando na Vila São Luiz, e ela disse que tinha saído a medida protetiva. Só que lá era perto da onde o Eduardo morava, então ela disse que tinha medo que ele pudesse fazer algo. Ele já tinha agredido ela várias vezes. Ela conversava muito comigo sobre isso", lembrou.

Simone disse ter presenciado a situação. De acordo com ela, todos ficaram em choque, alguns reagiram tentando evitar que Eduardo fugisse do local. A colega de Luciene comentou, ainda, que mesmo com as ameaças relatadas, ninguém esperava o desfecho trágico.

"Ele aproveitou que estava no início do serviço, então tinha pouca gente. Se tivesse mais gente, duvido que ele faria algo, então foi tudo premeditado. Ele chegou de bicicleta. Ela estava sentada com um colega de trabalho e ele chamou para conversar. Quando ela se aproximou, ele não falou nada e a esfaqueou. Uma coisa absurda, surreal", comentou Simone.
Luciene era funcionária contratada pela Secretaria Municipal de Conservação de Belford Roxo desde fevereiro deste ano. Ela deixa dois filhos, uma menina, de 8 anos, e um adolescente, de 12, que vive com o pai, primeiro marido da vítima.

Em nota publicada nesta sexta-feira, a Prefeitura de Belford Roxo lamentou. "A Prefeitura se solidariza com a família e espera que a Justiça seja feita o mais rápido possível. Informamos ainda que a Secretaria Municipal de Conservação está dando todo amparo e ajuda à família da vítima".

O Dia
 
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