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Quando decidiam o que escolher para as manchetes dos jornais desta quarta-feira, os ingleses tiveram um dilema entre duas hipóteses que pinchavam na atualidade: ou responsabilizavam o Governo no dia em que a Grã-Bretanha se tornou no país europeu com mais mortos por covid-19 ou chapavam na primeira página a foto de um cientista consultor do executivo que foi apanhado a receber em casa a amante.
Como se adivinhava, o "Daily Mail", o "Sun", o "Telegraph" e o "Metro" optaram pelo caso picante.
O que aconteceu, afinal? Isto: o professor Neil Ferguson, hoje o mais célebre epidemiologista do país, porque é dele o modelo de confinamento que ajudou Boris Johnson a moldar a estratégia inglesa de bloqueio ao coronavírus, foi obrigado a deixar o cargo de consultor depois de desrespeitar as regras que ajudou a definir. Como? Recebeu a sua amante em casa.
Ferguson, 51 anos, reputado investigador, "workaholic", dirige o grupo de cientistas do Imperial College cujas projeções (500 mil mortos se não houvesse confinamento) ajudaram a persuadir o Governo da necessidade de impor regras rígidas de distância física.
O investigador renunciou ao cargo no Sage, o grupo científico consultivo de emergências, por ter cometido "um erro de julgamento". "Foi uma decisão errada. Agi na crença de que estava imune. Lamento profundamente qualquer debilitamento das mensagens em torno da necessidade contínua de distanciamento social para controlar a epidemia devastadora. A orientação do Governo é inequívoca e existe para nos proteger a todos. Peço desculpas por isso".
O "Daily Telegraph" revelou que Antonia Staats, a sua amante de 38 anos, atravessou Londres para o visitar pelo menos duas vezes desde que foi imposto o bloqueio. Os tabloides não lhe perdoaram - e chaparam com ele, a quem chamavam "o Senhor Confinamento", na primeira página. Isto sucedeu, repete-se, no mesmo dia em que o Reino Unido atingia uma terrível marca histórica que atira o país para a profundeza da lista mundial de casos da pandemia.
Mortes de gémeos em estudo
As mortes de pelo menos dois pares de gémeos e de dois pares de irmãos britânicos no intervalo de horas ou dias estão a ser olhadas como um indicador da influência de um fator genético na gravidade com que o SARS-CoV-2 afeta quem é contagiado. As hipóteses colocadas pelos cientistas vão da influencia do recetor a que o coronavírus se agarra nas células, à definição da resistência à infeção e a reação do sistema imunitário. 50% dos sintomas parecem ser genéticos, afirma uma equipa de epidemiologistas do King"s College, de Londres.
"Estas mortes alertam para o facto de isto poder ser genético, mas quando pessoas vivem juntas também partilham um ambiente", ressalva contudo o líder dos investigadores, Tim Spector, citado no "The Guardian". Já Marcus Munafo, professor de psiquiatria biológica na Universidade de Bristol, alerta para o facto de ser necessária cautela neste tipo de leituras.
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