O seu filho respira mal?

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O seu filho respira mal?

A maioria dos episódios de apneia da infância ocorre nos primeiros seis meses de vida.



Um dos problemas que mais preocupa os pais, nos primeiros meses de vida dos recém-nascidos, relaciona-se com a dificuldade em respirar.

É frequente que os pais não consigam dormir tranquilos nas primeiras noites até se certificarem que, enquanto dorme, o bebé está tranquilo e a respirar convenientemente.

O Dr. Armando Fernandes, pediatra, esclarece como deve agir no caso do seu filho sofrer de algum tipo de apneia.

Texto: Cláudia Pinto
Revisão científica: Dr. Armando Fernandes, pediatra do Centro Pediátrico de Telheiras

A respiração parece incerta. Às vezes, é muito barulhenta, semelhante ao ressonar de um adulto. O bebé apresenta falhas respiratórias e não dorme convenientemente nem deixa os pais dormirem, tal é a preocupação com as madrugadas em que algo parece não estar bem com o bebé. Falamos de apneia do sono que pode ser caracterizada de várias formas e afectar os bebés recém-nascidos de diferentes modos.

A apneia é definida como a paragem temporária de respiração durante aproximadamente 20 segundos ou por um intervalo de tempo mais curto “se a paragem temporária da respiração for acompanhada de bradicardia, hipotonia, palidez ou cianose”, explica Armando Fernandes.

A apneia da prematuridade é frequente e pode ter consequências após a alta hospitalar do lactente. “Pode ser ponderada a necessidade de utilização de monitores cardiorrespiratórios, também intitulados de monitores de apneia”. Os pais devem procurar ajuda especializada no pediatra assistente “se a criança apresentar manifestações de apneia obstrutiva do sono”.

O médico irá orientar os progenitores com o propósito de resolução do problema. Pode inclusivamente encaminhá-la para uma consulta de otorrinolaringologia “onde pode ser colocada a hipótese de extracção das amígdalas e / ou adenóides”. A maioria dos episódios de apneia da infância ocorre nos primeiros seis meses de vida.



Classificação da apneia
Quando a criança não se esforça para respirar, estamos perante uma apneia central que ocorre frequentemente em crianças prematuras, podendo indicar “alterações do controlo central dos centros respiratórios do tronco cerebral. Contudo, a presença apneia de sono obstrutiva a longo prazo, pode desenvolver componentes centrais, ou seja, a denominada apneia mista”. Quando uma criança não consegue respirar devido à obstrução das vias aéreas superiores, a apneia define-se como obstrutiva.

“A apneia de sono obstrutiva acontece em crianças normais com uma incidência de cerca de 2%, aumentando em crianças com alterações craniofaciais, doenças neuromusculares, entre outras. A incidência também aumenta quando as crianças foram medicadas com certos medicamentos (hipnóticos, sedativos ou anticonvulsivantes).”

Este tipo de apneia pode ter graves consequências para o bebé. “Para além da alteração da qualidade de vida, há também riscos durante a noite: cada vez que a respiração pára, o nível de oxigénio no sangue baixa e o coração tem de trabalhar intensamente, levando a um aumento da pressão arterial, ao acréscimo da pressão pulmonar e, por vezes, a arritmias cardíacas graves e cor pulmonale.

A não recuperação de uma apneia pode provocar a perda de consciência e, como última consequência, à morte”, indica o pediatra. Mas nem tudo são más notícias! Felizmente, a maioria das apneias dos recém-nascidos são identificadas, tratados e resolvidas em pouco tempo.

Roncopatia infantil
Muitas vezes, os pais dizem que o seu filho ressona e questionam se não será precoce ou se a roncopatia poderá estar relacionada com uma constipação ou uma outra doença respiratória. “O ressonar não é mais do que o ruído provocado pela passagem do ar nas vias respiratórias quando obstruídas durante o sono.

Se for intenso e interrompido por pausas, pode ser um dos primeiros sinais da existência da síndrome de apneia obstrutiva do sono. A hipertrofia dos adenóides e das amígdalas é a causa principal de roncopatia na criança, com um pico de incidência entre os 18 meses e os 5 anos de idade.

Pelo descrito anteriormente, facilmente se compreende que o ressonar num bebé deve, até prova em contrário, ser considerado como anormal pelo que justifica falar com o pediatra assistente para avaliação clínica e, eventual, investigação etiológica e correcção adequada”, aconselha Armando Fernandes.

Depois de uma consulta no pediatra assistente, e se a história clínica da criança for compatível com a síndrome de apneia obstrutiva do sono, deve verificar-se os indicadores de gravidade que agravam a patologia, como por exemplo, “a má progressão ponderal, a hipertensão arterial, a policitemia (número invulgarmente elevado de glóbulos vermelhos no sangue), os sinais de hipertensão pulmonar e a insuficiência cardíaca direita”.



Como tratar?
Pode existir indicação cirúrgica se a síndrome de apneia obstrutiva do sono for acompanhada de hipertrofia dos adenóides e/ou das amígdalas, pelo que a criança deve ser precocemente avaliada por um otorrinolaringologista. O seu pediatra assistente certamente lhe recomendará um especialista da sua confiança e encaminhará o seu filho a uma consulta devidamente referenciada para que lhe seja prescrito o tratamento mais adequado.

Armando Fernandes recomenda que “os pais dos recém-nascidos com risco de sofrerem de apneia devem ser treinados em reanimação básica neo-natal – o chamado “ABC da reanimação” ou “respiração boca-a-boca”. Se o bebé tiver um episódio de apneia, os pais devem iniciar imediatamente as manobras de “respiração boca-a-boca”, contactar o 112 e/ou transportar imediatamente o bebé ao serviço de urgência mais próximo.

Teoricamente, quando o problema for resolvido definitivamente, os pais tendem a dormir mais tranquilos. “No entanto, muitos pais de crianças que sofreram apneias ou episódios de aparente risco de vida continuam angustiados muito tempo depois do problema estar resolvido”, conclui o pediatra.



DESTAQUES


“A maioria dos episódios de apneia da infância ocorre nos primeiros seis meses de vida”

“O ressonar não é mais do que o ruído provocado pela passagem do ar nas vias respiratórias quando obstruídas durante o sono”

“Felizmente, a maioria das apneias dos recém-nascidos são identificadas, tratados e resolvidas em pouco tempo”

“A hipertrofia dos adenóides e das amígdalas é a causa principal de roncopatia na criança, com um pico de incidência entre os 18 meses e os 5 anos de idade”
 
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