Pescadores inconformados com interdição na Ria de Aveiro

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Pescadores inconformados com interdição na Ria de Aveiro

Pescadores da Torreira improvisaram hoje uma «cozinha» frente ao Governo Civil de Aveiro, onde cozinharam e comeram berbigão, bivalve cuja apanha está interdita na Ria de Aveiro.

Há cinco meses sem poder apanhar marisco na Ria, por interdição da Capitania devido à existência de toxinas, os pescadores da Torreira pegaram hoje nos barcos e rumaram a Aveiro, onde foram ao governo civil dizer que «estão a atravessar uma situação dramática» e exigir que seja accionado o fundo de compensação salarial.

«Reconhecemos que há regras comunitárias para a realização das análises, mas pretendemos que haja mais informação e transparência para evitar a desconfiança», afirmaram.

António Macedo, do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte, sustentou que «o problema não é por toda a Ria. Queremos que se façam mais pontos de recolha».

O dirigente sindical salientou que os pescadores «estão a viver uma situação aflitiva, há cinco meses sem poderem trabalhar, com prestações de casas para pagar e despesas com filhos a estudar, o que os está a levar ao desespero».

«A situação só não é ainda mais dramática porque receberam em Junho a compensação por 60 dias de inactividade no ano passado», disse.

António Macedo, que chefiou a delegação que foi recebida no governo civil, defende que «deve ser activado o fundo de compensação salarial que contempla este tipo de situações».

Quer também que «sejam tomadas medidas para acautelar situações como esta no futuro».

Inconformados com a interdição generalizada da apanha de bivalves na Ria, os pescadores quiseram demonstrar que «há zonas onde não há toxinas», cozinhando e comendo o marisco interdito, para provar que «não faz mal nenhum».

Levaram um bico e uma botija de gás, panelas, tachos e muitos quilos de berbigão, que cozinharam em frente ao edifício do governo civil.

Comeram e deram a provar a quem quisesse.

«Os que trabalham só ao marisco estão parados porque já nem sequer há chocos e linguado para trabalhar», desabafou Aníbal Soares, um dos pescadores presentes na «manif».

D. Sílvia fez de chefe de cozinha e foi explicando aos jornalistas a iguaria que estava a preparar: «leva cebola, alho, salsa, loureiro, presunto, chouriço e um pouco de vinho do Porto», revelou.

O berbigão, acrescentou a cozinheira, vai sendo acrescentado ao refogado com as conchas e vai abrindo com a temperatura.

A receita é conhecida nos lares da Torreira e da Murtosa, preparada como refeição tendo a batata como acompanhamento, e dos restaurantes locais que a servem como aperitivo ou para merendar.

«Pode comer à confiança. Eles é que não o [berbigão] deixam vender», garante D. Sílvia.

A maioria dos mariscadores da Ria de Aveiro é oriunda da Torreira, com 400 licenças atribuídas. A sua actividade está suspensa, por tempo indeterminado.


Diário Digital / Lusa
 
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