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Pessoanos defendem mais apoio à investigação na Casa Pessoa

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Pessoanos defendem mais apoio à investigação na Casa Pessoa

Especialistas pessoanos defendem que a Casa Fernando Pessoa deve reforçar a promoção do seu acervo, intensificar as actividades culturais e incentivar a investigação sobre a vida e obra do poeta, um dos maiores da língua portuguesa.

«Há muito trabalho a fazer relativamente à preservação e exposição de materiais» à guarda da Casa Fernando Pessoa, disse à Agência Lusa o investigador Fernando Cabral Martins sobre o futuro desta entidade, que passará sexta-feira a ser gerida pela escritora Inês Pedrosa, na sequência da saída de Francisco José Viegas.

Exactamente findos dois anos à frente da Casa Fernando Pessoa, o escritor e jornalista Francisco José Viegas demitiu-se, dia 01 de Fevereiro, daquela instituição, tutelada pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), para ir dirigir a revista Ler do Círculo de Leitores.

Em sua substituição foi nomeada a também escritora e jornalista Inês Pedrosa, que tomará posse sexta-feira, assumindo a gestão da entidade num ano simbólico, em que se comemoram os 120 anos do nascimento de Fernando Pessoa.

Para o investigador, autor de várias antologias sobre Fernando Pessoa, aquela entidade «tem de ter um orçamento reforçado para oferecer um programa de actividades com qualidade e interesse» para o público.

Inaugurada a 30 de Novembro de 1993, a Casa Fernando Pessoa é um espaço cultural criado pela CML com o objectivo de divulgar a vida e obra de um dos maiores poetas da língua portuguesa, nascido em 1888 e falecido em 1935, no primeiro andar daquele edifício, onde viveu desde 1920.

O prédio foi adquirido em ruínas pela autarquia e reconstruído, com a ajuda de uma arquitecta italiana - Daniela Ermano - e de vários especialistas em Pessoa, restando da casa original apenas a fachada exterior, a escada que leva ao quarto e o próprio quarto do poeta.

Manuela Júdice foi a primeira directora da Casa Fernando Pessoa, seguindo-se Clara Ferreira Alves, que dirigiu a entidade durante quatro anos, e Francisco José Viegas até ao final de Janeiro deste ano.

«Sob a direcção de Manuela Júdice, a Casa Fernando Pessoa foi mais vocacionada para o estudo de Pessoa e depois evoluiu para actividades literárias em geral, vindo a tornar-se uma Casa da Poesia, o que não me parece mal«, avaliou Fernando Cabral Martins, que costuma frequentar o espaço para o lançamento de livros.

Por outro lado, o especialista pessoano defende que a entidade deveria ter um papel de relevo na divulgação de toda a geração modernista contemporânea de Pessoa, nomeadamente.

«O modernismo português - quer na literatura, quer na pintura - é um movimento historicamente muito importante», sublinhou.

Richard Zenith, outro investigador pessoano, radicado em Portugal desde 1987, considera que a orientação da entidade, «nos últimos anos tem sido boa, mas tem de haver mais promoção e dinamização com actividades culturais».

O especialista considerou «uma boa escolha» Inês Pedrosa para a direcção da entidade e comentou: «Seria complicado ficar um pessoano à frente da Casa Fernando Pessoa porque há sempre guerras entre os investigadores de Pessoa. Quem não é pessoano, mas gosta de Fernando Pessoa, pode ter mais objectividade».

Advogou ainda o reforço da programação, com mais actividades culturais, e, por outro lado, o incentivo à investigação da biblioteca de Fernando Pessoa.

«Não sou pela criação de prémios, mas sim de bolsas de criação e investigação«, observou o tradutor, crítico e conferencista.

Nos seus depoimentos à Agência Lusa, ambos os investigadores defenderam o regresso da revista Tabacaria, publicada em conjunto pela Casa Fernando Pessoa e a Contexto Editora, cujo conteúdo é dedicado à poesia e às artes plásticas.





Fonte:Lusa
 
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