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Planear a gravidez deve ser uma exigência para a mulher diabética

maioritelia

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Continuam a ser muitas as mulheres com diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2 que engravidam de forma não programada e com um mau controlo metabólico.

Muitas mulheres com diabetes engravidam sem que atinjam previamente o controlo metabólico da doença. “Muitas vezes, porque continuam a acreditar que, se durante a gravidez estiverem bem controladas, isso é suficiente para o seu bem-estar e do feto, o que não é absolutamente verdade”, explica Dra. Lisa Ferreira Vicente, ginecologista-obstetra, responsável pela Consulta de Saúde Reprodutiva da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP).
É sabido que as malformações devidas ao mau controlo metabólico surgem nas primeiras oito semanas de formação do embrião. “Ou seja, mesmo que a grávida esteja bem controlada durante todo o resto da gravidez, já nada modifica os problemas que possam ter surgido inicialmente.

Só o controlo metabólico prévio à gravidez pode diminuir o risco de malformações”, adianta a especialista. Para que a gestação de uma mulher diabética seja bem seguida, existe uma equipa de vários profissionais que a deverão acompanhar: médicos, dietista, enfermeira… “No entanto, a principal interveniente é a própria mulher”.

Implicações da diabetes na gravidez

Já falámos dos riscos de complicações fetais e das malformações para o feto resultante de gravidezes mal controladas. Por outro lado, a mulher com diabetes “tem um maior risco de ameaça de parto pré-termo, de hipertensão (e das sua complicações) e de infecções – cistite, pielonefrite e candidíase vulvo-vaginal. O controlo glicemico adequado ao longo da gravidez diminui o risco da sua ocorrência; porém, a vigilância é sempre mais apertada do que nas mulheres sem patologia”, indica Lisa Ferreira Vicente.

Durante o primeiro trimestre de gravidez podem ocorrer episódios de hipoglicemia, em especial se a mulher tem náuseas, come menos ou vomita. Os familiares mais próximos devem estar alerta para esta situação e preparados para agir caso este episódio aconteça. “A retinopatia pode agravar ou surgir ao longo da gravidez. Devem ser por isso realizadas reavaliações oftalmológicas periódicas durante a gestação”, reforça a entrevistada desta edição da Mãe Ideal.

“Quando já existe doença renal com proteinúria (perda de proteínas na urina) há o risco de que ela se agrave ao longo da gravidez. Em algumas situações será reversível, noutras a lesão tornar-se-á permanente”, esclarece a ginecologista. Em resumo, os riscos e consequências que decorrem de uma gravidez numa mulher com diabetes mellitus estão relacionados com a existência, tipo e gravidade das complicações crónicas pré-existentes.

Adianta Lisa Ferreira Vicente que “as repercussões na saúde futura da mulher devem ser discutidas com o médico assistente. Algumas das alterações que surgem ao longo da gravidez são transitórias, mas outras serão definitivas. Por outro lado, muitas mulheres com diabetes têm hoje em dia gravidezes bem sucedidas, sem complicações significativas. Em situações mais graves, a gravidez pode constituir um sério risco para a saúde da mulher (a curto ou médio prazo)”. Diabetes gestacional

Difere da diabetes existente antes da gravidez porque é diagnosticada pela primeira vez durante a gestação. No fim da gravidez (6 a 8 semanas pós-parto) deve ser feita uma nova prova de glicémia para saber se a diabetes se mantém. A maioria das mulheres que desenvolvem diabetes durante a gravidez, voltam ao normal. Contudo, devem saber que é importante diminuírem de peso, manterem uma alimentação saudável e realizarem com regularidade análises de glicemia ao longo da vida.

Para algumas mulheres, o diagnóstico da diabetes na gravidez corresponde a uma pré-diabetes ou diabetes prévia não diagnosticadas e que a gravidez põe em evidência. “Hoje em dia, estas situações têm crescido porque as mulheres tendem a engravidar mais tarde e porque a diabetes tipo 2 tende a afectar pessoas cada vez mais novas. A diabetes é uma doença silenciosa”, define a ginecologista da APDP e o diagnóstico de uma diabetes gestacional pode ser o primeiro sinal da doença.

A saber…

- “A mulher com glicemias elevadas durante as primeiras oito semanas de gestação – o que corresponde apenas ao tempo de duas «faltas» – tem um risco de aborto espontâneo e malformações fetais muito superior ao da população em geral. Até às oito semanas, formam-se a maioria dos órgãos do embrião. É por isso um período em que este é extremamente sensível a agentes externos. Por razões ainda não totalmente explicadas, a glicemia elevada pode induzir alterações na formação dos órgãos”, esclarece Lisa Ferreira Vicente.

Quanto mais elevada a glicemia, maior o risco de malformações (que pode chegar a ser 10-15 vezes superior ao risco da população em geral). Como a maioria das mulheres vai à primeira consulta já depois das oito semanas, é fácil perceber, que nesta altura é já tarde para alterar o risco de malformações.

- Na mulher com diabetes, há por vezes necessidade de utilizar medicamentos que não são seguros (ou que não há certeza de o serem) durante a gravidez. “Mais uma vez, as primeiras semanas de gestação são aquelas em que podem surgir as alterações mais graves pelo seu uso. Vir à consulta antes permite mudar a terapêutica em segurança, para a mãe e para o filho”, indica a ginecologista.

- “A retinopatia é uma importante complicação crónica da diabetes. O diagnóstico e tratamento precoces são as peças chave para evitar a sua progressão. A gravidez pode acelerar o desenvolvimento da retinopatia, sendo por isso tão importante fazer uma avaliação oftalmológica antes de engravidar e proceder ao tratamento caso seja necessário. Desta forma, a mulher protege a sua saúde, preservando a sua visão”, salienta Lisa Ferreira Vicente.

- Todas as mulheres, independentemente do seu estado aparente de saúde, devem preocupar-se com cuidados pré-concepcionais. Na mulher com diabetes, estas medidas são ainda mais importantes. “Pela sua saúde e pela do seu filho. Ignorar este assunto não faz com que ele não exista… Preparar-se antes de engravidar deve ser uma exigência para todas as mulheres com diabetes”.

- Existem outras vantagens que justificam um adequado controlo da glicemia por parte das mulheres que engravidam. “Referimo-nos à diminuição das complicações para a mãe e para o filho. No entanto, aquilo que faz mesmo a diferença entre controlar antes ou depois a diabetes relaciona-se com a taxa de más formações fetais”, acrescenta a ginecologista da APDP.

- Ao contrário do que muitas pessoas pensam, uma mulher diabética não corre o risco de ter um filho diabético. “As mulheres diabéticas não têm nenhum risco aumentado relativamente às mulheres em geral. A diabetes é uma doença auto-imune para cada indivíduo. Mesmo uma mulher que tenha uma diabetes completamente descontrolada, ela não vai ter um filho com diabetes. Esta pergunta é engraçada e aparece com regularidade nas minhas consultas”, fundamenta Lisa Ferreira Vicente. Cuidados pré-concepcionais na grávida com diabetes

- Preocupar-se em ter uma alimentação regular e equilibrada;

- Praticar exercício físico regular;

- Evitar o consumo de certas substâncias, como por exemplo, o tabaco, o álcool e drogas, pelo impacto negativo que têm na saúde em geral e na gravidez em particular;

- Actualizar o calendário de vacinas;

- Realizar uma consulta explicando que o seu objectivo é realizar uma avaliação pré-concepcional. Nesta situação será preocupação do médico identificar através da história clínica e pela observação física se existem alterações que necessitam ser esclarecidas ou tratadas. É também nesta altura que é importante averiguar se existem doenças familiares que devam ser orientadas para aconselhamento genético. Para além da observação inicial são normalmente realizados exames que a completam.

- Iniciar um suplemento com ácido fólico antes de engravidar. Esta vitamina tomada diariamente diminui significativamente o risco de malformações do sistema nervoso do feto. A diabetes não controlada está entre as situações em que está aumentado o risco deste tipo de malformações. Esta simples medida reduz em 50% o seu risco.

sp.
 
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