Pneumonia na criança

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Pneumonia na criança

O que é? A pneumonia aguda é habitualmente uma doença infecciosa que afecta os pulmões, traduzida por uma consolidação dos alvéolos pulmonares ou infiltração do tecido intersticial por células inflamatórias. As pneumonias que afectam as crianças normais, no seu meio habitual, designadas pneumonias da comunidade são aquelas aqui abordadas, uma vez que os recém-nascidos, as crianças imunodeprimidas, com doenças crónicas ou internadas, constituem um grupo à parte, podendo ser infectadas por microorganismos diferentes.

Quais são as causas? Para além das causas infecciosas, existem outras pneumonias provocadas por exemplo por aspiração de alimentos ou corpos estranhos, reacções de hipersensibilidade ou induzidas por drogas. Os vírus respiratórios são os principais agentes infecciosos (80 a 85%), sendo o vírus sincicial respiratório (VSR), o influenzae, o parainfluenzae e o adenovírus os mais vezes implicados. O Mycoplasma pneumoniae e bactérias selecionadas, com o pneumococo, o Staphilococos aureus e actualmente menos frequente o Haemophilus influenzae tipo b são outras causas comuns de pneumonia na criança.

Quem é mais atingido? De uma forma geral, as infecções víricas do aparelho respiratório inferior são bastante mais vulgares nos meses de inverno e o VSR é o agente mais comum, especialmente nos bébés mais pequenos. Os quadros de bronquiolite predominam no 1º ano de vida, enquanto a pneumonia vírica tem a máxima incidência entre os 2 e os 3 anos, reduzindo-se a partir de então de uma forma progressiva. Relativamente ao Mycoplasma, a maior incidência ocorre em crianças em idade escolar, sendo responsável por cerca de um terço das pneumonias entre os 5 e os 9 anos e por aproximadamente 70% das pneumonias entre os 9 e 15 anos. As pneumonias bacterianas, não são muito comuns nas crianças de outro modo saudáveis, afectando mais frequentemente aquelas com doenças subjacentes, como seja por exemplo a fibrose quística ou imunodeprimidos. Uma infecção vírica prévia do pulmão pode, contudo, alterar os mecanismos de defesa e deixar que as bactérias causem doença.

Como é feito o diagnóstico? Na pneumonias víricas, muitas vezes existem familiares com sintomas respiratórios em casa e durante alguns dias, a criança apresenta pingo no nariz e tosse; entretanto surge febre, que não costuma ser muito elevada e sinais de dificuldade respiratória, mais ou menos intensos. O quadro de pneumonia bacteriana é habitualmente mais súbito e exuberante, com febre elevada, tosse e dificuldade respiratória, continuando a ser o pneumococo o agente mais frequente. O diagnóstico é feito pela clínica, com particular importância para a auscultação pulmonar, por radiografia pulmonar e por análises de sangue. O diagnóstico definitivo é feito pelo isolamento do agente em causa, a partir de uma amostra de secrecções respiratórias ou no sangue. O Mycoplasma pneumoniae é um agente infeccioso que dá origem aos chamados quadros de pneumonia atípica, nas quais os sintomas gerais são mais exuberantes do que as queixas respiratórias, simulando por vezes infecções víricas arrastadas. É importante lembrar que nem sempre é fácil fazer o diagnóstico diferencial de todas estas situações, sendo necessário para sua confirmação a conjugação de todos os dados clínicos e os exames complementares necessários, nomeadamente exames microbiológicos apropriados.

Como se trata? Como nas restantes infecções provocadas por vírus, o tratamento habitual é de suporte, sendo necessário internamento dos bébés mais pequeninos ou dos casos mais graves. Nas infecções provocadas por bactérias, o tratamento com antibióticos veio melhorar muito a história desta doença, assim como das outras causadas por agentes bacterianos. Qual é o prognóstico? O prognóstico costuma ser bom, embora em algumas situações a doença possa ser mais prolongada ou, nomeadamente com o adenovírus, o quadro possa ser mais perigoso.

Dra. Elisa Proença Fernandes
Pediatra
 
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