Por que as meninas usam rosa e os meninos usam azul?

Luz Divina

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Por que as meninas usam rosa e os meninos usam azul?



Certamente você já fez isso antes. Você vê um bebezinho e, baseado na cor de seu cobertor, decide se é menino ou menina. Faz parte da sabedoria popular que a cor rosa é para meninas e a azul para os meninos. Mas você já se perguntou o porquê? Por que é que os meninos preferem azul e as meninas rosa? É um fenômeno cultural, como muitos supõem? Ou essa distinção de preferências de cores ocorre em um nível diferente?



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Imagem cedida por Abdelhak Senna/AFP/Getty Images
Em Marrocos, como em outras partes do mundo, o rosa é a cor das meninas


É para responder a esta questão que dois neurocientistas, da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, estão trabalhando. Os doutores Anya Hurlbert e Yazhu Ling criaram uma experiência sobre as preferências de cores entre homens e mulheres.

O jornal Biologia Atual publicou suas primeiras descobertas na edição de 21 de agosto de 2007. Os pesquisadores reuniram 206 pessoas de ambos os sexos entre 20 a 26 anos para os testes. A maioria era de brancos ingleses, porém 37 eram descendentes de chineses e criados na China.

Os objetos de estudo ficaram diante de um computador enquanto dois retângulos de diferentes cores piscavam na tela. Para o objetivo do estudo, os neurocientistas dividiram o espectro de cores em duas metades, vermelho-verde e azul-amarelo. Os retângulos foram organizados nestas duas categorias.

Os pesquisadores pediam para os participantes escolherem rapidamente qual retângulo eles preferiam, e então o computador mudava para outro conjunto de retângulos. As descobertas a partir desta experiência mostraram que tanto os homens quanto as mulheres preferiam o azul no conjunto de cores básicas.

Quando foram mostradas cores misturadas para que escolhessem, o grupo masculino do estudo mostrou uma grande preferência por cores combinadas. Mas quando as mulheres tiveram de escolher, elas preferiram cores que mudam do azul para o vermelho no final do espectro, nas quais tons de rosa e lilás são encontrados. Os cientistas concluíram que esta distinção de preferência de cores entre os gêneros possui uma base real.

Mas por quê? Estes resultados se deram porque os participantes foram criados em uma cultura onde o azul é para os meninos e o rosa é para as meninas? Em outras palavras, a preferência de cores é aprendida e não - inata - algo com o que nascemos?

É aí que entram os participantes chineses. Para mostrar que a preferência entre as cores rosa/azul existe através das culturas e que, por essa razão, não é uma construção cultural, os pesquisadores aplicaram o mesmo teste nos chineses. Os resultados foram similares entre mulheres chinesas e mulheres inglesas: ambas preferiram as tonalidades encontradas no lado vermelho do espectro.

Isto mostra que a noção de que as preferências de cores entre os sexos têm base biológica em vez de cultural. Os pesquisadores esperam apoiar esta conclusão com uma versão revisada do teste modificada para crianças. Os cientistas afirmam que uma criança bem pequena ainda não teve a chance de ser socializada em um papel de gênero pela sociedade. Por isso, qualquer preferência de cor exibida para bebês seria uma coisa nata.

Mas a dúvida permanece - por que há distinção entre homens e mulheres em relação às preferências de cores? Os doutores Hurlbert e Ling sugeriram que a razão pode ser encontrada no passado distante da humanidade.

Da África para os ruidosos anos 20

Os neurocientistas Hurlbert e Ling descobriram que mulheres de duas culturas diferentes tendem a preferir tons vermelhos, inclusive rosa, mas por quê? Em suas descobertas publicadas, os cientistas sugeriram que a preferência tem origem no papel designado para as mulheres na Antiguidade. Grupos hunter/gatherers compostos de humanos antes do advento da agricultura cerca de 10 mil anos atrás. Nestes grupos, os homens geralmente caçavam enquanto as mulheres colhiam frutas, vegetais e outras plantas.

Do ponto de vista de Hurlbert e Ling, as mulheres tinham afinidade com os vermelhos das frutas maduras que contavam pontos para as mulheres antigas em seus grupos. Assim, a mulher trouxe consigo a cor vermelha (e as recompensas associadas a ela) para tornar sua busca mais fácil. Os cientistas afirmam que isto também se aplicaria para as mulheres no reconhecimento de faces ruborizadas, como sinal de doenças, entre seus filhos.

Para explicar a preferência pelo azul tanto entre homens quanto entre mulheres, no estudo, Hurlbert sugeriu que para estas populações antigas, o azul significava "bom tempo" e "boa fonte de água".



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Antes dos anos 20, tanto meninos quanto meninas usavam vestidos,
geralmente de cor branca - até mesmo o futuro rei da Inglaterra (George IV, mostrado acima em 1896)




Porém isso pode ser um salto das descobertas para a explicação. É verdade que os pesquisadores descobriram que as mulheres tendem a preferir as cores avermelhadas do final do espectro. Suas descobertas também se apoiam em estudos anteriores.

Um estudo de 2003 sugeria que as mulheres preferem os tons avermelhoados porque seus olhos são fisicamente propensos a enxergar melhor estes tons do que as outras cores. Isto certamente apoia a idéia de Hurlbert e Ling de uma base evolucionária para preferências de cores. Porém, suas respostas não abrangem todos os dados.

Por exemplo, apenas na década de 20 que os pais dos ocidentais começaram a vestir seus filhos com roupas coloridas. Antes disto, as crianças de ambos os sexos geralmente eram vestidas de branco, e tanto os meninos quanto as meninas usavam vestidos.

Quando a distinção de cores entre meninos e meninas se deu na década de 20, as cores eram contrárias: rosa para os meninos e azul para as meninas. Apenas na década de 40, esse padrão de cores foi invertido para o modo como o conhecemos hoje. Este fato baseia a idéia de que a preferência de cores entre rosa e azul é cultural e não biológica.

Entretanto, certamente há pais que optam por fugirem do padrão azul/rosa e vestem seus filhos de amarelo ou verde. Ainda assim, muitas meninas pequenas - inclusive algumas que foram criadas fora desse padrão típico de gênero de cores - passam por uma fase caracterizada por suas inflexíveis exigências por tudo cor-de-rosa. Os pesquisadores da Universidade de Princeton referem-se a isto como a fase do "Vestido de Babados Rosa".

O grupo da Princeton pressupõe que as crianças se conscientizam pela idade de que há dois gêneros diferentes e que elas pertencem a um deles. Garantir um lugar em um dos gêneros é importante para o desenvolvimento psicológico da criança. Uma forma fácil para a criança conseguir esta segurança é adotar a designação de cores pela sociedade para seu gênero e rejeitar a outra [fonte: Universidade de Princeton.

Desde que o estudo da Princeton sugeriu uma combinação de cultura e biologia nas preferências de cores, a questão continua: a biologia ou a cultura é responsável por essa escolha, ou ambas são? Talvez a resposta possa ser descoberta em um estudo que investigue se as pessoas daltônicas tendem a alguma confusão de gêneros.




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