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Portugueses com mais risco de ataque cardíaco, diz FCP

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Portugueses com mais risco de ataque cardíaco, diz FCP

Insónias, dores de cabeça persistentes, palpitações e dores no peito são alguns dos sintomas que cada vez mais portugueses estão a apresentar nos consultórios médicos e que estão associados à crise económica, o que preocupa os cardiologistas.

O presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), Manuel Carrageta, disse que tem acompanhado a crise económica mundial, e em especial a que se vive em Portugal, através dos seus doentes, que, nos últimos meses, têm acusado sintomas de risco para o coração, que o médico atribui às dificuldades financeiras por que estão a passar.

Manuel Carrageta contou que já acompanhou casos de pessoas que «perderam tudo» com esta crise. Algumas delas, pormenorizou, tinham as poupanças de uma vida no banco Lehman Brothers, instituição norte-americana que faliu recentemente. «Tenho acompanhado casos de pessoas que têm vindo a perder consecutivamente dinheiro, mas outras perderam tudo o que tinham», disse.

Outras ainda, adiantou, foram surpreendidas com os efeitos da crise em aplicações que tinham e que desconheciam estarem ligadas à bolsa, e por isso perderam muito dinheiro. Manuel Carrageta também seguiu casos de pessoas que perderam o emprego, por pertencerem a quadros de empresas norte-americanas que simplesmente fecharam as portas de um dia para o outro.

Os efeitos da crise não chegaram agora aos consultórios dos cardiologistas, explicou, sendo que a maior parte destas pessoas que se queixam de sintomas, e vêem a sua saúde ameaçada pela crise, já sabe há algum tempo das possíveis consequências da crise, pois trabalham nos serviços mais afectados. «Já acompanhei casos de pessoas que sabiam que a sua situação ia ser muito grave, pois estão no meio do sistema e sabem o que vai acontecer e as perdas que vão ter», disse.

No meio desta crise, o organismo sente-se em perigo e começa a funcionar como se estivesse ameaçado por um monstro, libertando hormonas que desde sempre permitiram ao homem fugir e lutar. Manuel Carrageta explicou que este é um mecanismo que o homem dispõe desde sempre e que permitia, na pré-história, fugir dos animais ou ter mais força para combater com estes ou com outros inimigos.

As hormonas que se libertam em situações de grande stress e de medo levam a que o sangue seja orientado para os braços (para fomentar a luta) e para as pernas (permitindo a fuga). Como o homem não pode fugir do «monstro» da crise, mas o sangue é na mesma orientado para estes membros, dá-se uma grande sobrecarga do coração, pois sobe a tensão arterial e é maior a frequência cardíaca, o que aumenta os riscos de um ataque cardíaco, explicou.

No fundo, pormenorizou o responsável, é o próprio organismo que, ao accionar este mecanismo de defesa, se agride a si próprio, ameaçando o coração. Cefaleias (dores de cabeça persistentes), insónias e dores no peito são alguns dos sintomas que muitos doentes têm apresentado nos consultórios e que «estão associados a estes últimos tempos de crise», disse.

Para o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), estas são alturas em que os riscos, já grandes, se tornam ainda maiores porque «as pessoas têm tendência para praticar hábitos pouco saudáveis e muito pouco amigos do coração, como comer comida muito doce ou salgada, fumar e beber álcool em excesso»

Por esta razão, os cardiologistas recomendam hábitos de vida saudáveis, uma dieta equilibrada e prática de desporto. Exercícios de relaxamento e de respiração são algumas das receitas para estes tempos de crise. Contudo, e nos casos em que os doentes já apresentam problemas de coração, a receita passa por intensificar a terapêutica.

Ao elevado número de casos de diabetes, colesterol elevado, hipertensão e obesidade, a crise económica junta-se agora aos factores de risco dos acidentes cardiovasculares que matam anualmente 40 mil portugueses.


Diário Digital / Lusa
 
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