Prémio Novartis Oncology distingue reportagens humanas e informativas sobre o cancro

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Prémio Novartis Oncology distingue reportagens humanas e informativas sobre o cancro

Na cerimónia de ontem à noite subiram ao palco jornalistas da Visão, SIC e Sábado

Acabar com os clichés, com os preconceitos, com a atitude complexada, com eufemismos como "doença prolongada" e com o medo de dizer cancro. Foram estas as coordenadas seguidas pelos trabalhos vencedores e alguns dos aspectos valorizados pelo júri. A cerimónia de entrega do II Prémio de Jornalismo Novartis Oncology decorreu ontem à noite na sala do Explora do Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, e distinguiu Isabel Nery, da Visão, com a reportagem "Eu venci o cancro", Cristina Boavida, da SIC, com "O Mundo ao Contrário", e atribuiu uma menção honrosa a Luís Silvestre e Cláudia Faria, da Sábado, pelo trabalho "Os cancros que você detecta… antes de eles aparecerem".

O prémio com o valor monetário individual de cinco mil euros e 1500 euros para a menção honrosa, distingue anualmente trabalhos jornalísticos nas categorias de imprensa e audiovisual que tenham contribuído para informar a população portuguesa sobre a doença oncológica, um contributo que a farmacêutica Novartis Oncology considera essencial para um diagnóstico mais rápido e tratamentos mais eficazes, disseram ontem os responsáveis.

Mensagens jornalísticas que dão esperança

Para Fernando Cascais, director do Cenjor e membro da comissão de avaliação, as 93 candidaturas recebidas para este edição são sinal de que à medida que a ciência avança, a informação circula e se a Novartis produz esperança e qualidade de vida junto dos doentes, promove o mesmo junto dos ouvintes, espectadores e leitores ao reconhecer trabalhos que ajudam a passar uma mensagem de esperança .

A comissão de avaliação com um painel fixo composto por Teresa Ribeiro, presidente do Instituto de Comunicação Social, António José Ribeiro, em representação da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Fernando Cascais, Director do Cenjor e Guiomar Belo Marques, representante do Clube de Jornalistas, analisou as candidaturas mediante critérios como a abordagem ao tema, a originalidade, a estrutura, o conteúdo e o alcance social.

Para a presidente do Prémio de Jornalismo Novartis Oncology, Teresa Ribeiro, que não pôde estar presente na cerimónia, a iniciativa assenta no reconhecimento de que "a convocação da comunicação social é indispensável para divulgar e ampliar informação que sublinhe a importância da prevenção e do rastreio precoce", disse numa nota aos jornalistas.

Júri destaca originalidade e lado emocional

Sobre os trabalhos vencedores, a responsável assinalou o carácter inovador e alguma "violência emocional", capazes de veicular mensagens positivas sobre a doença.

A violência emocional é também sentida na elaboração dos trabalhos, disseram as vencedoras, o que não é necessariamente negativo. "É bom ver o nosso trabalho reconhecido, especialmente quando são trabalhos que nos custaram um bocadinho a fazer", frisou Isabel Nery, que fez uma reportagem sobre doentes oncológicos em que o cancro tem sido vivido como doença crónica, superado um ano de cada vez com alegria, fé e apoio. "Para mim não faz sentido fugir das pessoas com esta doença. São pessoas extraordinárias que nos fazem pensar também em coisas boas", acrescentou.

Menos coloridos e adjectivos para falar de cancro

Para Cristina Boavida, que passou cerca de um mês no serviço de pediatria do Instituto Português de Oncologia, em Lisboa, e lidou com as histórias de vida de crianças com cancro e o drama das respectivas famílias, a principal motivação foi quebrar o tabu que diz que estas pessoas trazem tristeza e deprimem e mostrar que o cancro ataca qualquer idade e qualquer extracto social, sendo que continuar a ignorar isto atrasa muitas vezes os diagnósticos.

Contra os velhos velhos tabus e preconceitos, a forma como se vai falando de cancro nos media é um caso feliz de casamento entre ciência e jornalismo cívico, sugeriu Maria Elisa na apresentação. Para Luís Rocha, da Novartis Oncology, é tempo de "falar mais e falar mais verdade", isto é, deixar de colorir, adjectivar e tentar disfarçar o cancro sob outros factos.

"Durante muitos anos considerou-se que o cancro era uma coisa que não devia ser falada, uma fatalidade", disse o responsável ao Ciência Hoje, no final da cerimónia.

"Estes prémios são uma mensagem para que as pessoas percebam que detectar depressa a ocorrência da doença significa um resultado melhor. Quanto menos claro se falar, mais tarde as pessoas chegam ao conhecimento e ao diagnóstico", frisou Luís Rocha.

Jornalismo como terapêutica complementar

O contributo do jornalismo, afirmam os responsáveis, acontece quando consegue transformar o importante em interessante. Um esforço compensador, como sublinhou Fernando Cascais, quando a investigação científica passa para o lado da comunicação da ciência e funciona como "terapêutica complementar".

Na comunicação da ciência, que peso tem o rigor científico? Para Luís Rocha, é difícil dizer até onde pode ir a cientificidade de uma peça escrita por não-cientistas. "As peças devem estar bem fundamentadas e transformar o complexo em inteligível e interessante. É essa a função da comunicação da ciência – transformar o que é difícil de compreender em qualquer coisa que qualquer pessoa possa entender", disse o responsável. "Às vezes até é mais complicado explicar temas complexos de forma simples do que optar por refugiar-se em palavras complicadas", salientou.

No final da cerimónia, a Novartis Oncology renovou a intenção de realizar em 2009 a terceira edição deste prémio. Aberta a trabalhos publicados em 2008, as candidaturas poderão ser submetidas até Fevereiro do próximo ano.

 
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