Quando a atenção falta…

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Quantas vezes ouvimos alguém dizer: esta criança não pára! De certeza que é hiperactiva. Mas afinal, em que consiste a hiperactividade? Quais os principais sintomas? É isso que lhe explica neste artigo.

É comum ouvirmos falar de hiperactividade mas a designação científica mais actual é a Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA). É uma das maiores problemáticas da infância e da adolescência, embora sejam conhecidas algumas controvérsias em redor do problema.

“Agitação, irrequietude, desorganização, imaturidade, relacionamento social pobre, inconveniência social, problemas de aprendizagem, irresponsabilidade, falta de persistência, preguiça, etc., são algumas das características atribuídas a estas crianças”, segundo a Associação Portuguesa de Criança Hiperactiva.

A PHDA começa por criar dificuldades na aprendizagem do indivíduo e na sua adaptação ao meio ambiente nos primeiros anos de vida. Tal situação prolonga-se depois pela sua vida adulta. Esta perturbação de desenvolvimento afecta a atenção da criança, o seu comportamento e autocontrolo. Não pode afirmar-se que este défice de atenção resulte da má educação dada pelos pais, da sua religião ou crenças mas sim da forma como a criança se envolve no meio ambiente e como se integra na vida social.

A PHDA distingue-se por dois tipos de comportamento: por um lado, a desatenção, e por outro, a hiperactividade / impulsividade, como veremos de seguida. A primeira perturbação do desenvolvimento referida é a mais frequente em idade pediátrica, com uma prevalência estimada de 3 a 7%. Os sintomas iniciam-se geralmente em idade pré-escolar, em particular a hiperactividade / impulsividade.

Sintomas identificativos

Para um adequado diagnóstico da PHDA, a Associação Psiquiátrica Americana descreve nove sintomas de falta de atenção e nove sintomas de hiperactividade / impulsividade. Os sintomas descritos podem ser observados em crianças mas ser acompanhados e avaliados por um especialista para que o diagnóstico seja confirmado cientificamente.

O diagnóstico da hiperactividade com défice de atenção é complexo e requer uma avaliação sistematizada e rigorosa. Esta avaliação é realizada por equipas multidisciplinares compostas por pediatras de desenvolvimento, pedopsiquiatras, neuropediatras e psicólogos. Se forem verificados, pelo menos, seis dos seguintes sintomas, é provável que o seu filho sofra de PHDA. São eles:

1. Não prestar atenção suficiente aos pormenores ou cometer erros por descuido nas tarefas escolares, no trabalho ou noutras actividades lúdicas.

2. Ter dificuldade em manter a atenção em tarefas ou actividades.

3. Parecer não ouvir quando se lhe dirigem directamente.

4. Não seguir as instruções e não terminar os trabalhos escolares ou outras tarefas.

5. Ter dificuldade em organizar-se.

6. Evitar as tarefas que requerem esforço mental persistente.

7. Perder objectos necessários a tarefas ou actividades que terá de realizar.

8. Distrair-se facilmente com estímulos irrelevantes.

9. Esquecer-se com frequência de actividades quotidianas ou de algumas rotinas.

Quando estamos perante um problema claro no controlo dos movimentos do corpo, uma actividade motora excessiva e a clara necessidade da criança estar sempre em movimento, podemos estar perante um caso de hiperactividade.

Segundo a Associação Psiquiátrica Americana, uma criança hiperactiva apresenta sistematicamente os seguintes sintomas: movimentar excessivamente as mãos e os pés e mover-se quando está sentado; levantar-se da sala ou noutras situações em que é esperado que esteja sentado; correr ou saltar excessivamente em situações em que não é recomendado que o faça; ter dificuldades em se dedicar tranquilamente a um jogo; agir como se estivesse ligado a um motor e falar em excesso.

Por outro lado, a mesma associação refere três sintomas para caracterizar uma criança impulsiva: precipitar as respostas antes que as perguntas tenham acabado, ter dificuldade em esperar pela sua vez e interromper ou interferir nas actividades dos outros (intrometer-se nas conversas ou nos jogos).

Sabia que?

- Estima-se que mais de duas em cada 100 pessoas adultas tem PHDA.

- A PDHA caracteriza-se por dois tipos de sintomas principais: a desatenção e a hiperactividade / impulsividade. Não é necessário estarem presentes os dois tipos de queixas.

- Esta é uma patologia que tem início na infância e mantém-se na idade adulta, com uma grande percentagem.

- Quando diagnosticada, a PHDA tem tratamento com base em medicamentos e/ou apoio psicológico, desde que a sua eficácia seja convenientemente comprovada.

O que os pais devem fazer

Ser pai de uma criança com PHDA não é nada fácil e requer paciência redobrada. A via mais fácil costuma ser a crítica, atitude completamente reprovada pelos especialistas. Deve mostrar à criança que a apoia. Só assim, ela conseguirá crescer em harmonia e com auto-estima suficiente para experimentar a sensação de sucesso nas actividades que tem de desempenhar.

Se necessário, os pais de crianças com PHDA devem procurar grupos de auto-ajuda (ver em baixo os contactos de uma associação especializada para o efeito). Estar com outras pessoas que partilham as mesmas experiências pode ser bastante útil. Só assim, esta patologia pode ser melhor controlada.

Recomenda-se que os progenitores não sejam demasiado protectores. Deve-se ainda educar os irmãos, para que eles saibam lidar com as características da PHDA. Quanto mais cedo perceberem que o comportamento do irmão não é propositadamente irritante, mais depressa irão aceitar a diferença. É fundamental que se criem laços familiares saudáveis e que as crianças com PHDA sejam bem integradas.

Conselhos em concreto

- Elimine obstáculos ou delegue responsabilidades;

- Tente obter a ajuda do seu filho nas tarefas domésticas;

- Procure abrandar o seu ritmo de vida, não tendo um horário excessivo, nem se comprometendo com demasiadas responsabilidades;

- Encontre uma criança mais velha ou um explicador para ajudar a criança nas tarefas escolares;

- Não proporcione muitas actividades em simultâneo à criança pois as mesmas cansam-na e podem piorar o seu comportamento;

- Procure tempo de qualidade e de descanso para todos os membros da família. Organize momentos de lazer em conjunto;

- Procure o apoio do seu marido. A PHDA pode ser muito desgastante e é importante que as relações parentais não sejam problemáticas nem intensifiquem os comportamentos da criança;

- Estabeleça horários para as refeições, para o sono, para as tarefas escolares e para as brincadeiras;

- Se a criança tiver de realizar tarefas novas, deverá ensiná-las previamente e ensaiá-las com ela. Comece com a aprendizagem de actividades simples que sejam facilmente resolvidas pela criança.

Onde procurar ajuda?

Associação Portuguesa de Criança Hiperactiva
 
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