Região do Oeste e Vale do Tejo será auto-suficiente em energia dentro de duas décadas

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Região do Oeste e Vale do Tejo será auto-suficiente em energia dentro de duas décadas - PROT

Lourinhã, Lisboa, 08 MAI (Lusa)- A região do Oeste e Vale do Tejo pode produzir energia auto-suficiente dentro de 20 anos, apostando nas renováveis e em sistemas sustentáveis para inverter o actual cenário do consumo energético superior à média nacional.

"O Oeste é uma região que tem enormes potencialidades para se fazer o encontro da procura com a oferta e é de admitir que num horizonte de 20 anos possa chegar a valores muito próximos de um auto-abastecimento", disse à agência Lusa Eduardo Oliveira Fernandes, coordenador da área da energia no Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT) para o Oeste e Vale do Tejo (OVT), à margem de um seminário em Peniche sobre "dinâmicas municipais e a gestão da energia no quadro do PROT-OVT".

A estratégia do PROT para o sector da energia assenta na melhoria da eficiência energética e aproveitamento dos recursos existentes, tirando partido do potencial de produção na área das energias renováveis- que na região é de 12 por cento, muito próximos da média europeia - para contribuir para o reforço da competitividade económica e para o combate às alterações climáticas.

Dados do PROT, revelados no encontro, apontam para uma produção das eólicas dos actuais 660 Gigawatts(GW)/hora por ano para 2200 GW nos próximos dez anos.

A expansão do parque poderá ser alcançada em complementaridade com a energia produzida a partir do movimento das ondas, sendo que a zona entre Nazaré e Torres Vedras é a que possui maior potencial do país.

A aposta na fotovoltaica permitirá atingir 220 GW/hora por ano de electricidade, com a instalação de painéis solares com uma potência de 30 Megawatts (MG) em edifícios e de 120 MW em indústrias.

A estratégia assenta também na utilização de outros recursos como a biomassa florestal, os biocombustíveis, o biogás ou a água quente solar quer para a produção de electricidade (325 GW/hora) ou destinadas a outros fins, com o objectivo de contribuir para uma maior eficiência energética e para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera.

Segundo o PROT, a produção de electricidade a partir de fontes renováveis poderia passar dos actuais 26 por cento para 80 por cento e toda a energia considerada limpa e sem efeitos para a atmosfera de 12 para 40 por cento.

"Pode-se atingir um crescimento quatro vezes maior, mas tudo depende do que formos capazes de fazer" do lado da eficiência energética, admitiu Vítor Leal, da equipa do PROT e professor do Instituto Superior Técnico.

A aposta para os transportes passa também pela ferrovia e pela adopção de sistemas intermodais e mais sustentáveis.

É que o diagnóstico do PROT-OVT aponta para consumos actuais per capita superiores à média nacional sobretudo nos combustíveis rodoviários (12 para 7 por cento) e electricidade (14 para 12 por cento).

"Como não chega aos 10 por cento da população do país, quer dizer que a utilização per capita de energia é bastante superior à média do país", face aos gastos sobretudo nos transportes, nos edifícios e na indústria.

Os edifícios do Estado e a agricultura, que representam respectivamente quatro e 8 por cento do consumo de electricidade na região, os maiores aumentos (9,38 e 9,14 por cento) em 2003 e 2004.

Valores que o coordenador do PROT para a área da energia considera "inadmissíveis", salientando que os novos edifícios públicos despendem mais electricidade do que os antigos.

Os dados divulgados permitem concluir também que as regiões do Oeste e Vale do Tejo emitem em média para a atmosfera nove toneladas de CO2, mais três do que a média nacional.

"As nossas acções têm um impacto sobre o global", nas emissões de CO2e no consumo dos recursos, alertou Eduardo Oliveira Fernandes, que é também professor na Faculdade de Engenharia do Porto, chamando a atenção para a responsabilidade dos autarcas e agentes do Estado no que respeita à adopção de políticas energéticas mais eficazes.

Só na factura dos serviços de energia, Oeste e Vale do Tejo pagam 2,2 mil milhões por ano

Portugal precisa de 215 toneladas de petróleo por cada milhão de riqueza produzida, enquanto nesta região são necessárias 300 toneladas, pelo que "está mais exposta às evoluções dos preços dos combustíveis nos mercados internacionais", conclui Vítor Leal.

O PROT-OVT prevê um investimento de 56,6 milhões de euros para o sector das energias, prevendo no plano de execução a existência de três agências regionais de energia, que serão responsáveis pela implementação de planos de acção.

FYC
Lusa/Fim
 
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